
Reflexões em Verde e Branco
O que mais tenho lido de ontem pra hoje (aliás, desde o empate contra o Fantasma, apenas intensificado ontem), é que tudo está errado! Que o Marquinhos Santos não é técnico para o Coxa, que os jogadores trazidos são medíocres, que a Diretoria não “levanta” e faz alguma coisa... que assim vamos cair pra segunda divisão... que o Alex é o único que se salva nesse time.
Sobre o clássico, que foi um “amontoado”, que o técnico não sabe escalar, não tem nenhuma jogada, que o time é isso aí mesmo, que contra Galo Mineiro, São Paulo, Corinthians e cia, iremos passar vergonha.
Bom... bem resumidinho o que está “rolando”, aqui minhas ponderações:
1 – Não! Não está tudo errado! Óbvio que tem coisa errada, e, na minha visão, passa principalmente pela motivação e pela sensação de que o Paranaense o Coritiba pode ganhar a hora que bem entende. E isso, obviamente, está muito distante da questão técnico/tática.
2 – Também não me convence as inúmeras teses de que o Marquinhos não pode ser técnico do Coritiba, mesmo porque, a tese mais batida tem relação com a idade, e isso, me desculpem, não é demérito ou sinônimo de incompetência.
O Marquinhos teve excelentes trabalhos na base, trabalhos estes que o galgaram à seleção brasileira de novos, com bons trabalhos em nível nacional, que o qualificaram para assumir o Coritiba.
Tanto é que, em meio ao caos do ano passado, o Marquinhos teve capacidade suficiente de corrigir a rota “no limite” e nos salvar do descenço! Óbvio que nem tudo pode ser aplaudido, e os erros devem mesmo ser cobrados (até para um aprimoramento do time), mas essa execração em cima do Marquinhos, é completamente injusta.
Não há prova maior do que a própria entrevista coletiva do Alex, após o jogo, onde isentou o técnico e cobrou sem pudor os jogadores, pelos erros individuais e pela postura com que jogaram (e têm jogado).
3 – Os jogadores trazidos não prestam, e a Diretoria é omissa? Tudo bem, tiremos o Alex (ele quis vir, não foi trazido, como alguns teorizam)... vão dizer que, numa virada do ano, a contratação de Dario Botinelli do Flamengo, o repatriamento do Leandro Almeida (vindo do Dínamo do Kiev), a manutenção do Deivid, do Rafinha, a aposta no Julio César (que tinha um cartaz enorme no Figueira), não é sinal de um bom trabalho efetuado pela diretoria?
Se algumas peças não estão rendendo o esperado, como é o caso do Julio César, principalmente, não se pode culpar o trabalho que fora realizado no intuito da montagem de um elenco forte!
Usar o não rendimento de alguns atletas vindos, para pichar todo um trabalho do departamento de futebol, é COVARDIA. É o chamado “engenheiro de obra pronta”, que na hora da coisa errada, é o primeiro a apontar, mas no início, jamais se manifestou a favor ou contrariamente. Aí fica fácil criticar.
Dito isto, vamos ao jogo:
O jogo de ontem, realmente foi lamentável. E espero, sinceramente, que esse sentimento de lástima, não esteja só em mim, em nós... mas em todos os jogadores, comissão técnica e diretoria.
Mas a decepção maior foi ver um time sem ímpeto, assistindo o adversário jogar e com aquela mania de achar que consegue ganhar na hora que bem entende. Esse tem sido o principal problema do Coxa este ano. Talvez por (mesmo que inconscientemente) considerarem o Paranaense como “fácil”, o time não mostra o empenho NECESSÁRIO para uma equipe impor a sua superioridade.
Realmente, além deste ponto (e aqui vai minha crítica ao técnico), percebo que está faltando uma maior variedade de jogadas. Com o Alex na meia, percebemos todo mundo procurando o capitão (principalmente o Robinho) para passar-lhe a bola e dar prosseguimento à jogada. Caso não consiga, é invariável o lançamento para o Rafinha e a tentativa de uma jogada individual.
Percebam que, contra o J Malucelli, sem o Alex, o time teve um toque de bola mais envolvente e preciso... a mesma coisa aconteceu no segundo tempo de ontem, quando o Alex partiu para jogar mais à frente, quase que como um avante!
Não estou dizendo que o problema é o Alex, longe de mim, mas acredito que o TIME (como um todo), precisa se desvencilhar um pouco da figura do Alex, e jogar mais coletivamente. Acredito que isso seja inconsciente, mas é um ponto que eu tenho percebido há algum tempo.
No mais, sigo tentando não “caçar bruxas”, mas é fato que a partida do Pereira e do Willian foi abaixo da média. No lance dos dois primeiros gols paranistas, o Pereira está marcando de longe, frouxamente, e assiste o avante do Paraná fazer tudo. No segundo é ainda pior, porque a bola resvala nele, e ele sequer prossegue no lance para marcar o atacante que está livre às suas costas.
Da expulsão não há nem o que se comentar, simplesmente DESTRUIU o ímpeto Coxa, que àquela atura, tinha tudo para virar a partida.
O William, apesar da falha bisonha no terceiro gol, não foi este seu maior erro (afinal, o tal do Rubinho, não acerta outro chute daquele na sua carreira), mas sim nos outros tantos lances, onde marcou de longe e não deu a necessária cobertura à cabeça de área. Observem que, no primeiro gol, na imagem por baixo, apesar da falta de marcação do Pereira, pode-se reparar o William longe, fora da área, atrás até mesmo do árbitro.
Somando-se estas falhas individuais, à excelente jornada do goleiro paranista, o resultado foi o desastre que vimos.
Mas da mesma forma que não podemos encobrir os erros, não podemos simplesmente ignorar fatos importantes, como a correção de postura do time na segunda etapa, que cresceu, buscou um resultado de 2x0, e só não virou pelas falhas individuais que já foram listadas.
Agora é acalmar um pouco essa afã de que tudo está errado, corrigir os problemas, e seguir rumo aos nossos objetivos, que jamais saíram do caderno de metas!
Só uma observação: Essa história de que “só o Alex joga” é outra coisa que já ta passando do limite. Ao que me consta, apesar de ter sido dele os dois gols de ontem, não foi ele que cruzou as bolas, assim como não foi ele que “deu estrutura” para o meio campo a partir do intervalo, assim como não foi ele que taticamente anulou a estratégia do Paraná na segunda etapa.
“Dai a César o que é de César”... mas nem tanto... o cara é craque e tem sido o nosso diferencial, mas isso a desmerecer todo o resto, é leviandade.
Um abraço!!
Luiz Berehulka
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