
Reflexões em Verde e Branco
Foi noticiado há alguns dias, paralelamente à saída de alguns jogadores que não estavam nos planos da comissão técnica, a volta do segundo volante Marcos Paulo, que estava emprestado pelo clube.
Como era de se esperar, choveram críticas à vinda do jogador, com análises pouco profundas e um ranço que impedia uma rememoração de como realmente foi a passagem desse jogador pelo Coxa.
Muito dessa má imagem deve-se à fatídica final da Copa do Brasil, onde o técnico Marcelo Oliveira resolveu “inovar” e colocar o garoto (sim, um menino, recém saído das categorias de base) numa final nacional, fazendo uma função de armação, o que nunca foi sua característica.
É claro que aquilo não deu certo... e, além de perder aquela final, o Coritiba perdeu uma jovem promessa, que fora “queimada” naquela fatídica noite.
A opinião que ficou foi que Marcos Paulo era um dos responsáveis pela derrota, um dos ícones daquela decepção, daquela frustração... um jogador que não serviria à grandiosidade do Coritiba... o que eu discordo completamente!
A passagem do Marcos Paulo pelo Coritiba, não se resume àquela maldita noite. Não! Marcos Paulo iniciou sua carreira em Santa Catarina, com uma passagem vitoriosa pela base do Avai. Quando estava já atuando pelo Iguaçu de União da Vitória, chamou a atenção do Coritiba, que o trouxe para integrar a equipe Junior, não demorando muito a aparecer entre os titulares do grupo profissional.
Com um futebol de habilidade, mesmo atuando como volante, Marcos Paulo começou a se notabilizar no Campeonato Paranaense, com boas entradas no decorrer das partidas, mostrando, além da boa marcação, velocidade e qualidade para chegar ao ataque e atuar como o elemento surpresa que tanto se espera de um segundo volante.
Basta refletir que, num time que contava com Leandro Donizetti, Léo Gago, Davi, Marcos Aurélio, Rafinha e Leonardo, despontar ainda com idade Junior e conseguir galgar espaço entre jogadores deste naipe, é prova de que o menino tinha sim muita qualidade.
Muitos falam do momento certo ou errado para se lançar um jovem, do perigo em se exigir muito de um jogador que possa inda não estar preparado para a pressão... e infelizmente aquela eminente promessa sucumbiu perante uma análise errada do treinador, o dia errado para assumir uma titularidade, o jogo errado para exercer uma função que não era a sua.
O problema é que, assim como ele, muitos outros Marcos Paulos passaram por isso. Não necessariamente por suas tenras idades, mas pela crueldade da massa que simplesmente esquece-se das suas histórias, resumindo-os a personagens de uma única partida (ou um único fato).
Edson Bastos foi um desses, que numa falha passou de ídolo a vilão... O Professor René Simões, por conta de uma passagem não bem sucedida, teve todo o seu crédito e devoção ao Coxa menosprezado (ou esquecido)...
Felizmente os ares parecem estar mudando. Vanderlei conseguiu superar um momento de instabilidade, abraçado por parte da torcida que hoje está lutando para mudar essa histórica mentalidade destrutiva. O próprio menino Arthur, símbolo da belíssima vitória na estréia do Brasileiro contra o Galo, não foi “queimado”, devido à paciência e apoio da torcida que entendeu o mal momento (inclusive pessoal) pelo qual atravessou.
Agora, que seja bem vindo à sua casa, em seu retorno, Marcos Paulo.
Acredito piamente que, pelo futebol demonstrado ainda em seu início, tem tudo par ser muito útil a este elenco de 2013, sendo um jogador com características de segundo volante, diferente de todos que o Coritiba possui hoje em seu plantel. Carregador de bola e de largas passadas, tem um jogo parecido com o de Sérgio Manoel, mas (na minha visão) com mais desenvoltura (apesar de menos experiência), sendo um excelente elo de ligação defesa/ataque.
O que passou, passou.... reescreva sua história, garoto. A torcida estará sedenta por lhe aplaudir, junto com todos que certamente reerguerão o Coxa novamente ao Alto da Glória!
Um abraço!!
Luiz Berehulka
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