
Reflexões em Verde e Branco
Vamos por partes, com a parcimônia que um tema complexo exige. Encerrou-se a primeira parte do projeto alviverde para o ano de 2014, e, com ela, algumas constatações que abrangem prós e contras.
Primeiramente, há que se reconhecer que o Clube seguiu à risca o que propôs: Manteve os times titular e reserva em intensiva preparação na cidade de Foz do Iguaçu, enquanto um elenco alternativo (com atletas predominantemente vindo das categorias de base) fez as cinco primeiras partidas do Campeonato Paranaense.
A obediência ao projeto é algo a ser louvado, pois denota que o Coritiba tem um plano traçado para o ano de 2014, claramente preocupado com a queda de rendimento que todo ano assola o time no segundo semestre.
A passionalidade nos faz remoermos por dentro com uma derrota num Atletiba. É normal, somos torcedores. Anormal seria a diretoria do Clube ter essa passionalidade e abandonar o projeto de metas traçadas, apenas para ganhar um clássico.
Não precisamos disso.
Temos uma margem enorme de vitórias sobre o rival. Uma a mais, uma a menos não importa quando se tem um norte muito maior.
Agora vem o elenco principal. Obviamente, toda a preparação não traz o entrosamento de jogo, haverá um período de adaptação... Mas não se espera nada menos do que um salto de qualidade ao que temos assistido.
Se a preparação completa do time principal e a frieza da cúpula diretiva em manter os planos (independentemente dos dois clássicos que constavam na tabela) merecem louvor, a performance do time que disputou esse início de paranaense é digna de todas as críticas.
Vamos primeiramente entender que um elenco sub 23 não é um time de juniores. São jogadores jovens (é verdade), meninos muitas vezes, que não haviam tido uma chance de sequência, mas praticamente todos já com idade para integrar qualquer elenco profissional do Brasil.
Por isso mesmo escrevi algumas vezes sobre “a grande chance” de alguns em mostrar futebol e avançar do estágio de “promessa” para “realidade”.
Infelizmente, posso dizer que nenhum do que atraíam nossa “esperança”, corresponderam.
Denner ainda mostrou alguma qualidade e pode ser um reserva útil para uma necessidade de elenco, Maykinho (antes de se contundir) deu sinais de que pode ser um bom atacante de velocidade, Bonfim é bom zagueiro e William Menezes (que não é sub-23) mostrou que sua contratação junto ao Taubaté foi um grande acerto. Arrisco a dizer que o Vanderlei ganhou uma excelente sobra para esta temporada.
De resto, infelizmente, acredito que somente ares novos podem resgatar algo de bom que esses meninos ainda possam ter guardado.
Não se trata de sentenciar ninguém como sendo mau jogador, longe de mim. Mas numa situação como esta, onde o Clube deu um início de um importante Campeonato para eles mostrarem seu valor, o mínimo que se esperava era gana, vontade, empenho e dedicação total em campo.
Porém, o que se viu foi um total descompromisso. Como veteranos, que nada mais tem o que provar, as jovens “promessas” alviverdes desfilavam em campo, abusando dos passes lateralizados e da total falta de iniciativa.
Esqueceram-se eles que, muito mais do que a técnica apurada, é a transpiração dentro de campo que diferencia o jogador comum, dos ídolos!
Zambiasi, por exemplo, jamais se sobressairia por sua técnica... No entanto, após duas suturas à beira do gramado (sim, naquela época não tinha cola especial e touca de borracha, era na base da agulha e linha), terminou um jogo contra o Bahia, com os dois supercílios abertos, cabeceando a tudo e a todos naquela zaga do Coxa, mostrando ali que poderia faltar tudo, menos raça e vontade de dar seu melhor. E por isso ele é lembrado até hoje, e será lembrado para sempre!
É... Como numa plantação, às vezes a safra não vinga. A planta até está verdinha, mas seus frutos minguaram.
O empenho do Coritiba em formar essa geração de jogadores, não vingou. Até usam seus bonés de aba reta e suas camisas da Ombongo, mas seu futebol...
Pra fechar, vou falar do Zé Carlos.
Não queria criticá-lo, parece ser “gente boa” e estava ali apenas para “cumprir ordens”, mantendo o time de meninos em teste nesse início de Paranaense. Porém, ao ouvir que ele será o auxiliar técnico do Dado Cavalcanti, não pude deixar de analisar seu trabalho.
O jovens jogadores têm sua (grande) parcela de culpa... Mas muito da má jornada desse time nestas cinco partidas, se deu por equívocos crassos na montagem da estrutura tática.
Era notório que o meio não se conectava com o ataque, e isso, apesar de apontado já no primeiro jogo, manteve-se até a vexatória apresentação no clássico deste domingo.
Bartola vinha entrando bem e nunca tinha chance de jogar, Luisinho era aguardado por seu desempenho e não teve sequer uma oportunidade...
Substituições no estilo “6 por meia dúzia” e a clara incapacidade de alteração estratégica durante as partidas, me deixam muito receoso em tê-lo como auxiliar no elenco principal.
Vê-lo roer as unhas enquanto o time clamava em campo por alguma instrução, chegava a dar angústia!
Enfim, como muitos falam: Categorias de base serve para revelar atletas, e não almejar títulos! Pois bem... Então, se for para Zé Carlos exercer suas funções nas equipes de baixo, não questionarei sua capacidade de revelar e garimpar jovens promessas. Porém, no time principal, com todo o respeito que a pessoa do Zé Carlos merece, não vejo nenhuma condição.
Desculpem o texto longo. Todo final de ciclo é assim e torna-se difícil uma análise sucinta.
Agora é que o ano começa... Agora é que começaremos a ver até onde podemos chegar em 2014.
Um abraço!!
Luiz Berehulka
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