Opinião, Polêmica e Conspiração
Quando Fritjof Capra escreveu Ponto de Mutação, a ideia central era mostrar uma busca do ser humano pela equação da vida e do seu progresso, equilibrado e sustentado.
O livro fala sobre três personagens que passam por momentos problemáticos em suas vidas: um político, um poeta e uma cientista.
Dentre várias resenhas, uma me chamou a atenção e vou tentar estabelecer uma analogia com o torcedor do Coritiba, de ontem e hoje.
"Ao se prenderem ao seu mundo próximo e com limites claros e estruturados, dentro das muralhas do conhecido, eles tendem a aplicar de certa maneira o cinismo que apregoam como básico: a convivência com pessoas menos inteligentes ou que podem ser conduzidas, seja na política, na ciência ou na vida, como turistas sem conhecimento ao encontrarem o novo."
Essa primeira análise traduz o momento que passamos envolvidos com um mesmo sentimento pelo Coritiba. De uma época para cá até o final do estadual desse ano, demos maior atenção, maior ênfase para um material que, mesmo não parecendo, nos conduzia a uma determinada ação.
E isso pode parecer o óbvio. Passamos a semana toda lendo matérias, ouvindo e vendo reportagens sobre o nosso Glorioso Verdão, na esperança e expectativa de poder ler algo positivo e que reflita mais o copo cheio, menos o copo vazio, observando que o copo está completo com água pela metade. O resultado disso todos sabemos: o sentimento de indignação.
É ele que nos acompanha, principalmente em dias de jogos quando todos ligamos os radinhos, nas mais variadas frequências em AM e FM e ouvimos que o time precisa melhorar, que o Coritiba não tem ainda um conjunto, um sistema tático, que determinado atleta não tem se apresentado bem nas últimas partidas, que esse ou aquele jogador precisa de uma "sombra" que o obrigue a se apresentar melhor etc.
O produto desta indignação é a vaia e o xingamento, principalmente em lances casuais que acabam por se tornar costumeiros sob o ponto de vista do torcedor. Exemplos dos mais variados são o gol que o Vanderlei tomou na final do estadual 2013, ou ainda um passe errado do Junior Urso.
Não estou eximindo da responsabilidade, o time do Coritiba, afinal cada um contribui com sua parcela.
"O que não vemos, o que não entendemos, necessariamente não pode ser abominado, relegado, sob pena de nossa cegueira estar baseada somente na miopia da falta de abertura para o novo. (...) Somos todos uma parte da teia imensurável e inseparável das relações, é nossa responsabilidade perceber as possibilidades do amanhã, pois antes de tudo somos os únicos responsáveis por nossas descobertas, nossas palavras, nossas ações e os reflexos das mesmas no universo em que estamos inseridos."
São muitas as situações fora do controle do torcedor, o que faz com que os grupos se unam de acordo com seus pensamentos e ideias. Isso demonstra que todos somos torcedores do Coritiba, porém pertencentes a várias outras correntes.
O nascimento de uma iniciativa, talvez até de um novo conceito, causa pânico em todos os grupos e até que a mudança se aplique efetivamente (pontos verdes no gráfico) os movimentos favoráveis e contrários se desgastam.
As discussões sobre o que melhor se aplica ao Coritiba surgem, numa aparente naturalidade e se desenvolvem. Muitos ouvem e não retrucam, outros retrucam chegando a ofender o torcedor do mesmo time pela discordância de opinião. O movimento é natural, porém não pode ser aceitável quando certos limites são ultrapassados, sendo a educação e o respeito alguns deles.
"Devemos entender e abrir nosso horizonte, para modelos sistêmicos, escapando do conforto dos processos, onde temos o controle, mas muitas vezes não a compreensão. Cabe dentro deste preceito teorizar sobre os sistemas vivos, onde temos o exemplo do homem que mirava uma árvore, mais do que caule, raízes, galhos e folhas, descobria vida, insetos, oxigênio, nutrientes, alimento, sombra, proteção, energia, uma síntese de integração."
Quando o Alex comentou na imprensa que o time encontrava-se numa situação mentalmente fraca, ali ficava evidente que o apoio que vinha do clube ainda não era o suficiente por completo. Mais adiante, durante a semana em reunião com vários torcedores, ele voltou a frisar que o apoio da torcida é de fundamental importância, inclusive porque o Couto favorece pela sua acústica. Ou seja, a interação percebida na citação entre os sistemas vivos é praticamente a mesma entre clube, time e torcida.
Baseado nisso, a exemplo de 2007 quando tivemos a Torcida que Nunca Abandona, o apoio incondicional ressurgiu em nova forma, conhecida por Revolução Verde: 1985-2013.
"O pensamento voltado aos processos e não às estruturas nos dá a ferramenta essencial para poder entender o princípio, os porquês e o caminho possível para esta evolução, conseguindo assim delinear a tênue e interlaçada margem entre o pensamento clássico cartesiano e o sistêmico totalmente integrativo, plotando o objetivo mestre das sociedades modernas, das mentes que buscam a perpetuidade no futuro: o desenvolvimento sustentável, a busca do equilíbrio."
A diferença dos modelos anteriores para o modelo atual está na aplicação e dedicação inicial, principalmente por parte daqueles que já a algum tempo vem fazendo a diferença, mesmo que de maneira discreta.
Meu exemplo vai para o AdrianoFX e seus vídeos. Ele é um dos que busca incessantemente o equilíbrio com desenvolvimento sustentável, resultando portanto na perpetuação do apoio incondicional.
Fácil não é e não será, face a tudo o que todos nós já passamos como torcedores e bem sabemos, cada um dentro da sua realidade, o impacto que isso causou em nossas vidas. Estamos tendo a oportunidade de mudar, de trazer o novo, de ser e fazer história no Coritiba. Para alguns será mais um ano. Para outros, será O ano.
Independente disso, que 2013 seja pelo e para o Coritiba. Que possamos dentro de nossas possibilidades ser, fazer, construir, mudar o Coritiba para que no futuro possamos olhar para trás e dizer: eu fiz a REVOLUÇÃO VERDE acontecer.
Porque sou COXABRANCA de coração, eu sou do time que vem ser o CAMPEÃO!
SAV
RODRIGO
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