Por trás da Notícia
Uma das cenas mais marcantes do filme Tropa de Elite 2, na minha opinião, é aquela em que o Tenente Coronel Nascimento vai ao plenário da Assembleia Legislativa do RJ e, mesmo sendo membro da Polícia Militar, declara que "a verdade é que a PM do Rio tem que acabar" (aos 39' acima).
Sempre que eu penso no futebol local lembro-me dessa cena, só que com o Wagner Moura falando a verdade é que a FPF tem que acabar. Aliás, talvez todas as federações tenham (só no Brasil elas existem) mas a do Paraná, em especial, certamente se encontra entre as mais medíocres e inaptas associações do futebol mundial.
O estadual do Paraná é uma piada pronta. Tão mal organizado e fraco tecnicamente que um de seus principais disputantes o abandonou por completo, enquanto seu maior vencedor se dá ao luxo de usá-lo para experiências. E mesmo assim perdeu apenas dois dos últimos 77 jogos.
Recentemente a Pluri Consultoria divulgou que nos últimos três anos 80 clubes pequenos encerraram suas atividades, destino quase certo de Arapongas e Cianorte no âmbito local. Que atrativo existe para a torcida e o time Coxa-Branca em uma competição repleta de clubes amadores prestes a fecharem? Ou jogando contra o Sub-23 do rival?
Há ainda a ilusão (e risco) de o time vencer o estadual com facilidade e achar que está preparado para o Brasileiro, porém chegar nas últimas rodadas dele precisando de resultados para não cair, como foi em 2012.
Por esses e muitos outros fatores não há mais sentido em manter essa estrutura coronelista, que sustenta uma federação corrupta e falida, cuja estrutura física, organizacional e institucional parou no tempo e se afunda em dívidas (financeiras e morais). Aliás, nem os pequenos estão satisfeitos e também reclamam da FPF.
Gostei do posicionamento recente do presidente do Coritiba, que defende a volta da Copa Sul. Afinal, um elenco cujo custo mensal beira os R$ 2 milhões não pode se permitir jogar um campeonato amador como o estadual do Paraná, com gramados esburacados, pouco público e campos com meia-dúzia de arquibancadas de madeira que sequer podem ser chamados de estádios.
Na verdade, o "mundo ideal" pro futebol brasileiro seria finalmente adotar o sistema europeu, sem estaduais ou regionais, com início da temporada no meio do ano, o que ajudaria os clubes inclusive a não perderem talentos no meio da competição nacional, graças às "janelas europeias". Entretanto, como este é um sonho distante, lutemos ao menos pela Copa Sul.
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