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Rodrigo Sibut Vieira08/04/11, 08h45
Opinião, Polêmica e Conspiração

Jogador - Produto ou Serviço?

Após ter escrito o post O que você quer ser quando crescer?, vários foram os acontecimentos envolvendo a formação e a vida do jogador de futebol, trazendo a dúvida que é tema desse post.

A lei nº 12.395 que no dia 16/03/2011 Dilma Roussef sancionou trouxe várias alterações, aparando algumas arestas que ainda existiam desde a sua criação. Arestas estas que ainda privilegiavam o conjunto denominado "empresários de atletas".

Os principais pontos modificados são:
- o contrato de formação do atleta e a sua ligação com o clube formador;
- a questão do direito de arena - onde o atleta passa a receber 5% dos valores de transmissão negociados pelo clube;
- o direito de imagem, que é um direito do jogador e poderá ser negociado com quem ele bem entender;
- os clubes formadores passam a receber até 5% do valor das futuras negociações, mesmo que a transferência seja entre clubes do Brasil;
- Os jogadores de futebol estão proibidos de serem agenciados antes que completem 18 anos de idade.

Vantagens e Desvantagens do novo modelo:
- Antes, os clubes usavam o direito de imagem para completar o salário do atleta. Agora não mais;
- O Brasil atualmente não tem nenhum clube formador reconhecido e para que isso ocorra, o clube tem que receber uma certificação da CBF. Assim, devidamente certificado, ele passa a receber esse direito que a Lei proporciona, que é o recebimento de 5% do valor de uma transferência a nível nacional;
- Somente jogadores com idade igual ou acima a 18, quando se profissionalizam, poderão dispor da assessoria de empresários e aqueles com idade abaixo ficam sob a responsabilidade do clube, que conta ainda com vantagem de poder assinar o primeiro contrato profissional do atleta, com duração máxima de cinco anos.

E na prática? Peguem o caso ocorrido recentemente em um dos clubes da capital, o P.Clube e os netos de Pelé. Creio que veio ser o primeiro válido sob a lei modificada.

Bom, o atleta cresce, desenvolve o seu futebol, aprimora-se no que melhor sabe e gosta de fazer quando, de repente se depara com convites para jogar no exterior. Foi assim com vários atletas que passaram pelo Coritiba, como Alex, Rafinha, Adriano, Henrique e Keirrison, por exemplo.

O futebol que vinha sendo apresentado pelos atletas geralmente tem grande potencial e com o devido trabalho, a performance atinge o ápice, ou seja, o jogador "estoura". À medida que ele se aprimora, chama mais atenção. Atenção essa que começa a ser disputada por empresas para patrociná-lo. Eis que "surge" o mundo dos negócios e engole o jogador.

Para ilustrar o exemplo, Ronaldinho Gaúcho. Os dados abaixo foram retirados do site Futebol Finance.


COMO, QUANTO E QUEM PAGA O SALÁRIO DE RONALDINHO

- Ronaldinho irá ganhar um salário fixo de 5 milhões de Euros anuais (cerca de R$11,25 milhões).
- O salário do jogador será suportado em 80% pela agência Traffic Sports (4 milhões de Euros), sendo que 20% (1 milhão de Euros) será suportado pelo Flamengo.
- Em 2010 o Flamengo através do patrocínio das marcas Batavo e Banco BMG gerou cerca de 12,5 milhões de Euros (R$ 28 milhões).
- Em 2011 e com a chegada de Ronaldinho, existe a expectativa que a renegociação dos contratos de patrocínios alcancem no total os 25 milhões de Euros (R$ 56 milhões).
- No contrato ficou estipulado que toda a receita de publicidade ainda por negociar com as empresas patrocinadoras acima dos 12,5 milhões de Euros (R$ 28 milhões) , será repartida pelo jogador, clube e Traffic Sports.
- Nesta partilha o jogador receberá 50%, a Traffic Sports 40% e o Flamengo terá direito a 10%.

Todo jogador que se destaca de alguma maneira, faz valer o investimento feito pelo patrocinadores e pelo clube pelo qual veste a camisa, o que resulta em receber salário diferenciado. Basta ver o quanto um jogador como Ronaldinho Gaúcho movimentou com a sua vinda.

Ele vale pelo que joga, pela imagem que representa ou por ser simplesmente, Ronaldinho Gaúcho?

Essa linha de raciocínio derruba praticamente todos os questionamentos e preconceitos em torno dos salários e do tempo pelo qual os jogadores dispõe de atividade plena dentro de sua profissão.

Espero que o nosso futebol de base, vencedor dentro das principais categorias atualmente, esteja a contento e produzindo jogadores para o nosso time profissional.

Todos têm a ganhar, principalmente o clube.

Grande abraço.

Twitter - @CXnOpiniao.

Rodrigo Sibut Vieira

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