
Reflexões em Verde e Branco
Há algumas colunas atrás, sugeri um tema para debate, levantando a seguinte questão: Será mesmo o “trabalho de longo prazo” uma verdade absoluta, ou fomos induzidos a absorver esse paradigma por conta da necessidade, uma vez que a crise econômica mundial (que também afeta, e muito os clubes de futebol) obrigava a manutenção de profissionais, evitando o ônus de rescisões sucessivas?
Foquei na figura do treinador a análise, mas nada impede que alonguemos ela ao Diretor de Futebol, ao preparador físico, ou a quem quer que seja.
Ontem, após o péssimo resultado em casa contra a equipe do Itagui da Colômbia, foram demitidos o treinador Marquinhos Santos e o Superintendente Felipe Ximenes. Essa situação do Coritiba me fez refletir mais uma vez sobre essas “verdades” do futebol, desta vez, tendendo-me para um dos lados da conclusão.
Por envolver pessoas (e não simplesmente peças de um jogo), quem sabe o velho esporte bretão sobreviva muito mais da motivação do que do empenho, muito mais de um pensamento vitorioso do que propriamente de um método de treinamento ou eficiência técnica.
Todos vimos o Coritiba jogar este ano até aqui... Todos vimos o time começar a preparação, adequar-se em termos de entrosamento, progredir, atingir seu auge com o título paranaense (mesmo desdenhado por alguns) e invencibilidade no início do Brasileirão, para depois cair, iniciar um processo de desgaste e, mesmo após muitas recuperações de jogadores, manter-se em baixa, demonstrando pouca (ou para muitos, nenhuma) força para a esperada retomada.
Não que fique claro, mas é perfeitamente plausível que a alternância de comando, seja mesmo algo necessário no futebol, uma vez que o discurso torna-se repetitivo, faltando mesmo a renovação de postura capaz de alavancar a motivação necessária para a recuperação do bom desempenho de uma equipe.
O tema pode ainda gerar muitas controvérsias filosóficas... Mas não tenho nenhuma dúvida que, pelas coisas que vemos (o desempenho baixo e a falta de gana), ou pelas coisas que não vemos (os problemas intramuros do clube), uma mudança neste momento se fazia mesmo necessária.
Como sempre falei, seja pelo meu modo particular de ver as coisas, seja por abraçar a bonita causa da dita Revolução (que poderia ter qualquer outro nome), o meu intuito sempre foi: Externar a minha convicção e, mais que tudo, elevar o Coritiba acima de qualquer coisa... Mostrar que o Coritiba é maior que tudo, maior que nomes e pessoas. Tudo passa, sejam atletas, sejam dirigentes, seja o que for... Mas uma coisa sempre ficará, as nossas cores e a nossa história.
Nunca deixei de acreditar, por pior que fosse o momento. Nunca deixei de confiar, independentemente de que estivesse no comando. Jamais deixei de torcer, mesmo quando a fase era ruim ou não concordava com os rumos que a administração pudesse estar nos levando. Isso porque, meu objetivo nunca foi “ter razão”... Aliás, minha razão pouco importa! O que importa é ver o Coritiba forte e vencedor!
As peças mudaram, e os critérios para essa decisão foram tomados por quem tem a responsabilidade de tomá-la. O que jamais vai mudar é a minha convicção, de que o Coritiba pode ser e será o grande clube que todos nós queremos.
Aos que assumem as novas cadeiras, meu total e irrestrito apoio. Não me importam os nomes, sou porta voz não de pessoas, mas do orgulho de ser Coxa Branca!
Que a “chacoalhada” renove os ânimos e traga a motivação necessária para esse grupo que já provou seu potencial. E que a alternância nos mostre que nem tudo é verdade no paradigma do “trabalho a longo prazo”. É dessa mudança de visão que precisamos nesse momento, se ainda almejamos algo.
O ano ainda não acabou. Ao que me conste, tivemos um mau resultado, mas o jogo de volta da Sulamericana ainda não aconteceu.
Enquanto houver chance, ou vou acreditar!
Um abraço!!
Luiz Berehulka
Ps. Meus sinceros agradecimentos aos profissionais Marquinhos Santos e Felipe Ximenes. O ciclo do futebol pode ser cruel na drasticidade das rupturas, mas esse mesmo choque de momento é a alavanca para novos vôos profissionais, seja pra quem vai, seja pra quem fica.
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