
Reflexões em Verde e Branco
O futebol é um esporte de massa, que envolve não só a disputa, mas a paixão de uma legião de torcedores.
Desse mundo de competição e paixão, surgem muitas teorias, algumas até antagônicas, mas que cativam adeptos capazes de defender sua visão com unhas e dentes, mesmo que, analisada por outra pessoa, pareça descabida.
Algumas dessas “verdades” mutantes, dizem respeito ao treinador de futebol.
Num passado não muito distante, tinha-se no treinador de futebol, uma figura centralizadora, capaz de assumir tanto os louros da vitória do time, quanto a responsabilidade suprema pela derrocada.
Sua alternância no cargo era grande, pois, como assumia quase que com exclusividade os ônus e os bônus, toda má fase de um time era atribuída ao técnico, que, dispensado, dava lugar a outro profissional, que vinha com novas idéias e, na bagagem, o chamado “fato novo”, capaz de “chacoalhar” o elenco e retomar o caminho das vitórias.
Com o futebol adentrando numa era de racionalização econômica (acompanhando o mundo que, duma forma geral, beira a recessão), percebeu-se que a alternância de profissionais em cargos, principalmente de técnico (dado aos altos salários), gerava um passivo financeiro comprometedor, somando-se multas contratuais, quitação de haveres e possíveis ações trabalhistas.
Assim, iniciou-se um modo diferente de ver a questão. Afastando um pouco a supremacia da figura do treinador tanto dos quadros de vitória, quanto de derrota, percebeu-se que o futebol gira numa órbita muito mais complexa. Que o acaso do dito “fato novo”, nem sempre ocorria, porém, o caos financeiro, via de regra, sim!
Desta forma, a percepção do “trabalho a longo prazo” começou a difundir-se, com times adeptos desta estratégia colhendo bons frutos no campo (a longo prazo) e na área administrativa, com uma saudável redução de custos e encargos.
Acontece que, exatamente neste ponto, atingimos uma questão onde, nem um lado, nem o outro, conseguiu formar um consenso.
Argumentam os partidários do “fato novo”, que o resultado prático em campo do “trabalho de longo prazo” não passa de obra do acaso, de uma conquista tão dependente da sorte, quanto o êxito atingido à partir da alternância de técnicos.
Quem está com a razão? Qual verdade é “mais verdade”?
Peguemos o exemplo do nosso eterno rival. Jamais optou pelo foco no longo prazo e, como é sabido, chegou a trocar de treinador na mesma freqüência com que se troca de uniformes. Na atual temporada, usou de métodos pouco ortodoxos de treinamento, que resultaram numa péssima preparação do grupo, refletindo com uma campanha pífia no início do Brasileiro.
A ausência de resultados no campo fez com que a diretoria atuasse da forma com que sempre atuou, trocando de treinador. O resultado disto foi uma retomada no futebol da equipe e a elevação da vice lanterna para a vice liderança.
Acaso?
Muito provavelmente... Mesmo porque esse mesmo "método" usado no ano anterior, pouco surtiu frutos, e o treinador que conseguiu o acesso á série A é o mesmo que meses depois foi tido como "o problema".
Mas e aí? E o atual momento do Coxa?
Não acho plausível que nossa má fase envolva tantas “histórias” como temos ouvido. Boatos à parte, acredito que as contusões e a queda de rendimento (por conta destes afastamentos por lesão) culminaram por fazer o técnico Marquinhos Santos (e toda a comissão técnica, por conseguinte) “perder a mão” e deixado o “fio da meada” escapar.
Nesse caso, qual a saída? A troca do comando técnico pode parecer a solução mais óbvia, mas e a convicção do “trabalho a longo prazo”?
Onde está a verdade?
Futebol é mesmo um esporte “concreto”, onde o trabalho e a persistência trazem resultados, ou tudo não passa de conjecturas, onde um ato isolado (como a troca de técnico) pode tanto trazer uma conquista quanto qualquer outro fator?
O técnico é realmente uma figura assim tão fundamental nos resultados dentro de campo, capaz de sua mudança ser a alavanca para o sucesso de uma equipe, ou é apenas uma das peças, longe de ser a solução (ou o problema) do momento de um time?
Pra pensar...
Um abraço!!
Luiz Berehulka
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