
Reflexões em Verde e Branco
Todos sabemos que o vai e vem de atletas faz parte da rotina do futebol, e é assimilado com naturalidade tanto pelos clubes, quanto pelos jogadores, quanto pela torcida. Mas e quando não é um atleta que se vai, e sim um símbolo?
Alguns jogadores passam de “meras” (entre aspas, com a devida licença poética, porque nenhum jogador é mero) peças num tabuleiro tático, para figuras que cumprem papéis substancialmente mais complexos. Muitos se tornam líderes dentro do grupo, outros se tornam o espelho para jogadores mais novos, alguns são o elo de raça que une time e torcida... mas pouquíssimos reúnem todas estas qualidades diferenciais.
Nosso zagueiro Pereira era um desses raros jogadores!
Teve sua fase de extrema qualidade técnica, passou por altos e baixos (o que é normal de um atleta profissional), hoje já não tinha mais sua condição de titular, mas jamais abandonou sua postura de líder, de aglutinador... Peça fundamental na configuração de um “grupo”, sempre mostrando que o mais importante era o coletivo, independentemente de quem ostentava a titularidade.
Certa vez, conversando com pessoas ligadas à diretoria do Coritiba, debatíamos sobre a fatídica queda de 2009, quando alguém colocou: “Se tivéssemos um P#*%íba a menos, talvez tivéssemos conseguido escapar!” – No que um importante dirigente completou: “Ou um PEREIRA a mais!!!”
Pereira não era só um zagueiro, era o homem de confiança do técnico dentro do campo (independente de que técnico fosse). Era o jogador que dava a cara e peitava a arbitragem quando necessário. Era aquele que num lance violento do adversário, chegava antes de todos mostrando o famoso “aqui não”. Era “o cara” da preleção e da oração na saída do túnel... O amigo dos mais experientes, o “paizão” da gurizada!
Infelizmente o futebol tem dessas, e mais cedo ou mais tarde, essa hora chegaria... O Coritiba evidentemente perde muito do que um ser humano como Pereira tinha para oferecer, mas o atleta ganha mais uma oportunidade de jogar num time onde poderá voltar à titularidade e ao exercício do que tanto ama: O futebol!
Após cinco anos de clube (coisa rara nos dias de hoje) e com a marca de maior zagueiro artilheiro de toda a história, não apenas deixará saudades, mas levará consigo um carinho pelo Coxa, que, com toda a certeza, é recíproco.
Vai lá, Pereirão! Nossa gratidão por tudo... E o nosso desejo de sucesso, seja onde for!
Um abraço!!
Luiz Berehulka
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