
Reflexões em Verde e Branco
Ano passado postei uma coluna analisando, de forma fria e imparcial, a questão da continuidade de técnicos, se é uma filosofia baseada em resultados ou se é mera imposição de mercado (por conta dos custos de se rescindir um contrato).
http://www.coxanautas.com.br/opiniao/reflexoesemverdeebranco/?id=4902
A verdade é que, por conta dessa “filosofia de continuidade”, passou-se a tratar a questão da culpabilidade (ou não) de um técnico como algo secundário, sempre analisando “n” questões antes de se chegar à análise de fato do trabalho do treinador.
Fiz esse preâmbulo, não para pedir a cabeça do Dado Cavalcanti (não mesmo, longe de mim, sei que é um início de trabalho e muito ainda tem que ser relevado), mas para mostrar que não tenho pré conceitos em analisar o desempenho de ninguém, seja ele jogador, técnico ou dirigente. Todos são profissionais e desempenham função pública dentro do esporte, passível de análise.
Sobre Dado, o que quero dizer é o seguinte: É fato que a diretoria errou ano passado em contratar num patamar que acabou sendo superior às receitas do clube, gerando a inadimplência que culminou não só com a saída de Deivid, mas com a necessidade de negociação de Urso e William. É fato que estas ausências súbitas tumultuaram o time treinado na pré temporada, assim como é fato que há uma turbulência externa que atinge os jogadores e pode refletir no campo.
No entanto, nada disso pode simplesmente ser colocado num patamar superior de importância, que nos impeça de analisar outras questões, como a continuidade no problema de lesões (conforme tratei na coluna anterior), ou mesmo alguns equívocos do técnico nesse início de trabalho.
Nas breves análises anteriores que fiz, passei rapidamente sobre o time, sempre alertando que o técnico precisava acertar a questão dos laterais e pensar na melhor forma deste time jogar.
O problema é que, já se passaram 5 jogos e nada parece ter sido repensado. As vitórias mantinham uma impressão de evolução, porém, também encobriam essa inércia tática, exatamente num momento onde necessitamos de testes e acertos já vislumbrando o restante do ano, com Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro.
O problema não é o mau resultado de ontem (o empate de 2 a 2 com o Prudentópolis), mas sim o fato desse mau resultado ter vindo por conta de uma “mesmice” tática, como se os bons resultados anteriores tivessem sido o suficiente, não importando a evolução da equipe.
Por partes...
Todos sabemos, inclusive a comissão técnica, que o Coritiba negociou seus dois primeiros volantes. Ponto. Se é culpa de Fulano, de Ciclano, se deveria ter vendido ou não... Nada disso importa agora! Estamos sem nossos primeiros volantes e isso é um fator a ser trabalhado.
O que não pode acontecer é manter Gil e Germano (dois segundos volantes) atuando juntos e deixando a zaga completamente desprotegida, como tem acontecido em todas as partidas.
Se não tem ninguém nos juniores capaz de assumir a função, Chico poderia ser muito bem utilizado por ali. Primeiro volante de origem, Chico já atuou muito no setor e com certeza fortaleceria a marcação na frente da área.
Na lateral outro problema. A manutenção de Moacyr pela direita, mesmo jogando um futebol burocrático, soa como insistência do treinador, ou por conhecer e confiar em seu futebol, ou pra justificar sua indicação.
A verdade é que, em todo jogo, a saída de Moacyr para a entrada de Victor Ferraz é garantida. Sem contar que, com esta substituição, o time evolui nas jogadas pelos flancos e, via de regra, alcança a marcação de gols.
É certo que todos os times do interior que jogarão com o Coritiba, o farão de forma fechada e com o miolo de zaga povoado. Insistir em jogadas de meio não é apenas improdutivo, como também faz com que os volantes, no afã de auxiliar numericamente o ataque, subam e forneçam campo para o contra ataque adversário (ainda mais quando os dois são segundos volantes com características de avançar).
A questão é: Esse time precisa evoluir, e pra isso, Dado Cavalcanti tem que abrir mão de alguns paradigmas seus, analisando o desempenho do time e vendo o que é melhor para este elenco.
Não se trata de o técnico impor a sua filosofia, mas sim de saber fazer a leitura do seu elenco e elaborar a melhor forma para este time, especificamente, jogar.
Com o grupo de hoje, Dado não tem o material humano necessário para implantar o seu método. Faltam um primeiro volante de qualidade e um atacante de velocidade. Porém, há outras formas do time jogar, sem depender tanto de algumas peças que hoje não constam no plantel, e é função do treinador buscar essas formas.
Não podemos simplesmente esperar o retorno de lesão de Leandro Almeida, de Roni, de Geraldo... A contratação de um bom primeiro volante... Mesmo porque, o ano é longo e é comum a ausência de certas peças.
É preciso fazer esse time jogar de diferentes formas, de acordo com as condições do momento e do adversário.
É o que eu espero de qualquer técnico... É o que eu espero do Dado Cavalcanti.
Trucar só com manilha é fácil!
Um abraço!!
Luiz Berehulka
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