Por trás da Notícia
Passado o Paranaense e a correria do fim de semana para tentar, no Judiciário, mostrar a ilegalidade do regulamento (e não "mero excesso de vantagens" como alguns meios de comunicação chegaram a banalizar e alguns amargurados torcedores do rival vieram me azucrinar), presto contas à torcida sobre o que foi feito para tentar dar um pouco de moralidade a esse campeonato ridículo.
O advogado José Ricardo Fiedler Filho, um dedicado profissional e Coxa-Branca de quatro costados, iniciou uma mobilização para que fosse questionado o regulamento, com uma série de fundamentos sólidos e juridicamente plausíveis, apesar da chiadeira que veio dos lados da Baixada. Eu contribuí de alguma forma reunindo elementos e mobilizando pessoas, como a própria Império, que comprou a "briga".
O pedido de liminar foi feito na sexta-feira, mas o juiz de primeiro grau, mostrando muito mau humor e má vontade, decidiu que não era cabível porque "não teria sido esgotada a esfera desportiva". Ou seja, a justiça desportiva não teria falado sobre o que se questionava na medida, que era a ilegalidade e afronta ao princípio da competitividade, do Direito Desportivo.
Demonstrado que a esfera desportiva havia sido sim esgotada, foi proposto recurso ao plantão de segundo grau, e o magistrado de segunda instância também "lavou as mãos", negando a liminar com "fundamento" na falta de urgência do pedido liminar, já que "o efeito - entrega do título em caso de empate entre as duas equipes - poderia ser revertido no curso da ação".
Bom, com o devido respeito, eu vejo que haveria sim urgência, mas temos de acatar a decisão judicial. Achei curioso muitos dos amargurados torcedores "deles" - talvez ainda revoltados com a queda de quatro em casa - virem reclamar da "falta de fundamento" da ação, apesar de nenhum dos juízes ter chegado a arranhar os referidos fundamentos. Apenas atacaram questões formais, mostrando que não queriam mexer na questão. Por que só os torcedores "deles" podem procurar a justiça comum? Afinal, um advogado atleticano o fez antes mesmo de esgotada a esfera desportiva, para tentar o "supermando", contrariando o artigo 217, parágrafo primeiro, da Constituição Federal, a lei maior que rege o direito brasileiro.
É claro que, mesmo com a liminar, o Coxa não se beneficiaria, pois sequer venceu em casa o Nacional, mostrando fragilidade no setor ofensivo, com a ausência de Marcelinho. A questão não é essa.
A Gazeta do Povo publicou uma matéria vaga, cheia de imprecisões, e dizendo que eu e o Ricardo não quisemos no pronunciar, o que não é verdade. Conversei com o Angelo Binder, repórter que redigiu a matéria, expliquei a situação, dizendo que daríamos mais detalhes depois de proposta a ação (ele publicou que a ação já tinha sido protocolada quando ainda estava sendo desenvolvida) e ainda assim ele manteve no ar uma notícia que parecia um queijo suíço, de tantos buracos.
Já o Leonardo Mendes Júnior, editor de esportes da Gazeta e, surpreendentemente - pasmem -, Coxa-Branca, criticou a ação, sem sequer ter visto os fundamentos ou procurado informações sobre ela. Eu respeito a opinião dele, porque sei que ali ele não tem obrigação de consultar ninguém, pois é um blog, mas é triste saber que muita gente se pauta pelo que lá se escreve.
Enfim, com ação ou sem ação, o Coxa não fez a sua parte e perdeu o campeonato paranaense mais bizarro da história, motivo de chacota pelo Brasil e pelo mundo afora. Dia desses, no SporTV, num dos programas de debate, os jornalistas criticavam um regulamento ridículo em certo campeonato - não me lembro qual - pelo mundo. O comentário de um deles foi: "esse regulamento só pode ter sido feito pelo pessoal do Paraná".
Dessa forma, com direito a queda de quatro em casa para o maior rival e amparo por um regulamento totalmente ilegal, anticompetitivo, antidesportivo e risível - motivo de pilhérias no mundo do futebol - o A. Paranaense levou para a Baixada o título mais vergonhoso da história do futebol paranaense. Parabéns a eles, à FPF, ao Amilton Stival, ao Hélio Cury, ao Paulo Schmidt e aos auditores do Pleno do STJD. Que comemorem bastante e esqueçam a fragilidade do time deles. Quem sabe esse ano eles caem de vez no Brasileirão.
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