
Reflexões em Verde e Branco
Recebi alguns emails de leitores sobre a coluna de ontem. Muitos questionando o tema, outros discordando planamente das proposições e alguns (em menor proporção) ratificando e apoiando.
Fico feliz com esse retorno, afinal, como o próprio nome do Blog diz, o intuito é a reflexão. Nada do que é colocado aqui vem de forma impositiva, muito ao contrário. Trata-se apenas de “um lado”, uma visão, lançada ao ar para a reflexão e abertura do debate de ideias.
Corroborando com todos os que me escreveram dizendo-se contrários à Copa no Brasil, o que tenho a colocar é que comungo com o pensamento de todos vocês. Meu primeiro parágrafo na postagem de ontem foi exatamente para isso, para mostrar que, de forma alguma, posso eu (ou qualquer outro brasileiro sensato, com o perdão da presunção) concordar com os desmandos escancarados por esse evento.
Nem tão pouco tive a intenção de taxar como antipatriótico quem, por ventura, entender por torcer contra o selecionado como forma de protesto.
Pode sim ser um ato de patriotismo abrir mão da torcida numa Copa do Mundo em nome de uma ideologia. Por que não?
Vêem?
Debate e reflexão... Essa é a ideia, esse é o ponto!
A visão externada ontem no Blog é minha, única e exclusivamente minha, e a explico: Quero (e me esforço para isso, pois não é fácil deixar para trás os conflitos morais em relação a essa Copa) torcer pela seleção e quero manter aceso esse espírito positivo que ainda me resta em relação à isso.
Por que?
Porque lembro-me pequeno, com meus pais, assistindo a Copa de 86 (a primeira que tenho memória)... Depois com já 11 anos, assistindo a Copa de 90 e, contagiado ali com aquele clima, percebendo o quanto eu gostava desse esporte. A festa em 94, a comemoração na escola com os amigos, a ansiedade por aquele momento e a possibilidade viva de um título mundial.
Em meio a protestos e críticas contundentes minhas em rodas de conversa, olhei de lado e vi meu filho, com seus 9 anos, empolgado em ver a Copa acontecer aqui... Em acompanhar o mundial, em partilhar com os amigos essa emoção que transcende a rivalidade local de times.
De repente, me dei conta que não seria justo desfazer esse sentimento inocente dele, por conta dessa “sujeirada” que nos rodeia. Não seria justo tirar dele as memórias que um dia ele terá das Copas e dos momentos de vibração e confraternização com a família e amigos, assim como as que um dia eu tive.
O que eu já participei como filho, hoje quero participar como pai!
Como a grande maioria, torci para que o Brasil fosse escolhido para sede da Copa. Obviamente (assim como a grande maioria também), não concordei com a forma como as coisas foram conduzidas. Por isso a separação de sentimentos e de análises.
Com os mandos e desmandos eu sei como me portar. Farei meu protesto da forma que deve ser feito, nas urnas! Esse é um ano de eleição e sei exatamente o que fazer para mostrar minha indignação.
Com a Copa em si, também. Gosto de futebol, gosto do clima da Copa e terei prazer em acompanhar os jogos e comentar aqui o que for relevante. No mais, farei o possível para que meu filho guarde boas lembranças, assim como eu guardo. Afinal, a nossa classe política pode até nos tirar as esperanças de um país melhor, mas não vão conseguir tirar a alegria e a inocência das nossas crianças. No que depender de mim, jamais!
Um abraço!!
Luiz Berehulka
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