
Reflexões em Verde e Branco
Em meio à euforia do surgimento de novas Arenas aflorando pelo Brasil todo, quando a Copa do Mundo de 2014 ainda empolgava, foi notório que o anúncio do “fechamento da reta da Mauá” frustrou a muitos.
Porém, o tempo (o velho senhor da razão) foi mostrando que “nem tudo o que reluz é ouro” e muitas vezes, aquilo que imaginamos como meta, na verdade são meros devaneios ou ilusões.
É fato que hoje, a tal “Copa no Brasil” já não empolga mais ninguém, muito pelo contrário, é um fardo que escancara nossas mazelas e denigre ainda mais nossa imagem enquanto nação.
Do mesmo lado, as “Grandes Arenas” hoje são muito mais um problema para a gestão das instituições, do que as “galinhas dos ovos de ouro” imaginadas. São desproporcionais empreendimentos que, ou gerarão um imbróglio público/jurídico, ou significarão um ônus administrativo impagável a seus clubes detentores.
Mais ainda, vemos times perdendo suas identidades. Jogando em belas estruturas “padrão Fifa”, onde a modernidade e sofisticação simplesmente atropelaram a história, a imagem e a mística.
Quem é que não lembra do Grêmio no Olímpico? Era quase que uma simbiose, onde o próprio campo de jogo fazia parte do time. As redes quadradas, ao fundo daquela estrutura ovalada, com a pista asfáltica no entorno... Era “alguém”, uma entidade que participava tanto daquele momento quanto qualquer outro jogador ou torcedor ali presente.
Já se imaginaram sem o Couto Pereira?
Já pararam para pensar como seria, passada a empolgação inicial, uma mudança de estádio?
Algumas coisas transcendem o material... Por mais material que efetivamente sejam.
O Couto (como um dia foi o Olímpico Gremista) não é apenas uma pilha de concreto, é a representação viva de uma história de lutas, suor e glórias.
É na aura do Couto Pereira que está gravada a contusão de Kruger, as caretas de Lela, a soberania de Fedatto, o gigantismo de Manga. A simpatia da Albinha Mazza em sua cadeira de rodas, o inigualável Green Hell... O “Vamos, vamos meu Verdão, vamos, não pare de lutar...” ecoando como se fosse a própria voz do Majestoso Gigante de Cimento Armado... Lombardi Junior...
Vejo fotos antigas de minha mãe, bem nova, com sua falecida tia, em frente a um grande esqueleto de andaimes, sustentando aquilo que seria a inovadora cobertura em vão livre das sociais. De repente me pego pensando: “Como deve ter sido gratificante participar daquele momento... Ver tudo isso que temos hoje sendo construído, erguido aos poucos...”.
E aí me dou conta que, de fato, estamos vivendo um momento único. Daí percebo o quão privilegiado somos por estarmos acompanhando a histórica finalização do nosso Gigante.
Uma obra que demorou mais de 80 anos, mas que representa a própria história do Coritiba, uma história de luta, de superação, de garra e de perseverança, onde nem o tempo foi capaz de nos fazer desistir.
Um dia, quem sabe, meus netos olhem minhas fotos em frente aos andaimes da Mauá e pensem: “Nossa... Que legal deve ter sido ver isso de perto!”.
Um abraço!!
Luiz Berehulka
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