
Reflexões em Verde e Branco
Lembro-me bem do ano passado (como não lembrar?), onde mesmo nos piores momentos, algo que dizia que daríamos a volta por cima (mesmo que nem tão por cima assim).
Independentemente do resultado no campo, a vontade era vir aqui, falar, analisar, argumentar e externar o que via ou o que sentia... Mesmo que fosse simplesmente para passar uma mensagem de otimismo, ou, dentro da minha filosofia, cobrar o que entendia como correto.
Mas aí você sente que a coisa muda... Você sente que a luz está se apagando quando o jogo termina e a única sensação que surge é a de desânimo, de desesperança, de impotência e de cansaço.
Escrever o quê? Explicar pra quê?
Buscar soluções enquanto os próprios jogadores parecem “acostumados” e complacentes com a derrota?
Trabalhamos mais de um mês antes do início das competições de 2014: Não serviu para nada! O técnico Dado Cavalcanti não implantou filosofia nenhuma, os jogadores não se engajaram de coisa alguma e nós, os torcedores, mantivemo-nos acreditando...
Trabalhamos mais de um mês no recesso para a Copa do Mundo: Não serviu para nada! O técnico Celso Roth conseguiu uma inimaginável “involução” do time, enquanto jogadores continuaram apáticos e complacentes com um “status quo” medíocre.
A verdade, como disse na coluna anterior, é que esse elenco foi extremamente mal montado.
EXTREMAMENTE!
Se muito defendi Vilson Ribeiro de Andrade no aspecto administrativo e de austeridade, coloco-o hoje na vala comum de tantos Coxas Brancas honrados e bem intencionados, que se dispuseram a dispender seu tempo para ajudar o Coritiba, mas que mostraram, na prática, um hiato gigantesco entre “administrar um clube” e “entender minimamente de futebol”.
Vilson chegou ao Coritiba num momento delicadíssimo, Ximenes assumiu integralmente o departamento de futebol, mas novamente me referindo à coluna anterior, tivemos na parceria com a L.A. Sports o aporte necessário para aquela reestruturação.
O gradativo esvaziamento da parceria culminou com o gradativo enfraquecimento da equipe, o que custou a cabeça do superintendente de futebol num primeiro momento e, com certeza, custará o bom legado imaginado por Vilson e seus pares.
A substituição de Felipe Ximenes por Mazucco remeteu o Coritiba à época do amadorismo, onde qualquer diretor se sentia apto a gerir o departamento de futebol. Abria-se mão ali da gestão profissional e passava-se, definitivamente, ao anacronismo da administração baseada em “homens de confiança”, onde mais vale a cumplicidade pessoal do que o contrato de trabalho e a cobrança por resultados.
Tentou-se a correção de rota com a vinda do profissional Anderson Barros, porém, apesar de cedo para qualificar seu trabalho, não consigo ver tempo hábil para que suas ações surtam o efeito necessário, qual seja: Salvar o ano desse time pessimamente arquitetado!
Reiteradamente apontei, em 2013 ainda, que Robinho era o nosso referencial na criação. Se Alex era o homem decisivo, vinha de Robinho a organização tática capaz de propiciar um bom nível de jogo.
Estamos adentrando em agosto de 2014 e o que se vê? Um time sem criatividade alguma, onde Robinho atravessa uma má fase e simplesmente não há ninguém para substituí-lo na função!
Quem é o reserva de Robinho na posição? Um dos volantes, um dos atacantes, ou o lateral Carlinhos improvisado na meia?
Problema de hoje? Não! Não mesmo!
Desde que Deivid vivia machucado (machucado?) que se aponta a carência no ataque, mais especificamente na posição aguda de centro avante. Tentou-se inumeravelmente Julio César, esperou-se pacientemente a recuperação de Keirrison... É plausível que estejamos dentro do segundo semestre de 2014 e ainda estejamos nos mantendo pacientes com a recuperação de Keirrison e desejosos que Julio César remonte a seus tempos de Figueirense?
Mas não temos dinheiro...
Concordo...
Aí inicio uma análise superficial ao trabalho de Anderson Barros:
Não temos dinheiro. Ponto.
Temos um elenco mal formado. Ponto.
O que fazer?
Buscar por esse Brasil afora (ou mesmo nos países vizinhos), em divisões menores, jogadores com qualidade e baixo custo, que possam somar a esse elenco em frangalhos? Ou contatar o estrelado Fluminense para buscar um jogador caro como Martinuccio?
Não precisamos de afago! Não precisamos regozijar-nos com o orgulho de uma “grande contratação”! Precisamos sim ver esse time jogar, seja com o Zé das Couves, mas jogar!
Não sei o quanto Martinuccio pode render em campo (espero que seja muito). Mas tenho certeza que os valores envolvidos na vinda de um jogador desse naipe, poderia muito bem englobar ao menos um meia para a suplência de Robinho, mais um Zagueiro de bom nível e outro atacante.
Onde está a “garimpagem” no futebol de hoje?
Vamos continuar apostando em “peças”, quando o time clama por uma “estrutura”?
Esperava mais de Anderson Barros do que buscar o óbvio...
O panorama é de desanimar... Ainda dá tempo, mas é preciso fazer alguma coisa, antes que a luz definitivamente se apague.
Um abraço!!
Luiz Berehulka
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