
Visão Feminina
Hoje trago o depoimento de Rodrigo Salvador, companheiro de twitter, bacharel em Matemática Industrial, e Coxa-Branca de coração. Ele conta porque foi virar torcedor do clube mais tradicional do estado com belas palavras. Confiram:
"Eu não escolhi o Coritiba. O Coritiba me escolheu. Não queria começar com um chavão, mas o Verdão me perseguiu através do melhor cara que conheci na vida, e me escolheu antes que eu soubesse.
Escolher o time do pai para torcer é o momento em que se deixa de ser criança pra se tornar gente. Não que escolher um time diferente seja ruim, mas uma parte do brilho se perde. Eu não procurava um time para torcer, só gostava de futebol. E o Coxa sempre estava lá. No meu pai, no meu melhor amigo, no diretor da minha escola, no estádio perto de casa, no Atlético do guri que eu não gostava. Mas principalmente no meu padrinho.
Anizio me levou ao Couto em 01/09/96, Coritiba 1x3 Santos. Minha lembrança: Torres de fumaça verdes e brancas distribuídas ao longo da Mauá, exatamente na minha frente, encobrindo a entrada do time e depois se abrindo, como cortinas que se abrem pra um show. O primeiro grande espetáculo da minha vida. O suficiente pra me fazer comemorar até hoje o gol que abriu o placar.
Anizio é uma figura muito importante na família. Irmão mais velho do meu pai e de mais 3 irmãos, além de uns 9 meio-irmãos, ele é na prática pai para todos, inclusive esposas e filhos, com conselhos, ajudas e proteção incondicional. A figura mais próxima d'O Poderoso Chefão que conheci.
Apesar de meu pai dizer que os três times da capital mereciam respeito e torcida, quem era eu pra discordar do meu padrinho quando ele dizia que o Coritiba era o verdadeiro time de futebol da cidade? Me contou histórias de quando fugiu do Colégio Estadual pra chegar no Belfort Duarte em cima da hora do jogo, e me fez querer fazer igual sem pedir ou incitar.
Ir com meu padrinho no jogo era um evento enorme pra mim. E sempre vencíamos (inclusive na estréia contra o Santos, cujo placar é - pelo menos na minha memória - 1x0 pro Coxa). Em um desses jogos, costumeiramente nas sociais, o Coritiba jogava muito mais que o adversário, mas o time desceu sem marcar nenhum gol. Meu padrinho sentou tranqüilo, sereno, o contraste perfeito com minha aflição: "Como você pode estar tranqüilo? O Coxa ataca ataca e não faz!" "É que ele atacou pro gol do fundo. É aqui que sai mais gol." Adiantava duvidar? O Coxa venceu por três a zero, e meu padrinho nunca me deixou esquecer isso. Quando eu ouvia jogos no rádio, me mandava prestar atenção no locutor pra sempre saber pra que lado o Coxa estava atacando.
O processo de ser Coxa-Branca foi, digamos, natural. Tentaram atrapalhar com camisas do São Paulo e argumentos atleticanos, mas o Coritiba não permitiu e sempre me cercou, principalmente através da sabedoria do meu padrinho. Tão natural que não me emocionava com os fatos.
Não até o último dia 26 de agosto, quando meu padrinho comprou uma cadeira ao lado de Deus pra ver os jogos. Depois que partiu, o Coritiba sentiu o golpe da perda de um grande torcedor, perdendo preguiçosamente para o Duque de Caxias por 2 a 0 em Joinville. Voltando ao Couto, me mostrou a sabedoria dele, marcando pelo menos um gol em cada jogo no gol da igreja (menos no 0x0 contra o Paraná)
Ser coxa-branca, hoje, é motivo de orgulho, respeito e agradecimento, por ter vivido ao lado desse grande conhecedor da vida."
Obrigada, Salvador por compartilhar sua bela história e colaborar com o blog Visão Feminina.
Acho bacana ver como tem histórias bonitas que envolvem torcedores e o Coritiba. Se você, leitor coxanauta, tiver uma história legal sobre como o Coxa entrou no seu coração e vontade de compartilhar com a gente, faz virar texto e entra em contato comigo ;) pode ser pelo twitter.com/pamelafranco
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)