Máquina do Tempo
Por: Kerwin Kuhlemann
Há 20 anos atrás, o Coritiba recebia o Santos no Couto Pereira em busca da classificação entre os oito melhores daquele campeonato. O time alviverde era dirigido por Paulo Bonamigo, último treinador a levar o Coritiba a uma Copa Libertadores da América. Já a equipe santista era comandada por dois jovens que se transformariam nas maiores revelações daquela temporada, conduzindo alvinegro praiano ao título brasileiro.
O jogo começou com o time visitante carimbando o travessão de Fernando Prass logo aos 3 minutos com o meia Diego, indicando que não seria uma noite fácil para a equipe Coritibana. Logo depois, após nova jogada desta vez de Robinho, o goleiro Coxa Branca fez uma grande defesa mantendo o placar zerado no Couto. No entanto, aos 23 minutos o volante Tcheco derrubou Robinho na área cometendo o pênalti, que o meia Diego cobrou sem chances para Fernando.
A situação que já era ruim para o Coxa ficou pior ainda 4 minutos depois quando Diego desviou um cruzamento de Maurinho e ampliou para a equipe santista. Na comemoração, o atual meia do Flamengo hoje chamado de Diego Ribas, provocou a torcida da casa comemorando em cima do símbolo do Coritiba que ficava em frente da torcida império alviverde, irritando a todos os 12 mil torcedores que marcavam presença no Couto Pereira. Depois do gol as vaias tomaram conta do estádio, sendo que a maioria delas eram direcionadas ao lateral direito Reginaldo Araújo, alvo costumeiro do torcedor naquela época.
Apesar do cenário desfavorável, as coisas começaram a mudar para o lado alviverde aos 35 minutos quando Tcheco foi derrubado por Maurinho dentro da área, e Leonardo Gaciba assinalou pênalti para a equipe Coxa Branca. Lúcio Flávio bateu e bola bateu na trave direita antes de balançar as redes, diminuindo o prejuízo. A partir daí o jogo pegou fogo e aos 40 minutos Edinho Baiano empatou a partida aproveitando cruzamento de Lúcio Flávio para alegria da torcida Coxa. Quando todos esperavam que o primeiro tempo terminasse empatado, eis que 1 minuto após o empate, Tcheco encontrou Reginaldo Araújo livre no ataque pelo lado direito da área. Ao receber a bola, o lateral chutou de primeira sem chances para o goleiro Júlio Sergio, decretando a virada do time alviverde e fazendo a torcida Coxa Branca explodir de emoção. Na comemoração, o lateral virou para as sociais apontando para o pulso, mostrando que era um jogador com brio e sangue alviverde.
No segundo tempo, houve tempo para Lima fazer uma boa jogada e chutar para a defesa do goleiro santista, que rebateu nos pés do atacante Da Silva que não perdoou e fechou o caixão do time da Vila Belmiro, fazendo 4 x 2.
Esta partida ficou marcada não apenas pela virada espetacular do Coritiba, mas por um fato muito curioso ocorrido nos minutos finais da partida. O atacante Jabá, que havia sido contratado pelo Coritiba junto ao União Bandeirante ao final do Estadual, entrou no segundo tempo e como de costume provocava os adversários na tentativa de cavar faltas e ganhar tempo. Numa jogada dessas o jogador Coxa Branca levou a bola próximo a região de escanteio e ficou aguardando a ação dos zagueiros santistas que o cercavam. Ao passar o pé sobre a bola no melhor estilo Garrincha, o atacante foi surpreendido por uma ação bizarra e totalmente ilegal por parte do árbitro Leonardo Gaciba, que paralisou o jogo, amarelou o jogador e deu a posse da bola ao time santista, alegando conduta antidesportiva. O fato virou manchete nacional e é lembrado por muitos torcedores como uma das condutas mais absurdas da arbitragem brasileira contra o time do Alto da Glória.
Ficha técnica
Coritiba 4x2 Santos - 11 de setembro de 2002.
Estádio Couto Pereira
Coritiba: Fernando, Reginaldo Araújo, Pícoli, Edinho Baiano e Adriano; Reginaldo Nascimento, Roberto Brum, Tcheco e Lúcio Flávio; Lima e Da Silva (Jabá). Técnico: Paulo Bonamigo.
Santos: Julio Sérgio, Maurinho (Wellington), Alex, André Luís e Léo; Preto, Renatinho, Elano (William) e Diego; Alberto e Robinho. Técnico: Emerson Leão.
Gols: Diego (SAN) (2) 23/1 e 29/1, Lúcio Flávio (CFC) 35/1, Edinho Baiano (CFC) 40/1, Reginaldo Araújo 41/1 (CFC) e Da Silva (CFC) 19/2.
Público pagante: 12.012 pessoas.
Árbitro: Leonardo Gaciba.
Editorial COXAnautas
Melhores Momentos da partida:
https://www.youtube.com/watch?v=l-Jco3_zu2w
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)