Por trás da Notícia
No recente post de reestreia deste blog tracei um comparativo entre as recém-lançadas camisas dos mais novos patrocinados pela Nike, no qual concluí que Coxa e Bahia receberam menos cuidado da empresa (tanto que as camisas são menos caras que as de Santos e Internacional - R$ 179 contra R$ 189 na versão de torcedor).
Foi bem enriquecedor ler o debate que se seguiu nos comentários. Vários torcedores consideraram meu ponto de vista equivocado ou exagerado, pois para eles não podemos comparar Coxa e Bahia a Inter e Santos, pois estes dois últimos disputam títulos mundiais, e nós teríamos que simplesmente agradecer à Nike por ter-nos "escolhido".
Essa ideia me fez pensar bastante, mas não consegui concordar, pois para mim o Coritiba tem que exigir respeito das empresas com que se relaciona. Ademais, se a Nike está realmente nos vendo de uma forma diferente, nada mais justo que mostrarmos para o torcedor. Dessa forma, o post teve razão de ser, seja qual tenha sido a opinião do leitor.
Enfim, explicado isso, o foco agora é opinar sobre os modelos lançados para o Coxa. Creio que houve mais torcedores aprovando do que desaprovando. Apesar de respeitar as opiniões de quem gostou, não consegui me dar por satisfeito com as novas camisas, e para explicar isso, é preciso que fazer uma diferenciação: existem (pelo menos) quatro modelos dessas novas camisas do Coritiba, então é preciso analisar uma a uma:
a) A camisa 1 de torcedor foi a que me pareceu a mais bonita. Foi ela a enviada para alguns torcedores que auxiliaram a Nike na formação do conceito utilizado. O escudo é de tecido, bordado sobre as duas listras horizontais, e o único patrocínio é o da IRA, nas mangas (dispensável, diga-se).
Apesar disso, as listras ficaram num verde muito claro, posicionadas quase na barriga e sem continuidade nas costas. Achei o design pobre e senti falta tanto de mais detalhes em verde quanto outros personalizados (como uma inscrição "alma guerreira", por exemplo).
b) A camisa 1 de jogo, por sua vez, é um desastre. O escudo e a estrela acima dele são pintados sobre o tecido e de uma forma um tanto descuidada. A camisa da Seleção Brasileira vem sendo comercializada igualmente em versão de torcedor (escudo e swoosh bordados e mais larga) e de jogador (escudo e swoosh aplicados sobre o tecido e mais justa), porém a diferença de qualidade do material utilizado no escudo do Coxa e no da CBF é notável.
Isso, somado aos fatores apontados na versão de torcedor e à poluição visual promovida pelo BMG laranja - em tamanho para outdoors -, além dos símbolos LG, da Limagrain Guerra, que no lado esquerdo fica "acavalado" com o swoosh, acabaram com a camisa. No corpo de um jogador que a usar por dentro do calção fica clara a falta de harmonia entre todos os elementos, o que se acentua quando se trata de um atleta de menor estatura, como o Rafinha, por exemplo.
c) A camisa 3 de torcedor ficou muito bonita para uso casual (lembra o conceito das "baladeiras" que foram lançadas uma época por um fornecedor não-oficial), com o escudo no padrão monocromático, contendo apenas os contornos da marca (uma tendência que a Nike tem lançado mundialmente para os clubes que patrocina, conforme visto aqui).
d) A camisa 3 de jogo, porém, ficou parecendo uma "versão BMG" do uniforme dos All Blacks, a Seleção de Rúgbi da Nova Zelândia. Da forma como foi concebida ela tem mais cara de camisa casual, por isso quando se colocam os patrocínios (inclusive o laranjão da BMG, que no mínimo deveria ter ficado em branco) e se manda o time pra campo com ela, fica uma impressão estranha.
Em resumo, considero que o resultado apresentado frustrou minhas expectativas. O que não entendo é como existem tantos modelos de camisas criados por torcedores que são lindos, harmoniosos (este aqui, por exemplo, já ficaria melhor do que a camisa 1 lançada), mas uma marca gigante, com um monte de designers pagos pra isso, não consegue criar algo assim.
Ficou a impressão de que foi tudo feito muito às pressas e que o clube praticamente só teve que engolir o que veio pronto. Talvez a ideia de que "é porque é da Nike" tenha deixado os profissionais, diretores e conselheiros coritibanos deslumbrados e intimidados, algo que vi também nos comentários de diversos torcedores.
Na minha visão, a Nike não tem salvo-conduto para fazer o que quer e nem eu tenho obrigação de gostar do que quer que ela faça "só porque é da Nike". Espero muito mais dessa parceria, a começar pela camisa 2, que aguardo com expectativa, assim como a nova loja oficial.
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