
Reflexões em Verde e Branco
Tenho pra mim que isso já virou muito mais uma bandeira oposicionista do que, de fato, uma reivindicação. E que fique claro, que não vejo isso apenas no Coxa, mas em todo clube brasileiro.
Vira e mexe e alguém traz à tona essa questão, geralmente recheada de viés político, com apelo extravagantemente populista. Digo isso porque, sempre que alguém invoca esse tema, intencionalmente esquece-se de mencionar que, hoje em dia, não existe mais “ingresso” no futebol.
Faz tempo que o futebol afastou-se dos outros tipos de “espetáculo”, não apenas por não ser esporádico, mas por seu caráter perene, profissional e de relação direta com seu público entusiasta. E isso não se resume a Brasil. É um panorama mundial e que, do lado de cá, até demorou para que se moldasse aos ditames atuais.
Futebol é caro, é muito caro, e se torna inviável caso não haja um equilíbrio financeiro e um aporte de receitas que englobem as quotas de televisão, as premiações por torneios, os patrocínios e, principalmente, o quadro associativo.
Não é novidade pra ninguém que há uma enorme disparidade entre clubes no que se refere às quotas de transmissão pela televisão. Essa diferença abissal interfere diretamente em outras receitas (como as premiações e até mesmo patrocínios).
Neste panorama, é claro e cristalino que, o quadro associativo é a grande “carta de alforria” dos clubes, pois se libertam (teoricamente) da dependência das quotas de TV, alcançando o necessário aporte financeiro com aquilo que tem de mais importante, que é a sua torcida.
Pode-se dizer que, hoje em dia, o profissionalismo no futebol atingiu tal ponto que englobou até mesmo o torcedor. Afinal, tão importante para a manutenção de um clube quanto seus patrocínios, está o seu torcedor e a contribuição que este garante.
O tempo do ingresso no guichê já não existe mais, pois já não interessa para clube nenhum a receita esporádica e a dependência de uma grande bilheteria. Ao contrário, é vital a receita constante e independente do apelo que cada partida proporciona.
Por isso mesmo, não só o Coritiba (mas principalmente, pois é este o foco aqui), mas praticamente todos os clubes minimamente profissionais do mundo, implantaram e/ou implementaram a filosofia do sócio torcedor, setorizando o estádio e diversificando as modalidades de planos, num intuito de atender a todos os tipos de torcedores.
No Coritiba, há planos de R$ 9,90 a R$ 180,00, atendendo desde aquele torcedor esporádico, até aquele fiel que intenta participar de todas as partidas. Com isso, praticamente 73% da capacidade do Couto Pereira, hoje, está tomada por seus sócios torcedores, o que garante uma renda até maior do que a tão necessária quota de TV.
Restando cerca de 37% da capacidade, é óbvio que a lei da oferta e da demanda dita os valores de mercado. Por isso mesmo, não há segredo: O ingresso avulso é caro e, conforme a colocação do time e a disputa por títulos, a concorrência para adquiri-los é gigantesca, oque inflaciona ainda mais o produto.
Como exemplo, um sócio que paga R$ 70,00 por mês (arquibancada), assiste no mínimo dois jogos neste período. R$35,00 por jogo não é nada tão caro assim (isso sem contar que em alguns meses pode haver 3 ou até 4 partidas). Há planos para crianças, mulheres... Até um plano com “sócio extra” que dá o direito de levar qualquer pessoa junto com a outra carteirinha. Assim, se é pra falar em "preço de ingresso" (mesmo que por analogia), pode-se dizer que hoje, o ingresso mais barato no Coxa varia em torno de R$ 35,00 (podendo ser mais barato, caso o mês englobe mais partidas).
Portanto, debater sobre o valor do ingresso avulso ou usar isso como pleito, chega a ser um contrassenso!
O futebol mudou, a filosofia do “torcer” também... Hoje a relação é de simbiose, e o time precisa tanto da sua torcida quanto ao contrário.
Seja sócio! Não só acompanhe seu time, mas faça parte dele!
Um abraço!!
Luiz Berehulka
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