
Reflexões em Verde e Branco
Conheço um pintor de parede muito bom, Seo José. Um senhor de já certa idade... Não sei há quanto tempo trabalha, mas pessoal humilde e dedicada que é, demonstra ser daqueles que aprendeu seu ofício ainda menino.
Fiz algumas divisórias na minha casa e chamei Seo José para pintá-las. O trabalho de lixar as paredes de gesso, nivelá-las com massa corrida, tornar a lixá-las e em seguida pintar (com quantas demãos fossem necessárias) durou mais de duas semanas, e para tal, Seo José me cobrou menos de mil reais.
Barato? Eu considero que sim... Mas Seo José cobra o que entende justo, e por isso mesmo tem muitos clientes. Mal terminou o serviço em minha casa e já correu para o próximo cliente que havia combinado outro trabalho.
Segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado... Muitas vezes até domingo. Seo José, assim como a maioria dos trabalhadores brasileiros, faz de seu suor diário a rotina para garantir o seu sustento. Mais ainda, muitos destes trabalhadores que já ganham pouco (apesar de todo o empenho e dedicação ao que fazem) gastam o pouco que sobra (e quando sobra), para honrar seus títulos de sócio, por mais barato que seja, e poder acompanhar seu time de coração... Muitas vezes, financeiramente a única opção de lazer para quem faz a escolha de se associar.
Seo José é “autônomo” (o que muitas vezes é sinônimo de “informal”) e sabe que seu futuro depende de seu trabalho.
Futuro?
Pra quem já trabalha desde criança e se encontra hoje no que chamam de “a melhor idade”, falar em futuro é algo deveras relativo... Talvez tão relativo que o trabalho suado seja a própria visão de futuro.
É aí que eu fico pensando: E se de repente alguém pudesse voltar no tempo e oferecer ao Seo José, ainda pequeno, uma opção de trabalho diferente, onde ele começaria menino mesmo (como efetivamente começou), mas que trabalharia realmente duas vezes na semana apenas, tendo os outros dias reservados somente para aprimorar e exercitar o seu ofício? Além disso, Seo José não precisaria mais trabalhar a vida toda, exerceria seu labor apenas até os 37, 38 anos de idade e teria garantido um salário que, na pior das hipóteses, seria equivalente a alguém com excelente escolaridade e especialização profissional.
Óbvio que nem tudo seriam flores... Seo José teria que abdicar da família em dados momentos, teria que viajar pelo Brasil em seu trabalho, ficar em excelentes hotéis e abrir mão de uma vida noturna que porventura pudesse vir a ter.
Será que Seo José teria o bom senso de aceitar?
Um abraço!!
Luiz Berehulka
Obs: Só pra deixar claro, não estou jogando a responsabilidade do péssimo momento do Coritiba no Alex e não é comparativo da nossa fase atual com a questão do Bom Senso FC. Nesse post não falei da situação do Coxa, APENAS do Bom Senso, que é uma "ação" dos jogadores da qual eu não concordo e, metaforicamente, expliquei na coluna! Quem quiser interpretar de maneira errada, faça-o por sua conta... Sou responsável pelo que escrevo, não pelo que entendem!
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