
Reflexões em Verde e Branco
Vamos lá... Tento ser o mais parcimonioso possível, analisar acima da paixão e não deixar que a “cabeça quente” me cegue na análise. Mas há certas coisas que fogem ao controle.
O Coritiba tem um extenso livro de glórias, escrito com letras douradas e que enaltece muitas conquistas, algumas delas levantadas à base de suor, raça e amor. Dos áureos tempos de projeção nacional e internacional (com Fita Azul, Torneio do Povo, Brasileiro), até a sofrida ascensão de 1995 (após injusto descenso) ou mesmo a grandiosa batalha de 2007 onde heroicamente (honrando nossa tradição de luta e entrega) retornamos à elite.
Mas também, esquecido ali no canto, ignorado por nós, há um sujo e deletério livro da vergonha, onde poucos (mas dolorosos) momentos em que o Coritiba desrespeitou sua tradição ficaram grafados.
De um tempo para cá, o Coxa tem insistentemente reaberto esse livro. Sabe-se lá porque razão, mas como um carma, insiste em transformar “momentos chave” em páginas desse livro maldito. Oportunidades de glória são simplesmente jogadas fora, e não por contingência do esporte, mas por desleixo e desrespeito com o que significa o Escudo do Coritiba e sua tradição.
Não digo a primeira (todo debut tem seu risco pelo noviciado), mas a segunda final consecutiva da Copa do Brasil jogada no lixo, foi de uma pequenez vergonhosa, onde o medo de perder contrariou todo nosso passado de conquistas e nos colocou na vala comum.
No último jogo de 2011, com um dos melhores elencos montados dos últimos anos, o Coritiba enfrentava o enfraquecido Atlético, dependendo de uma simples vitória para chegar à Libertadores e derrubar o rubro negro à segunda divisão. O resultado foi um jogo sem vontade, sem vibração, com jogadores “passeando em campo” e que perderam a partida para o fraco time rival, frustrando a torcida duplamente.
O jogo de ontem eu ainda não sei se poderá ser escrito nesse maldito livro, talvez o final do campeonato decida isso. Porém, não dá pra negar que, num momento onde se esperava “algo amais” para iniciar uma recuperação, num clássico, a forma como o Coritiba perdeu, desonra sua história e tradição.
Mais além analisarei o aspecto da partida... No entanto, futebol é mais do que se vê no campo de jogo.
Mais do que detalhes técnicos, de qualidade individual ou de posicionamento, estamos precisando de algo que se perdeu já há algum tempo e parece que ninguém está se dando conta: O Coritiba precisa urgentemente de ALMA!
Celso Roth tentou um 3x5x2 para frear as despontadas atleticanas... Foi péssimo, foi equivocado, foi mal executado.
Não sou técnico de futebol, não ganho para isso e me considero limitado nesse imbróglio tático, mas simplesmente não me entra na cabeça que a maioria dos treinadores do Brasil, ganhando os horrores que ganham, não entendam que 3x5x2 não é 5x3x2.
Me parece óbvio que um time jogando com 3 zagueiros, precise de PONTAS (chamados Alas, hoje), para que as jogadas de fundo pelos lados compensem a falta de criatividade do meio, abdicado de um jogador para a zaga.
Como é que um time vai criar jogadas com menos um jogador na meia e com laterais que voltam para marcar?
O resultado é exatamente o que se viu. Uma solidez defensiva, mas uma total incapacidade de criação de jogadas. Como não faz gol (e nem pode, pois não cria), qualquer gol tomado decreta a derrota. Ponto.
Uma vez que estamos tendo inúmeras falhas individuais, jogar assim torna-se temerário. Um reflexo exato do que foi a partida.
Hora de chacoalhar!
Na coletiva, o treinador deixou claro que precisa de reforços, o que concordo plenamente. Porém, não podemos esquecer que temos jogo já na quarta e as mudanças não podem mais esperar.
- Culpa-se muito o ataque, porém, a criação está deficiente. Temos jogado com dois volantes de marcação que não sabem armar e apenas um na criação (atualmente Alex).
- Victor Ferraz está abusando do direito de errar e Moacyr já se mostrou ineficiente no apoio.
- Zé Love tem perdido gols, mas joga enfiado e tenta suprir a ausência de um 9 de ofício, quanto Keirrison segue sua eterna recuperação.
- Vanderlei é fato consumado: Tem um estupendo reflexo em baixo das traves, mas é péssimo na saída de gol e na reposição de bola.
No meu modo de ver, “as cartas estão na mesa”.
Urge a mudança no time. A entrada de um segundo volante que saiba sair pro jogo, que possa contribuir com o meio e não apenas com a defesa. Mais um meia criativo para formar dupla com Alex. A chance para Reginaldo na lateral direita é essa, se tiver futebol abraça a vaga. Zé Love pode fazer a sua, jogar como segundo atacante e usar da sua boa movimentação para municiar o centro avante, seja ele Keirrison ou Julio Cesar. No gol, seja Vaná, seja Willian, alguém precisa ser testado, já que Vanderlei chegou num ponto de estagnação que necessita de uma reciclagem.
Enquanto reforços não chegam, acho que estes são os pontos a serem atacados.
O time não é tão ruim quanto a posição na tabela mostra. Muito pelo contrário... Mas precisa urgentemente começar a dar resultado.
Se os que estão aí não se mobilizam a isso, que se mude tudo... Mas temos que, de alguma maneira, recuperar a ALMA guerreira que sempre nos notabilizou.
Raça, Verdão.. Raça!
Um abraço!!
Luiz Berehulka
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