Editorial
Fim de ano sempre nos remete a análises, reflexão sobre metas alcançadas ou não, planos para o ano seguinte, fechamos um ciclo e planejamos o seguinte.
Qualquer um, com o mínimo de autocrítica, é capaz de reconhecer ou distinguir erros e acertos, mas no Coritiba parece que não.
Mesmo quando ajudado pela imprensa com suas manjadas retrospectivas, a movimentação de um ano de gestão de Samir e sua tropa, além de ser negativa, parece não obedecer o bom senso e não percebe erros e acertos. Distinguir um do outro seria o mínimo que se espera deste G5 que administra o clube. É quase como separar o bom do ruim. Nem com a experiência da turbulência vivida nas últimas semanas, correndo o risco de não terminar o ano à frente da direção do clube, 2019 dá ares de ser igual, ou até pior, tamanho o silêncio que reside clube.
Mesmo que tenham adotado a filosofia de só anunciar reforços quando certos, o mundo do futebol é tão barulhento que, dele não escaparia a movimentação de bastidores do Coritiba, na contratação ou interesse por atletas. Mesmo porque, até agora, os nomes que interessavam ao Coritiba, como um lateral, um zagueiro e um volante, tomaram outro rumo e já estão de malas prontas para outro endereço.
A realidade do Coritiba é perigosa. Clubes que até bem pouco tempo estavam num patamar abaixo, agora se nivelam. E como o mercado paranaense nunca atraiu, agora ficamos com duas dívidas: a administração do clube que não é profissional e do futebol paranaense que não puxa pra cima seus afiliados.
Durante anos, o Coritiba viveu do que seus atletas e dirigentes construíram nestes 109 anos de história. O Coritiba foi o nome do futebol paranaense. Isso se apagou e se diluiu nos últimos 15 ou 20 anos. A história gloriosa já não assusta. Os títulos, as conquistas épicas do passado, o medo que provocava a camisa com o emblema do clube, já não assustam mais. O medo do Couto, da camisa, e que a própria torcida sempre impuseram aos adversários, foram trocados pelo óbvio: pelo que de fato faz de um time vencedor que é o futebol jogado em campo. Ganha e fica no topo quem tem qualidade.
Estar no Coritiba não é mais uma exposição, uma vitrine ou o orgulho ostentado, que o futebol exigiu de seus simpatizantes. Jogar no Coritiba é menos importante do que jogar na Ponte Preta, por exemplo. Não só pela recente história, mas pela posisção geográfica porque a força que o futebol paulista tem o futebol paranaense não alcança. E tristemente, porque o nome Coritiba já não é mais uma marca de causar inveja e que assusta, como no passado.
É este momento do Coritiba que Samir e sua equipe parecem não entender.
O Coritiba tem problemas financeiros como todos os clubes, como todo cidadão brasileiro. Ao Coritiba, parece que o momento é de reerguer primeiro o nome, readquirir o respeito, chamar de volta o torcedor ao estádio, para que a nossa casa e nossa torcida voltem a fazer diferença, devolvendo o nosso maior patrimônio que está na nossa história que precisa ser pensada no presente, não mais contar do passado. O futuro com equilíbrio das finanças, só virá se o presente trouxer as glórias.
Mas o caminho para a próxima temporada parece ser o mesmo de 2018, com a burrice insistindo nos velhos erros.
O Coritiba precisa de um choque de gestão. Não será com Vilson Ribeiro de Andrade, mesmo que seja o administrador fantasma. Porque é Samir que ainda manda e Samir ainda pensa em futuro, sem se importar com o presente.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)