
Reflexões em Verde e Branco
Em minha coluna de 25 de setembro de 2013, após levantar o assunto em coluna ainda mais anterior, conjecturava acerca da “verdade absoluta” do dito “trabalho de longo prazo”:
“Será mesmo o “trabalho de longo prazo” uma verdade absoluta, ou fomos induzidos a absorver esse paradigma por conta da necessidade, uma vez que a crise econômica mundial (que também afeta, e muito os clubes de futebol) obrigava a manutenção de profissionais, evitando o ônus de rescisões sucessivas?”
Trago essa questão novamente à tona por conta dos acontecimentos desta semana. A vitória do Coritiba, que “derrubou” o técnico gremista, fez com que a imprensa novamente focasse na “dança das cadeiras” dos treinadores no Brasileirão.
É praticamente uma unanimidade entre os “profissionais da crônica” de que a troca de comando é um erro, e aí surgem fundamentos dos mais diversos. Um recorrente e interessante é: Mostrar a tábua de classificação e alertar para a “coincidência” dos primeiros serem justamente os que não trocaram de técnico, enquanto os últimos, via de regra, serem os que mais alternaram neste quesito.
Sugere-se que o fato de manterem o comando por longo tempo é a explicação da boa colocação... E vice e versa.
Posicionamento que discordo veementemente!
Eu vejo mais nexo na análise inversa: O fato de estarem bem colocados é a razão para manterem os treinadores por longo tempo.
Como na frase citada no início, acredito que a situação atual, os altos salários e os passivos trabalhistas, são razões suficientes para incutirem forçosamente a filosofia do “trabalho de longo prazo”.
O futebol não é uma ciência exata (não no campo, pelo menos). Todo o time depende de resultados, e a alternância de “fases” é dinâmica. Da mesma forma que se deve mudar atletas na busca pelo melhor desempenho em determinado setor do campo, a mudança de treinadores deve seguir o mesmo princípio e objetivo final.
No nosso caso, tivemos um péssimo trabalho de Marcelo Oliveira naquela noite da final da Copa do Brasil contra o Vasco da Gama. Absorvemos os equívocos em nome do “trabalho de longo prazo” e o que aconteceu? Um equívoco igual de concepção na armação do time custou a segunda final consecutiva.
Chegamos seguidamente por conta do “trabalho de longo prazo” de Marcelo Oliveira, ou porque tínhamos um elenco bem montado e que foi mantido por dois anos?
Esse ano seguramos Dado Cavalcanti por meses, mesmo vendo que a pré temporada fora “jogada fora” e que o desempenho do treinador era insatisfatório. Talvez, se logo que fosse detectado o mau aproveitamento da pré temporada, tivéssemos buscado uma nova opção de comando, poderíamos estar à frente do que estamos hoje em termos de aprimoramento técnico.
Trago essa análise ao trabalho de Celso Roth.
Logo que assumiu, transformou um time que sucumbia taticamente aos Maringás da vida (com todo o respeito que merece o Maringá no contexto local... Mas estamos falando do Campeão Brasileiro Coritiba), num time organizado e que fazia boas jornadas mesmo fora de casa com adversários do naipe do São Paulo.
Os resultados insistiam em não vir, é verdade... Mas o trabalho “do treinador” era facilmente percebido.
Porém, ao retornar da “pausa” para a Copa do Mundo, o time deu mostras de que não aproveitou o período de treinamentos, perdendo em casa para o Figueirense. Isso tornou o jogo contra o Grêmio chave para a leitura de momento.
Confirmar-se-ia ali a má fase e o mau trabalho de Roth (pelo menos no que se esperava dele por conta desta “intertemporada”)... Ou não!
Uma demissão naquele ponto seria natural... Mas a resposta que o time deu em campo (vencendo fora de casa) fulcrou a competência do treinador e garantiu a continuidade do trabalho.
Futebol é simples, é pratico. Muitas das “filosofias” e “elocubrações” são mais folclore de quem vive disso e precisa garantir assunto, do que o reflexo da realidade.
Jogador é bom ou não é. E mesmo um bom jogador pode “não funcionar” em determinado time ou em determinado momento. A troca é certa, é justa.
Com treinador, a mesma coisa.
Aos que hoje “endeusam” Ney Franco, lembro-lhes que o mesmo "derrubou" o Coxa no ano anterior, insistindo com o seu “homem de confiança” Jaílton à frente da zaga (e à frente de quase todos os gols que tomamos).
Trabalho à longo prazo, ou “momentos” distintos?
Para refletir...
Um abraço!!
Luiz Berehulka
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