Opinião, Polêmica e Conspiração
Sou nascido em São Paulo e morador de Curitiba desde o final de 1976 e nessa época o Coritiba já era hegemônico.
O time era uma máquina de colecionar títulos. Foi a década de ouro para o alviverde do Alto da Glória. Me lembro como se fosse hoje quando o Coritiba decidiu o título de 1979 contra o Colorado, obviamente conquistou mais um título e meu tio trouxe um pedaço da rede do gol para casa.
Fiz algumas amizades por conta do Coritiba, amizades que jamais serão esquecidas e quem me conhece, sabe bem quem são.
Adotei o Coritiba como time de coração, depois que meu pai me levou para assistir um jogo do Coritiba, ainda em 1978. Entrei no Couto Pereira e me impressionei com o monumental. E assim, adotei o Paraná como estado.
Pois bem, quando vi o presidente Vilson Ribeiro de Andrade levantar a bandeira do movimento "Amo minha terra, Torço pelo meu estado", observei que ali materializava-se um trabalho que visava resgatar o sentimento de pertencimento ao estado do Paraná.
Sentimento esse, entendo que deveria ser intrínseco, mas só aparece principalmente por conta do futebol, mais pelos torcedores dos times da capital do que no restante do estado.
Confesso que esperava uma atitude, por parte dos outros clubes do estado, mais agressiva, mas ao ler que o Cianorte vai abandonar a participação da série D, frustra.
Os clubes de futebol deveriam prestigiar o espaço a que pertencem, as empresas que do estado fazem parte e que podem ser seus patrocinadores, enfim tudo para que possa ser estabelecida uma relação com o estado do Paraná.
Fica claro que não é só o Coritiba que prestigia. O Londrina é prova disso com o patrocínio do restaurante Madero, de Junior Durski.
O que foi feito até agora e que notei pela repercussão, foi o Coritiba estabelecer parcerias com os hotéis Bourbon, com a Limagrain, agora com a Jacquet do torcedor coxabranca Ricardo Guerra, com a construtora do conselheiro Joel Malucelli, a JMalucelli e com a LA Sports, do também torcedor alviverde, Luiz Alberto. Não posso esquecer também da IRA Motoparts tampouco da PRO-TORK, ambas paranaenses.
E só.
Logo, se você não gosta de ouvir que mora no quintal de São Paulo, ou ainda que o estado do Paraná é a 5ª Comarca de São Paulo, poderia começar a abandonar certos costumes, como por exemplo, encher a caixa de emails da RPC pedindo para que passem jogos dos times do eixo RJ-SP. Essa é uma atitude que vai contra vários pensamentos e porque não dizer, contra a iniciativa "Amo minha terra, Torço pelo meu estado".
É preciso entender que mesmo morando próximo de São Paulo ou de Santa Catarina, temos muitas coisas de valor aqui no estado. Só para se tomar como exemplo, eu enxergo essa valorização nos gaúchos. Existem torcedores de times do eixo RJ-SP lá? Sim. O detalhe é que eles são minoria, diferentemente daqui do Paraná.
Vejam, temos uma federação que regulamenta o futebol, tanto profissional como o amador, o futebol de salão e as ligas amadoras no estado. Temos também uma comissão que cuida do quadro de arbitragem do estado. Para completar temos também uma imprensa esportiva própria.
O problema, aparentemente, está em não haver união entre todas essas partes.
Reclamar que a FPF tem uma representação nula ou pífia perante a CBF, reclamar que os nossos árbitros são de inferior qualidade, reclamar da falta de incentivo e que os campeonatos são deficitários, é fácil.
Onde estão as atitudes de todos os supra citados?
Por falar em atitude, de que adianta ler a falsa afirmação do presidente rubronegro, ao expôr que não entraria com o time sub-misso se a FPF insistisse em escolher por um árbitro do estado, ocasionando assim a conquista do título pelo Coritiba por W.O., numa demonstração de uma grande falta de consideração para com todos os envolvidos?
De que adianta ler do presidente da comissão de arbitragem a ironia em retrucar e pedir para que o presidente rubronegro solicite o Héber Roberto Lopes, atualmente pertencente ao quadro catarinense, ou seja, um árbitro de fora?
De nada adianta.
É preciso buscar entender o porque a votação para o presidente da FPF envolve os clubes profissionais, clubes amadores, ligas amadoras de todo o estado, considerando um voto para cada um e de mesmo peso.
É preciso buscar entender que no caso da arbitragem, enquanto a tivermos de forma amadora, sempre as desculpas recairão sobre ela. Sempre.
Por fim, é preciso buscar entender que, quanto maior for a atenção despendida, principalmente com o futebol de fora do estado, menores serão as chances de se ter um Paraná com representatividade, com times competitivos, enfim respeitado no cenário nacional.
Torço pelo Coritiba.
Torço pelo meu estado.
SAV
RODRIGO
PS.: Agradeço ao Leonardo Mendes Jr pelas informações passadas sobre o processo eleitoral da FPF.
editado às 17:15
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