Cartum de Tiago Recchia, publicado na edição do dia 25 de abril, na Gazeta do Povo
É cansativo repetir o mesmo discurso de que o Coritiba vai mal. Mas é necessário repetir este discurso. Por mais cansativo que seja, ele será repetido tanto tempo quanto for necessário, pois o lugar do Coritiba é a Primeira Divisão, lugar de onde nunca deveria ter saído.
Dia 12 o Cori entra em campo para iniciar a luta pela volta à Série A. E o time montado nesta temporada está muito aquém do necessário para fazer desta caminhada uma caminhada tranqüila, sem sustos, sem pesares, sem dores de cabeça e irritação da fiel torcida.
Os dirigentes coritibanos continuam repetindo os mesmos erros infantis. A repetição é tamanha que se tornou irresponsabilidade. Pior: de tão medíocre que é a situação momentânea, que a gestão do Clube parece natural. Se estão se acostumando com o fracasso, não nos convidem, pois isto não é uma festa, é um velório para a mais fiel torcida do Paraná. Mas isto só sente e sabe o que realmente significa quem já torceu do fundo do coração pelo Coritiba. Quem já pegou chuva, já chorou no minuto final, ou então, sorriu de felicidade, com um gol Verde e Branco num momento decisivo.
O Presidente Gionédis fala que é um apaixonado pelo Coritiba. Deve ter razão, pois a paixão é passageira. E só quem deixou de gostar do Coritiba pode estar satisfeito com esta situação. Diferente dele, um apaixonado, o torcedor Coxa-Branca AMA o seu Clube de coração. O amor é eterno.
A entrevista do coordenador de futebol do Verdão seria motivo para uma profunda e imediata discussão e mobilização das diversas lideranças do Clube. O que Vialle falou é um sinal de que os erros continuam na mesma, repetição do passado. Parece um disco riscado.
Mas não, Vialle falou e ninguém falou nada. Exceto, é claro, os torcedores, vozes anônimas nos bastidores do poder do Alto da Glória. Triste sina para uma torcida. As lideranças do Clube simplesmente se afastam, caladas. Abaixam a cabeça, com ares de estarem resignadas. Ou pior, com ares de quem quer ver o circo pegar fogo para, depois, se fazer fotografar com o pé sobre a cabeça do leão morto.
O Coritiba está no caminho errado. A gente fala, a gente grita, a gente reclama, a gente avisa. E os dirigentes continuam errando. Será que somos nós torcedores que estamos ficando loucos?