EDITORIAL
João Carlos Vialle tem história para contar. Independente dos fatos ocorridos em 1998 e pelos quais foi punido, Vialle tem, inegavelmente, um coração profundamente verde e branco.
Longe do Alto da Glória desde então, Vialle voltou ao futebol coritibano para a temporada 2007, da qual o resultado ansiado pela torcida Coxa com grande expectativa é a volta para a Série A.
Vialle é um conhecedor de futebol e teve bons resultados nos trabalhos que já desenvolveu no Coritiba. Agora, com o Clube imerso numa realidade bem diferente da que conheceu, ele terá de provar que continua sabendo lidar com o futebol, suas facetas. Certamente vai precisar se adaptar a algumas situações novas como, e por exemplo, a cobrança da torcida, que agora tem acesso muito mais amplo e mais rápido às informações.
Vialle precisa estar atento a este panorama. Sua declaração de que o Coritiba irá contratar, conforme já acordado entre ele e o presidente Gionédis, quatro jogadores de altíssimo gabarito, em nível de Seleção Brasileira para as disputas do Brasileirão, gerou tanto expectativa quanto desconfiança. Esta, conseqüência da falta de credibilidade da atual gestão perante boa parte da torcida, que cansou de promessas não cumpridas ao ver o time fracassar em 2006 no projeto de retorno à Série A.
São palavras de Vialle à imprensa, em 28 de dezembro, sobre as contratações para o Campeonato Nacional:"São jogadores de altíssimo nível, que estejam jogando em suas equipes e a nível (sic) de seleção brasileira. Experientes e de altíssima qualidade técnica. São jogadores de nome nacional e internacional, tem gente chegando do exterior, mas eu acredito que até dia 2 nós poderemos passar para vocês o nome deles".
No dia 4 de janeiro, uma semana depois dessas declarações, Vialle fez considerações sobre Caíco, meio-campista que está em recuperação pós-cirúrgica em Curitiba, sendo acompanhado pelo DM do Verdão.
Sobre o jogador, Vialle falou à Gazeta do Povo: "Se trata (sic) de um baita jogador, de ótimo nível técnico. E é lógico que a vinda dele para se recuperar no clube está amarrada. O São Paulo faz isso muito bem e há algum tempo: recupera o atleta para depois contratá-lo", apesar do site oficial ter noticiado a seguinte declaração do próprio Vialle: "O Caico não é jogador do Coritiba. Ele fez o pedido para realizar seus dois últimos meses de tratamento aqui e vamos dar as condições que ele precisa. Ele ficará sobre (sic) responsabilidade do DM e fará avaliações a cada 15 dias" .
Na prática, o discurso de Vialle mais confunde do que esclarece. Mais cria desconfiança do que dá tranqüilidade ao torcedor. Primeiro, porque o fato em si deixa claro o interesse do Coritiba no atleta - que vem fora do padrão definido como ideal pelo próprio coordenador de futebol do Cori, o mesmo Vialle. E ainda: Caíco não é um jogador de nível de Seleção Brasileira. Já foi - e num amistoso há mais de dez anos pela Seleção Olímpica, não a principal.
Caíco está parado há 7 meses e ainda ficará mais dois em recuperação clínica. Depois disso, terá que fazer um trabalho de condicionamento físico - que não vai durar apenas uma semana ou dez dias, com certeza. Só então poderá jogar. Se está parado, não é titular de clube algum - contrariando um dos critérios de contratação expostos por Vialle como condicionante.
Se Caíco tem mesmo um altíssimo nível técnico, é algo bom de ser discutido porque é bastante questionável. Trata-se de um jogador com boas passagens em alguns clubes, mas que também mostrou inconstância no desempenho em outros. Mas o que importa é o fato de ele não ser atualmente um jogador em nível de Seleção Brasileira - ou a convocação dele chegou a ser cogitada por alguém nos últimos cinco anos?
Temos que pensar no momento atual. Não adianta contratar jogadores da seleção de masters. E vir para não ser titular, para não ser o tal jogador fora de questão causa, além de dúvida, irritação à torcida, cansada de muito ouvir e pouco ver de prático. Para arrematar, ajuda a esgarçar um pouco mais a já bastante puída credibilidade da diretoria Alviverde.
Pelo atual momento do Clube, declarações tão bombásticas quanto apressadas podem transformar expectativa em incredulidade rapidamente. A tolerância de boa parte da torcida é zero.
Capitão Hidalgo, um jogador que virou ídolo da torcida por seu desempenho dentro de campo nos gloriosos anos 70, há cerca de um ano, na mesma função de Vialle, transformou-se em anti-herói e sinônimo de fracasso para o torcedor ao não conseguir obter do time um desempenho à altura do mito que foi como jogador e em sintonia com o discurso de sucesso que sustentou como dirigente.
Equipe COXAnautas
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)