Opinião, Polêmica e Conspiração
Amigo torcedor,
Vemos há muito tempo acontecerem casos de pessoas próximas que enxergaram uma oportunidade para se dar bem na vida, de modo fácil e mesmo depois de vários conselhos, seguem adiante...
Nosso "sistema" permite que tenhamos ofertas e caminhos de vida mais fáceis e nos cabe escolher seguir ou não.
Para um jogador de futebol dos moldes atuais, a vida é muito fácil, porque o dinheiro que corre está muito acima das expectativas que ele próprio tinha em seus sonhos, quando criança, em poder ajudar sua família. Junto do dinheiro está a fama. E a fama, cobra caro e é nesse momento que se constata se o atleta tem ou não preparo para lidar com sua vida, agora com fama e riqueza.
Mas porque isso acontece?
Casos como os divulgados de Maradona, Casagrande, Reinaldo, Dinei e Jobson, mostram a campanha da vida fácil: a ilusão de pensar que tudo pode. Isso me faz pensar nos jogadores quando ainda fazem parte do departamento de base.
A tutoria bem como o acompanhamento deve ser séria, a fim de preservar o atleta. E os exemplos comportamentais de jogadores como Alex, hoje na Turquia por incrível que pareça, passam desapercebidos.
E isso não deveria ser assim...
Fica claro que o futebol atual, quer dizer, no período pós lei Pelé criou um senso de "libertação" aos jogadores, pois o que se via antigamente, fazendo uma analogia, era que os jogadores eram tratados como "escravos" do time e só eram negociados quando o "sinhozinho", quer dizer, o presidente queria.
Essa "libertação" teve seu preço e hoje o mercado futebolístico além de inflacionado é composto por "corretores", como uma bolsa de valores, onde as especulações são mais observadas do que o desempenho do atleta em si.
Por outro lado, o mercado também é regido pela antiga, porém respeitada lei de oferta e procura. E ela começa lá nas peneiras dos meninos que sonham em jogar no seu clube de coração, o clube que ele torce.
Geralmente os responsáveis pelas peneiras reconhecem um bom jogador pela sua desenvoltura em campo em pouco tempo. E seguindo a linha, existe também a possibilidade daqueles que fazem a peneira pensando em comprar os direitos econômicos do futuro atleta,
A vida desse "corretor" começa também a se tornar fácil, já que passam pela mão dele os resultados de todos os testes ou peneiras. E novamente, o falso sentimento de poder, causado pelo dinheiro vem à tona.
Quando há transgressão, "ninguém" sabe quem é o corretor, mas todos especulam em torno do atleta.
E o torcedor fica como nisso tudo? Bom, ele crê naquilo que vê, lê e ouve piamente e a grande massa torcedora se importa realmente é com o desempenho do time, quer dizer, se está ganhando ou perdendo e qual a posição do seu time de coração, na tabela.
Assim pode medir-se também a satisfação do torcedor, pois o processo como um todo é uma bola de neve. À medida que o desempenho melhora em campo, maior também é a torcida presente no estádio. Derivando, podemos ter também um maior número de sócios, o que elevaria a receita do clube.
O torcedor encara o futebol como um bom e grande motivo para reunir-se com amigos, encontrar "a galera", nos termos atuais. Mas o real motivo de ser um torcedor de um time de futebol está sumindo. Isso se deve a uma série de pequenas coisas, como o fraco desempenho de seu time sem uma explicação convincente, ou ainda com os erros frequentes das arbitragens que nos fazem pensar que os resultados são tendenciosos, por exemplo.
Outro exemplo é a rivalidade. Ela deve ser e permanecer sadia, quer dizer, somente dentro de campo, pois ela é um dos principais componentes que motiva os clubes envolvidos a se aprimorarem e saírem vitoriosos, pricipalmente quando participam dos clássicos. É assim na NBA, liga de basquete profissional nos Estados Unidos. Infelizmente quando falamos de futebol no Brasil, essa rivalidade estende-se extra-campo e sendo utilizada com outros fins.
Ser um torcedor atualmente sob o ponto de vista de grande parte dos clubes, é ser sócio ou ser assinante de Pay-per-view ou ainda, ambos. Quanto custa isso? Em ambos os casos, o clube tem a sua recompensa, seja pela parte associada, com as mensalidade, seja pela tv paga, com cotas que são distribuídas. Mas pela ótica do torcedor, o que era para ser um momento de lazer entre amigos e familiares, pode vir ser encarado como uma obrigação. Será que temos todos condições para isso? Será que os clubes realmente avaliam como ponto integrante de seu faturamento a quantidade de sócios adimplentes e a quantidade de compradores de pacotes Pay-per-view? Ou essa situação aparentemente forçada para o torcedor, seria uma imposição de terceiros? Nesse sentido, então qual seria a fórmula para atrair mais sócios e trazer os assinantes da tv paga para o estádio?
No final das contas, o torcedor que gosta de assistir aos jogos, deixa de frequentar o estádio com a assiduidade que tinha de costume, porque aquilo que era o seu momento, senão o único lazer, não cabe mais no seu bolso.
O que era fácil e ilusório, torna-se difícil. O que era alegria, transforma-se em realidade. Será que teremos estádio lotado novamente?
Concluindo, tudo que é fácil numa primeira impressão, pode trazer "dor de cabeça" posteriormente. Nada pode fugir ao trabalho, este que deve ser sério, íntegro, transparente, confiante, responsável e comprometido.
A ética, conjunto de normas e princípios que governam a boa conduta do ser humano, deve reger este trabalho. Quanto mais se trabalha sob tais moldes, maiores são as conquistas e isso vale para todos os envolvidos da parte esportiva (clubes, dirigentes, técnicos, jogadores, árbitros, federações), mídia e imprensa (tv, jornal, rádio, blogs, portais, canais de internet) e financeira (bancos e empresários).
Posso estar sonhando, como torcedor, em querer ver o futebol como era antigamente. Mas como torcedor, não desisto nunca.
Quem sabe um dia...
Abs
Rodrigo
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