Por trás da Notícia
Não sei exatamente qual a origem do termo "encher as prateleiras" no contexto do futebol, mas se a utiliza quando determinado clube contrata jogadores que não serão titulares, sob o pretexto de que "comporão o grupo" ou "são apostas futuras".
Uma recente análise muito interessante feita pelo torcedor Rennan Neves Souza Santos em cinco postagens publicadas no blog A torcida que nunca abandona, assinada por Luiz Carlos Betenheuser Jr., no site Globoesporte.com, mostra que nos últimos cinco anos o Coritiba fez muito isso. (confira os posts: 1, 2, 3, 4, 5).
No ano passado, como mostra o levantamento, foi quando houve o maior número de acertos, com a contratação de reforços pontuais que, somados à boa base mantida do ano anterior, levaram o Coritiba a resultados interessantes, ainda que de conquista mesmo tenha sido apenas o Paranaense (invicto).
Por outro lado, nesse período poucos atletas da base foram alçados ao profissional e menos ainda se firmaram, o que vai na contramão do que ocorria com o clube até então, quando diversos atletas formados no Coritiba fizeram sucesso no time principal, gerando inclusive transferências internacionais.
Do atual time titular, apenas Lucas Mendes - que não tem se apresentado bem e joga improvisado - e Willian foram formados na base alviverde. Marcel também foi formado no Coxa, mas não foi recém-promovido, além de nem sempre ser titular. Tudo isso apesar de a diretoria alardear investimentos na base, que também vem alcançando conquistas e feitos inéditos nos últimos anos.
Este panorama prontamente gera uma indagação: por que a base, que tem recebido mais investimentos e atingido resultados expressivos, não cede mais atletas ao time principal?
Do atual elenco profissional do Coritiba os seguintes jogadores não receberam uma chance sequer neste ano: Rafael Martins (G - base); Vaná (G - base); Diego (Z - prateleira); Cleiton (Z - lesionado); Luccas Claro (Z - base); Bernardo (LD - base); Timbó (LE - base); Artur (V - base); Lima (V - prateleira); Djair (V - base); Anderson Aquino (A - lesionado); Rafinha Silva (M - base). Vários atletas da base, dois lesionados e dois que vieram "para encher prateleira", portanto.
Seriam as contratações "para encher prateleira" as responsáveis pela falta de oportunidade para os garotos? Ou não estariam eles preparados? Ou, ainda, faltar-lhes-ia qualidade?
Dos demais contratados este ano, os que chegaram a ter oportunidade, mas não se firmaram e nem mostram condições para serem titulares foram Júnior Urso, Emerson Santos e Renan Oliveira. Há ainda os titulares que não vêm agradando e não parecem convencer para assumirem a responsabilidade, principalmente no Brasileirão, como Jackson, Lincoln e Marcel.
E quem está aí enchendo a prateleira há mais tempo e também não provou a que veio são Eltinho (que é lateral esquerdo e chega a ser reserva de um zagueiro); Everton Ribeiro, Gil, Caio Vinícius, Everton Costa e até mesmo Geraldo.
Se tantos atletas são contratados e/ou mantidos apenas "para compor o grupo", ou seja, "enchendo as prateleiras", por que não dar oportunidade para atletas da base? Além dos que estão atualmente no elenco, vários outros vêm sendo emprestados há tempos, como Renatinho (M), Guaraci (V), Dênis (LE), Rafael Bomfim (Z) etc.
Enquanto um atleta desses custa pouco para o clube, pois geralmente passa ao profissional com um salário bastante inferior ao de jogadores que estão há mais tempo no mercado, os contratados para as prateleiras vêm sempre com valores que costumam transitar entre os cinco e os seis dígitos.
Quanto custa um Luccas Claro ao clube? E quanto custa um Diego? Qual o salário de um Everton Ribeiro? E o de um Rafinha Silva? Alguém duvida que Luccas e Rafinha Silva tenham bola suficiente para ocupar esse espaço na prateleira?
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)