
Visão Feminina
Minha família, uma típica família paranaense, era dividida. De meus 4 irmãos homens, 2 torciam para o Coxa e 2 para o A. Paranaense; meu pai, Coxa-Branca, e minha mãe, sempre neutra  (desconfiava que era pra não deixar nenhum filho triste).
Meu irmão mais novo, o Ernani, é que despontou em mim esse amor incondicional ao Glorioso Alviverde. Muitas vezes vi  ele sair de casa no domingo bem cedo (nós morávamos a 140km de Curitiba), pra assistir aos jogos no Couto. Em uma época em que tudo era difícil, a grana era curta, vi meu irmão comprar tecido verde e branco e pedir pra uma costureira montar uma bandeira. Depois, achou alguém para pintar o símbolo do Verdão no centro.
Aí veio o título de 85. Eu tinha 14 anos à época (pronto, contei minha idade). Lembro-me que na cidade e em toda a região Sul do Paraná, acabou a energia elétrica no início do jogo, e voltou somente no finalzinho, na cobrança de pênaltis. Há quem diga que foi coisa armada, mas eu não vejo assim pois lembro que naquela grande noite, meus quatro irmãos comemoraram juntos a conquista do Brasileiro pelo Coritiba. A rivalidade era sadia - estavam todos contentes com a vitória de um time do Paraná.
Depois disso, meu irmão me deu sua antiga camisa e comprou uma nova. E ele a usava todos os dias. Quando sujava, ele chegava em casa à noite, pedia pra minha mãe lavar e pendurar à beira do fogão de lenha para secar, pois no outro dia ele iria usá-la novamente.
E assim se passaram muitos dias, meses, anos. E assim eu fui amando cada vez mais o Coritiba. 
Em 1987, uma grande tragédia em nossa vida: o Ernani morrera em um acidente. Uma  perda irreparável, sem dúvida, mas eu levo no coração muitas boas lembranças dele. E também ainda guardo com muito carinho a herança que me deixou: a bandeira em verde e branco e  o vinil com a narração da conquista de 1985, na voz do grande Lombardi Junior, que  já tomei o cuidado de remasterizar e tenho guardado em meus arquivos digitais.
Hoje, casada com o Gustavo, também Coxa Branca (às vezes brinco que só casei com ele por que era Coxa), procuro dar continuidade a esse legado de amor pelo Coritiba,  mostrando aos meus dois filhos – de 5 e 7 anos - a grande emoção de fazer parte dessa grande massa Alviverde. E os dois demonstram isso a todo momento:  torcem, vibram, cantam os dois Hinos e até já convencem alguns amiguinhos a seguirem o mesmo caminho. Estou fazendo minha parte, até como forma de retribuição a quem me tornou Coxa Branca de coração! 
E qual foi a minha surpresa ao ser convidada para manter, em parceria com a Pamela, o blog Visão Feminina, mais uma inovação do Coxanautas, o site da Torcida do Coritiba. Os administradores depositam em mim uma grande confiança. Espero corresponder à altura e fazer desse espaço a voz feminina das meninas que como eu, são apaixonadas pelo Verdão do Alto de Tantas Glórias.
Homens,também podem opinar; ou quem sabe, "cornetear". Estamos prontas pra receber a opinião de todos.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)