Por trás da Notícia
Muito se tem discutido sobre o caso do volante Rodrigo Mancha, mas alguns aspectos vêm sendo ignorados, então vou tentar resumir objetivamente os acontecimentos e traçar as minhas impressões pessoais a respeito deles.
- O jogador tem contrato com o Coritiba até 11 de julho de 2009 e, pelo que vem sendo divulgado há quase um ano, o clube vinha negociando a renovação, sempre sem uma conclusão positiva. Várias vezes foi dado como certo o acerto, que acabou não se concretizando.
- Recentemente ele assinou um "pré-contrato" - uma ficção jurídica bizarra - com o Santos, comprometendo-se a ir para o clube paulista ao fim do seu vínculo com o Coxa. Com todo o respeito ao atleta e a quem entende como legítimo esse documento, pra mim isso é uma balela e uma grande falta de consideração.
Como alguém pode ficar numa empresa com o vínculo já assinado com outra? É praticamente a mesma coisa que dar um aviso prévio com seis meses de antecedência.
Pior ainda é a falta de ética dos dirigentes paulistas, que não sentaram com o Coritiba para falar sobre o caso e tentar uma negociação prévia.
- Depois disso começaram as especulações e o jogo de declarações dos santistas para a imprensa tentando forçar uma situação para antecipar a ida do Mancha pra lá. Não bastasse isso, conseguiram fazer um lobby para jogar no lixo uma regra legitimamente aprovada - o Regulamento Geral das Competições da CBF 2009 - apenas para que o limite de um jogo fosse descartado - o maior absurdo dos últimos anos protagonizado pela CBF, "engraçada" a pouca repercussão na mídia nacional...
- Ao fim disso tudo, porém, ainda assim havia a possibilidade de Rodrigo Mancha completar o número de jogos necessários para não poder defender o Santos no Brasileiro.
Adentro agora no campo da presunção. Vendo a situação ainda complicada para si, os santistas deram a última e desesperada cartada. Depois de serem obrigados a engolir o Mancha continuar jogando com afinco pelo Coxa (essa parte realmente tem que se reconhecer) durante vários jogos, os paulistas devem ter dado uma "prensa" no jogador.
Com uma tendinite crônica no joelho, Mancha atuou vários jogos com o problema, mas agora que faltam poucos dias para sua saída, não hesitou em alegar dores para deixar o time titular e ir pro DM. Não dá pra dizer que ele não tem nada e está inventando, mas dá, sim, para dizer que até hoje ele vinha superando esse problema e jogando.
Como um médico não pode simplesmente liberar para o jogo um atleta que alega estar sentindo dor - não seria nem ético -, fica essa situação. Mancha passa a ser, pelo jeito, e definitivamente, carta fora do baralho.
O técnico Renè Simões também teve um papel na história toda.
Precisando do jogador, Renè insistiu que ele jogasse, sobretudo na Copa do Brasil, tirando-o de alguns jogos do Brasileiro, sempre fazendo parecer que estava garantindo ao atleta uma condição de que, se ele se esforçasse por aqui, poderia acabar sendo liberado de jogar os sete jogos necessários para impedi-lo de defender outra equipe.
O fato de o Mancha ter ido para Recife, para mim, é sintomático. Uma cortina de fumaça para minimizar as críticas. A quem quer que sejam.
Fica a lição: o Coritiba precisa cuidar melhor de seus atletas e dos contratos que faz com eles. E tratar de ser mais duro com os jogadores, pois o que fica é o clube. Renè Simões também poderia adotar essa filosofia, defendendo mais o Coxa e menos o atleta. Eu, particularmente, escalaria o jogador sem titubear. Não acho que seria falta de ética. Afinal, ele tem contrato com o clube, e o fato de ter assinado com um terceiro, sem dar conhecimento PRÉVIO ao Coritiba, fez com que ele se submetesse a todas as consequêncisa disso.
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)