
Reflexões em Verde e Branco
Não vou falar do jogo, até porque não vi o empate em zero. O domingo na fazenda com as pessoas de quem gosto, com o céu azul e a água gelada da cachoeira não me permitiram chegar a tempo da partida. Das coisas que amo, o futebol ocupa um lugar de honra, privilegiado, até mesmo exagerado... Mas não o primeiro lugar, não mesmo.
Obviamente, busquei todo o tipo de informação, mas nada me causou estranheza.
Nosso time oscila, muito. Se mantivéssemos a vontade dos dois últimos jogos, certamente poderíamos ter vencido um Corinthians burocrático e jogando com um a menos no segundo tempo.
Mas aí recaímos também num problema que cito há muito tempo: Sem Robinho, o time perde em movimentação e criatividade. Alex não tem ninguém a lhe municiar e também deixa de despontar em jogadas agudas.
Outro ponto que não precisa ter assistido o jogo para questionar: Norberto é lateral ou é meia? O técnico sabe? Será que o próprio Norberto sabe?
Como um jogador vai ter uma melhora de desempenho em determinada função, se ela é sequentemente alternada?
Aí já passo a me lembrar da “era” Dado Cavalcanti, onde Norberto fazia várias funções. Se não fosse bem na meia, iria para a lateral, se não fosse bem ali, até de segundo atacante atuava... Mas uma coisa era certa: Norberto estaria no time.
Isso me faz questionar: É caso de criticar o técnico mesmo? Mudam os comandantes e as histórias se repetem? Só em mim o “caso Norberto” causa estranheza?
Leandro Almeia retorna ao time e “de repente” está no DM novamente...
Dudu vem bem e melhorando, mas às custas de uma sequência que poucos tiveram. Que força tem Dudu em detrimento de outros? Por que não se busca mais um meia?
Para ilustrar, vou citar aqui algo que escrevi recentemente, na coluna entitulada “A luz que se apaga”, de 21/07/2014:
“Não sei o quanto Martinuccio pode render em campo (espero que seja muito). Mas tenho certeza que os valores envolvidos na vinda de um jogador desse naipe, poderia muito bem englobar ao menos um meia para a suplência de Robinho, mais um Zagueiro de bom nível e outro atacante.
Onde está a “garimpagem” no futebol de hoje?
Vamos continuar apostando em “peças”, quando o time clama por uma “estrutura”?
Esperava mais de Anderson Barros do que buscar o óbvio...
O panorama é de desanimar... Ainda dá tempo, mas é preciso fazer alguma coisa, antes que a luz definitivamente se apague.”
Repito isto porque: Martinuccio está no Departamento Médico. Chegou, foi avaliado, jogou poucos minutos e se encontra fora de condicionamento físico, técnico e médico.
Seria complicado se fosse qualquer contratação, o que diremos no caso de ser a nossa “melhor contratação do ano”, nossa “grande tacada”?
Repito: Esperava mais de Anderson Barros.
Aliás, estariam se cruzando todas as histórias que acima me referi?
Todos sabem que não gosto de falar do que não sei. Não entro em debates sobre administração de futebol porque, além de ser um assunto extremamente complexo, ocorre numa alçada que geralmente não temos conhecimento e baseamo-nos em pura conjectura.
Porém, quando a história é dentro do campo, nós torcedores temos propriedade para falar, porque ninguém mais que nós vive isso com a mesma intensidade.
Se somos impacientes muitas vezes, até ignorantes, escusa-se pelo comportamento apaixonado... No entanto, é pelo campo de jogo que existimos, é por nossas cores e nossa honra dentro do gramado que cantamos... E dessa alçada sabemos.
- Faz dois anos que o ambiente não está bom no Coritiba.
- Desde que a L.A. Sports saiu que não tivemos competência para contratar.
- Alguns jogadores têm inexplicavelmente mais chances que outros, independentemente de qualidade técnica.
- Atletas contundem-se “do nada” e ficam uma infinidade esdrúxula de tempo “em tratamento”.
- Técnicos vem e vão e muitas coisas continuam se repetindo.
Não sei os motivos, não sei os culpados... Só sei do que vejo, e isso que estamos vendo já há anos vem me causando muita preocupação.
Não estou interessado com o que o Presidente disse na rádio ou com o que o Presidente pensa sobre si e sobre o futebol paranaense... Estou interessado com o meu time no campo.
Não quero discutir pessoas, isso é atestado de mediocridade. Quero discutir ideias, principalmente quando essas ideias refletem no desempenho do Coritiba.
Enquanto muitos focam em “alvos”, os problemas persistem.
Há uma questão institucional, há um vício estrutural, não só no Coxa, mas no futebol como um todo. É preciso repensar muita coisa para que efetivamente cresçamos de uma maneira saudável.
E enquanto eu pesava nisso, mais uma pedra era atirada...
Afinal, perguntar pode não ofender, mas quem foca o problema numa única pessoa, está realmente buscando soluções, ou só se notabilizando como mais uma engrenagem nessa grande e arcaica máquina viciada?
São dois lados de um mesmo problema.
Um abraço!!
Luiz Berehulka
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