Por trás da Notícia
Ao fim do decepcionante primeiro turno, apesar de os números mostrarem o Coritiba com o ataque mais positivo e maior saldo de gols - aqui empatado com o time da segunda divisão, que teve a defesa menos vazada - boa parte da torcida começou a "caça às bruxas" para identificar quem seria(m) o(s) culpado(s) pelo resultado almejado não ter sido alcançado.
Li opiniões das mais variadas. Críticas ao treinador, ao elenco, à diretoria de futebol, à presidência do clube, mas o que mais vi foram as críticas ao "desmanche" do time, sem reposição adequada, cuja culpa recairia nos dois últimos citados.
Quanto às saídas de atletas, considero que a diretoria não errou em uma sequer, foram todas providenciais. Ficaram os mais importantes e saíram aqueles que ou deixaram de produzir, ou seriam prescindíveis. Analisemos:
Dos que ficaram, destacam-se os principais jogadores do time, casos de Vanderlei, Emerson e Rafinha.
Dos que saíram, pelo menos Jeci e Leonardo (em se confirmando o empréstimo pro time chinês) são totalmente prescindíveis. Já os demais não vinham sendo tão úteis e saíram na hora certa, enquanto ainda podiam render algum dinheiro ao clube, casos de Leo Gago, Marcos Aurélio, Davi e até mesmo Bill (que só queria saber da noite curitibana no segundo semestre) e Leandro Donizete (que teve problemas de lesão e em 2011 jogou até menos vezes que o atual titular, Willian).
Se renderam um bom dinheiro para o Coritiba, adeus e boa sorte a eles.
Agora o que faltou foi reposição à altura.
Enquanto a esperança no início do ano era de que Lincoln pudesse substituir Marcos Aurélio, o que se viu é que as características deles são completamente diversas. Na minha opinião esse é mais carregador de bola, agudo, um segundo atacante mesmo, enquanto aquele é um armador que segura mais o jogo.
Para o lugar de Donizete o jovem Willian sempre deu conta do recado, mas Júnior Urso, que deveria substituir Leo Gago, também não tem a mesma característica do agora gremista. Urso é um "quebrador de bola", daqueles que tenta desarmar do jeito que dá e quando tem a bola nos pés não sabe o que fazer com ela, errando muitos passes. Gago, que fazia um papel de segundo volante, quando estava em um bom dia auxiliava a transição entre a defesa e o meio e dava belos lançamentos.
Marcel nem de longe tem conseguido substituir o Bill do primeiro semestre. Tem jogado quase a mesma coisa que este no fim de 2011, porém sem a mesma correria (que naquela ocasião foi inócua). Leonardo também não seria o cara para o comando de ataque, pois não joga desde 2010, alternando lesões e más atuações de lá para cá.
Renan Oliveira começou bem, mas depois se mostrou ainda mais irregular que o negociado Davi, começando a perder espaço até mesmo para o esquecido Everton Ribeiro.
Pereira - que apesar de não ter sido contratado é o atual titular - é ainda mais lento que Jeci, mas no Paranaense tem conseguido segurar a onda. Gosto muito do atleta, mas receio que talvez não consiga segurar bons ataques no Brasileiro.
O presidente Vilson Ribeiro de Andrade chegou a falar que é necessário um tempo de adaptação, que o planejamento segue o mesmo e que estão satisfeitos com o time. Mas espera lá, tempo de adaptação? Se perderam o turno para um time montado às pressas no começo deste ano, contando com diversos jogadores improvisados? Então eles se adaptam mais rápido?
Diante deste quadro, o que fica evidente é que o Coritiba precisa não apenas repor adequadamente as saídas que não foram apropriadamente cobertas pelas contratações, mas ainda aprimorar os setores que já vinham falhos desde 2011. Desde o ano passado as laterais vêm sendo uma lástima, falta um centroavante de qualidade e um articulador no meio-campo para balancear a correria dos meia-atacantes (seria Lincoln esse homem, faltando apenas a reposição do segundo atacante Marcos Aurélio?).
No estadual o Coxa é, de longe, o elenco mais caro e perdeu o primeiro turno para o tal time que, além de ter passado por um desmanche maior que o nosso, contratou metade do que o Coritiba contratou. No Brasileiro, Copa do Brasil e Sulamericana os adversários terão muito mais poder de investimento, portanto é bom que o dinheiro das vendas e empréstimos de todos os atletas que saíram (nem mencionei os vários emprestados da base) seja usado para reforçar a equipe. Ou que se torça para que a sorte ajude bastante.
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