Por trás da Notícia
Lendo notícias sobre contratos milionários de publicidade e fornecimento de material esportivo fechados por São Paulo, Flamengo, Corinthians e outros, lembrei-me de uma conversa com meu pai, em que eu comentava que o Coritiba tinha fixado o objetivo de aumentar a arrecadação, visando tentar se aproximar dos clubes do eixo.
Com um certo pesar na voz, ele, gaúcho e torcedor do Internacional, comentou: "o problema disso é que no fim das contas vai tudo (todo o dinheiro) pro bolso dos boleiros".
Verdade. Já abordei a questão deste "círculo vicioso econômico" do mercado do futebol em uma coluna escrita em 2008 e concluo que se trata de uma tendência global, e em todos os esportes. Portanto, não a vejo mudando, seja a que prazo for.
A diferença é que, enquanto lá fora os clubes são tão ou mais ricos que seus jogadores, os daqui têm dívidas enormes, e mesmo os de maior poder econômico não chegam sequer perto de se equipararem a seus jogadores, em termos proporcionais.
Exemplos deste triste paradoxo não faltam: o Vasco não paga nem conta de água, deve inclusive pro Coritiba, e paga salários astronômicos; a Unimed, patrocinadora/dona do Fluminense, pediu empréstimo para pagar o elenco; o Flamengo é um dos maiores devedores de tributos do Brasil, e por aí afora.
Dono de uma administração austera e tida como uma das melhores do Brasil, o Coritiba trilha caminho oposto, mas obviamente sofre os efeitos da irresponsabilidade alheia, que inflaciona o mercado.
Diante deste quadro, fica a dúvida quanto à subsistência dos clubes mais sérios . Os irresponsáveis seguirão ignorando as dívidas e pagando salários milionários, ou os responsáveis ganharão espaço no mercado através da credibilidade construída? Os bolsos dos jogadores - e empresários - continuarão cheios, à custa da miséria dos clubes? Até quando?
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