EDITORIAL
A trinta dias do início do Brasileiro, quando o Cori estará novamente disputando a primeira divisão do campeonato de futebol mais importante do mundo, percebe-se, por uma rápida análise, que os recursos do elenco, no momento, são parcos. Todas as espécies de provas que poderíamos ter acerca da força e do potencial do time atual já nos foram dadas.
Os testes pelos quais o time passou foram insatisfatórios. Resultados que beiram o ridículo levam o torcedor e até a imprensa especializada ao raciocínio de que o intuito do Coritiba será a fuga da série B. Há dúvidas até mesmo com relação a isso, porque o demonstrado até agora pelo time dentro de campo não é suficiente sequer para escapar da degola no difícil campeonato da série A.
Nunca é demais lembrar que, em 2005, quando o time perdeu seus principais jogadores e passou a ter resultados ruins, como uma derrota para o time reserva do A. Paranaense, e, em seguida, a derrota para o Botafogo em pleno Couto Pereira pelo placar de 3x0, toda a diretoria e a comissão técnica foram avisados de que aquele time era time para cair para a segunda divisão. Ninguém acreditou, e, quando acreditaram, era tarde, muito tarde. Quem pagou o preço foi a torcida, exatamente quem havia avisado sobre a fragilidade do elenco.
Assim como aconteceu em 2005, 2006 não foi diferente. Alguns segmentos de torcedores que tinham algum trânsito junto à diretoria e à comissão técnica avisaram que os "cabeças do elenco" iriam roer a corda no momento decisivo, e que algo de errado - até hoje não explicado - havia acontecido em Itu. Dito e feito. O time se perdeu na virada do turno, Bonamigo pagou o preço por confiar nos jogadores errados e deixamos escapar a vaga da volta à primeira divisão, simplesmente porque quem tinha a caneta à época preferiu achar que os jovens revolucionários tinham sede pelas mudanças radicais, sem medir as conseqüências.
Hoje, o cenário é pouco diferente. Os personagens - do lado de lá - mudaram, mas, o planejamento do elenco visando o perfil da competição novamente não ocorreu. O time tem sérias dificuldades técnicas, que ficam evidentes até mesmo contra adversários comprovadamente fracos, como, por exemplo, o time da Tuna Luso, que quase venceu o Coritiba no primeiro jogo da primeira fase da Copa do Brasil. Enquanto isso, do lado de cá, continuam os "jovens revolucionários" tentando demonstrar as mudanças necessárias - alguns já estão cansados, é verdade.
Portanto, para que não restem mais dúvidas sobre o alerta, dizemos novamente: o elenco tem um excesso de jogadores de meio-campo (sem qualidade), e tem uma séria carência de jogadores de ataque. A defesa é fraca, assim como os laterais. Ainda, não há nenhum jogador de experiência que tome as rédeas do grupo, ou que coloque o time para jogar naquele momento em que todos estão desligados do jogo. O time ainda não tem uma cara, um jeito de jogar, um padrão tático. Some-se a isso o baixo nível técnico de grande parte dos jogadores, o que resulta em partidas de completo marasmo ofensivo e sérias dificuldades defensivas.
Se o técnico Dorival Júnior reclama do tempo, deveria, na verdade, reclamar reforços, indicar as posições carentes e exigir as contratações, para o bem do seu trabalho. Tempo ele já teve o suficiente para, pelo menos, dar um padrão tático ao time, o que não se observou em nenhum momento.
Quantos times da série A estão tecnicamente tão mal neste momento? Hoje, de quantos times o Coritiba arrancaria pontos fora de casa? Contra quantos destes o Verdão asseguraria os três pontos em casa? Para quantos dos times o Coxa conseguiria pelo menos não perder no Couto Pereira?
O problema é grave! Tão grave quanto evidente. A urgência do conserto de tudo isso cresce a cada dia na mesma velocidade em que crescem as cobranças pela montagem de um elenco que possa nos garantir o mínimo de dignidade na disputa do Brasileirão.
Por isso, são tão claras as dificuldades e as carências que não é possível de se admitir que quem está lá dentro do Clube não esteja vendo que dessa forma o Coritiba caminha a passos largos para passar o ano mais importante da sua história na segunda divisão, ou, ainda, com tamanha fragilidade, poderemos passar o aniversário dos 99 anos virtualmente rebaixados.
Equipe COXAnautas
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)