Tá Ligado!
O Coritiba está com um time um pouco mais encaixado, mesmo enfrentando alguns problemas similares há alguns anos atrás, ou melhor, há algumas décadas. Continua com uma deficiência na parte defensiva, falta de opções no banco de reservas, mudanças de diretoria e preparação para o campeonato na série B. Essa reforma ainda vai longe e cabe ao técnico juntamente com sua equipe, fazer essa integração entre atletas e observar quem é a pessoa certa na sua respectiva posição. Não acho que seja a hora do Guto sair, pelo menos ainda, pois essas coisas levam tempo, nós que estamos sem paciência. Sabe aquelas brincadeiras que perguntam quem você escolhe para namorar, casar e matar? É o Guto jogando com o Coritiba.
Ao ouvir um dos pós jogos contra o Cascavel do COXAnautas, o Honório, Schumak e o Marcelo comentavam sobre uma grande questão: Por que não temos mais jogadores como antigamente? Por coincidência a mesma pergunta surgiu num café entre a minha família, na mesma semana. Tio Rodrigo e Tio Ricardo ao desabafar sobre o futebol moderno acabaram se perguntando a mesma coisa, como o Coxa deixou de formar jogadores, craques ou times encaixados para formar atletas que correm rápido, que saltam alto, mas que não chutam no gol.
A verdade é que há duas décadas o Coritiba vem sofrendo com os mesmos problemas, um exemplo é o fato de não formar mais jogadores e sim atletas. Eu explico; antigamente, sem tanta tecnologia disponível, as pessoas brincavam mais nas ruas, corredores, pátios de colégios, campos de brita e quadras de areia, disputando jogos de futebol com os pés descalços, bolas de meia, latinha, ou qualquer material que se aproximasse do formato de uma bola, o ponto é que todos inventavam um meio de driblar o seu adversário e desenvolver suas habilidades, jogavam em todas as posições não importando se eram canhotos ou destros. Os olheiros trabalhavam na percepção da capacidade motora e visão de jogo, muitas vezes percorrendo mais o interior do estado em busca dessas pessoas, conseguindo construir habilidades e talentos, com os que se esforçavam aproveitando as oportunidades que surgiam.
Atualmente, o mercado encontra-se saturado de atletas e não de jogadores, às vezes a peneira pode escolher por categorias quantitativas como altura e potência e não qualitativas como a afinidade com a bola e leitura de posicionamento no campo. Outro fator, que eu concordei com a live e com o Rodrigo, é de que os pais possuem mais recursos financeiros e pagam para colocar as crianças em escolinhas de futebol, que desenvolvem capacidades físicas e motoras, mas falham em desenvolver habilidades inerentes ao futebol. Hoje eles correm em zigzag, passam por cones e tocam a bola de ladinho, antigamente jogavam com pessoas mais velhas sem categoria de idade, tinham que solucionar problemas e enfrentavam o marcador, sabendo como se proteger até de divididas e trombadas corpo a corpo. Então ficamos nesse processo de atletas e não jogadores, Ricardo comentou que os atletas são parabrisas, correm para um lado e voltam, fazem um arco em campo correndo e voltando para a sua posição, tocam a bola sem produtividade apenas para diminuir a chance de serem culpados por um erro. Tenho pena dessa nova geração (e eu estou inclusa nela), onde se perderam os dribles, pedaladas, chapéus e tantos outros recursos do jogo. Posso dizer que os “atletas” estão na moda e a moda é toquinho, passes curtos, chuveirinhos na área e correria sem dribles e produtividade.
Eu espero, num saudosismo latente, que um dia o nível de futebol volte a ser como antigamente, que voltem com os jogadores profissionais, que amam e compreendem o futebol, aqueles que dão uma verdadeira esperança de mudança para o clube. Como disse uma vez o craque Alex, num vídeo preparando o seu assado, o jogador profissional é quem mexe com as emoções dos outros, aquele jogador que faz você sair de casa para vê-lo jogar, de tão bom, que possuem o poder de transformar uma partida em um espetáculo.
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