Opinião, Polêmica e Conspiração
Muitos viram que o Coritiba, há pouco mais de um ano, iniciava uma trajetória de reconstrução. Diretoria, comissão técnica, jogadores e torcida, todos sem exceção muito abalados emocionalmente.
O Coritiba necessitava, numa comparação entre a emoção e a razão, elevar a razão para que assim pudesse, de forma fria e calculista, enxergar a dimensão do problema em que se encontrava, para aí sair em busca de soluções.
Soluções essas que apareceram através de um profissional, dono de um currículo invejável e que teve o apoio e a crença de pessoas sérias e comprometidas, com visão agressiva e focados nos objetivos.
Pois bem. Isso seria apenas mais um caso de sucesso de implementação e execução de um projeto, não fossem pelas respostas de caráter extremamente positivo. Vários resultados foram colhidos de forma antecipada, a começar pelo título da série B de 2010 que aconteceu de forma antecipada, ainda sob o comando de Ney Franco. Na sua substituição, Marcelo Oliveira assume o Coritiba ainda sob olhos desconfiados, oriundos de sua última passagem que foi pelo atual mais do que rebaixado, P.Clube.
Eu mesmo fui um dos tantos torcedores que não acreditaram, inicialmente, no estilo empregado por Marcelo Oliveira ao treinar. Pois a resposta foi dada em campo. O Coritiba em 2011 conquistou de forma invicta o título estadual, é o atual dono do maior número de uma sequência de vitórias e a meta recentemente conquistada foi jogar a final da Copa do Brasil.
Essa sequência de resultados que o Coritiba atingiu, acredito que nenhum outro time no Brasil tenha tido da mesma forma, ainda no primeiro semestre.
Quase ninguém acreditou que o Coritiba sairia de uma condição de descrédito e se encontraria na condição atual de vencedor que é. Uma verdadeira missão quase impossível e que se tornou possível, principalmente pela seriedade empregada.
A torcida alviverde respondeu à altura, bem como a mídia local e nacional. A nova marca é ter ultrapassado o limite de 30.000 sócios. Trinta mil!!! Enquanto isso, a torcida rival bem como os seus times eram colocados em segundo e até terceiro plano, por conta da performance no campeonato brasileiro.
E na última partida pela Copa do Brasil, um fato muito interessante aconteceu. As torcidas de outros times no Brasil presenciaram em suas TVs a partida final do torneio e vários eram os torcedores simpatizantes do Coritiba e do Vasco. Dentre eles, muitos torcedores de P.Clube e A.Paranaense.
Como não poderia ser diferente, ao trilar o apito para encerrar a partida, iniciavam-se cumprimentos e chacotas. O envio de mensagens para celulares, telefonemas, envios de email e como bom brasileiros que somos, criavam-se as piadas.
Por falar em piadas, algumas das mais divulgadas foram:
"O Coritiba é como o Bin Laden. Assusta todo mundo e morre em casa."
"O Coxa é igual ao Michael Jackson – Prometeu um grande show, vendeu todos os ingressos e morreu em casa!"
"Sabem a última do português? Ganhou a Copa do Brasil!"
"O xororô começou a meia noite e até agora continua caindo agua em Curitiba."
Tudo, logo no momento seguinte, é motivo para uma piada e para o futebol não é diferente. O torcedor faz graça, conta piada, tira sarro. Faz parte do contexto.
Aliás uma piada, que me foi enviada pelo meu amigo Julio, retratou bem a realidade do momento seguinte: "Ontem só não teve mais foguete, porque que os que atleticanos e paranistas tinham guardado já estava com a pólvora vencida, já que não tem o que comemorar há muito tempo..."
O paradoxo está presente. Todos os torcedores compartilharam de uma mesma emoção: a alegria.
A alegria que os rivais tiveram ao ver o insucesso do time alviverde, motivo pelo qual ficamos a ler e ouvir chachotas, foi a mesma do torcedor alviverde em acompanhar o Coritiba, na disputa pelo título do torneio.
Aliás, voltemos nossas lembranças para o primeiro semestre de 2011 e para o desempenho do Coritiba.
Conquistamos, novamente, o título estadual na casa daquele que ainda é considerado por alguns, o nosso maior rival. Para mim, já é freguês. Passamos por cima de times de expressão a nível nacional, como por exemplo, o Palmeiras. Uma goleada de 6x0 acachapante. E perdemos apenas duas partidas na Copa do Brasil.
Está aí nossa alegria. Inigualável, Impressionante, Ímpar.
Vale lembrar que o torcedor é passional e se deixa levar, até o momento em que se depara com a realidade.
E a realidade machuca aquele que não está preparado.
Aí, a piada perde a graça, bem como o futebol.
"O número dos que nos invejam confirma as nossas capacidades."
Oscar Wilde
SAV
Rodrigo
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