EDITORIAL
Muitos dos torcedores e comentaristas que defendem a permanência de Guilherme Macuglia no comando técnico do Coritiba sustentam seu posicionamento na seqüência de 12 partidas em que o Coritiba está invicto. Por conta disto, e com base na frieza dos números, a equipe COXAnautas resolveu fazer esse comparativo com os três anos anteriores, para mostrar que a seqüência invicta é ilusória, e o Coritiba não está tão bem assim quanto talvez possa parecer, graças à atual invencibilidade.
Esta análise é baseada apenas nos números do Campeonato Paranaense, até porque o nível dos adversários é mais ou menos parelho, ao contrário da Copa do Brasil, onde o avanço na competição depende bastante da sorte no sorteio das chaves.
Avaliando o desempenho do Cori somente no Campeonato Paranaense, de 2004 pra cá, o aproveitamento do Coritiba em 2007 somente é superior ao do ano passado - e, mesmo assim, a diferença é pouca.
Vejamos os números:
ANO | J | V | E | D | GP | GC | AP (%) |
2004 | 16 | 11 | 4 | 1 | 28 | 15 | 77,1 |
2005 | 19 | 12 | 5 | 2 | 32 | 15 | 71,9 |
2006 | 18 | 9 | 4 | 5 | 27 | 20 | 57,4 |
2007 | 19 | 9 | 7 | 3 | 38 | 26 | 59,6 |
2004 e 2005: a era Antonio Lopes
Nos anos de 2004 e 2005, o treinador do Coritiba foi Antonio Lopes. Embora grande parte da torcida não gostasse do mesmo, Lopes teve aproveitamento superior a 70% nos dois campeonatos.
Em 2004, tinha em mão um time com alguns bons valores oriundos das categorias da base, como Miranda e Adriano, e um ataque poderoso, com o experiente trio Luiz Mário, Tuta e Aristizábal. O time se sagrou campeão com 77,1% de aproveitamento, tendo sofrido apenas uma derrota, contra o Iraty, na estréia de Lopes no comando técnico do Cori. Portanto, pelo Paranaense, o Clube teve uma seqüência de 15 jogos sem derrota.
Em 2005, o Coxa também tinha uma equipe razoável, mas o ataque era formado por jogadores desconhecidos, e que, no decorrer da temporada, mostraram não ter condições de vestir a camisa alviverde (Marciano, Luiz Carlos Bombeiro, Nunes, entre outros). Mesmo assim, o time teve aproveitamento de 71,9%, e só não se sagrou tricampeão por detalhes, na final contra o A. Paranaense(incoerência do treinador ao escalar Pepo com a 10; pênalti não marcado em Nunes, no final do segundo tempo da prorrogação; incompetência dos jogadores coritibanos na decisão por pênaltis). E, ainda assim, foram somente duas derrotas, sendo uma delas na final, na casa do adversário - portanto, somente uma derrota para equipes do interior. O bom desempenho no Estadual não se refletiu no Brasileiro, no ano em que o Coxa acabou rebaixado à Série B.
2006: fiasco no regional!
Em 2006, primeiro com Márcio Araújo e depois com Estevam Soares à frente da equipe, o desempenho foi pífio. 5 derrotas em 18 jogos, e a eliminação diante da ADAP nas semifinais, deixando o caminho livre para o P. Clube voltar a ser campeão paranaense - em que pese a péssima arbitragem no segundo jogo das semifinais. No entanto, há um atenuante para os treinadores: a equipe de 2006 foi a pior, do Coritiba, que foi vista disputar o Paranaense desde que o Coritiba voltou a ser campeão, em 1999, após longo jejum. Ludemar, Guaru, Julio Madureira, Julinho, Diogo... todos jogadores contratados para a disputa do Campeonato Paranaense, mas que serviram apenas para provar que, quando o assunto era olheiro, o Coritiba estava mal. Os únicos momentos em que a equipe esteve bem foram os em que brilharam a dupla Renan e Keirrison. Com a contusão de Keirrison, o rendimento voltou a cair, e a equipe chegou às semifinais meio que "aos trancos e barrancos".
2007: muitos gols, e muitos empates
Na atual temporada, já sofremos três reveses no campeonato, todos para equipes do interior (Rio Branco, Galo/ADAP e Cianorte). O primeira fica na conta de Gilberto Pereira. Os demais foram sob o comando de Macuglia. Percebe-se que o Cori 2007 marca muitos gols (veja no comparativo com os anos anteriores que o ataque de 2007 é o melhor disparado - bem melhor, inclusive, que o do ano de 2004, com o badalado trio de atacantes).
Percebe-se também que, depois de marcar, o time normalmente se fecha, atraindo o adversário para cima. Como nosso contra-ataque não tem sido bom, e a defesa volta e meia tem falhado, nossa zaga é a pior dos últimos anos, em termos numéricos. O resultado é uma montoeira de gols marcados, gols sofridos, e empates.
A ilusão da série invicta
Esse comparativo comprova que nem tudo são mil maravilhas no Coritiba hoje, apesar da série de 12 jogos sem derrota. Nosso aproveitamento é bem inferior aos de 2004 e 2005 (sendo que em 2005 acabamos sendo rebaixados), e supera em muito pouco o do ano passado.
Superar o desempenho do ano passado não é mérito, é obrigação. Principalmente porque, neste ano, temos muito mais jogadores de maior qualidade oriundos das categorias de base, e também porque a diretoria trouxe alguns jogadores de boa qualidade já para a disputa do Campeonato Paranaense, ao contrário do ano passado, em que o time foi composto em sua maioria pelos jogadores contratados, que eram apostas que acabaram por se mostrar equivocadas no decorrer do ano, sendo que os maiores investimentos foram deixados para mais tarde, e acabou faltando tempo para corrigir os erros.
A pergunta que fica no ar é a seguinte: será que Macuglia é o técnico ideal para a disputa do Brasileiro? Será que, se mesmo com um time de boa qualidade não está tendo lá um grande rendimento no Campeonato Paranaense (o rendimento é bom, mas não é nada excepcional, como já demonstrado), esse treinador terá condições de nos levar de volta à Série A? Será??
A equipe COXAnautas torce, e torce muito, sinceramente, para que Macuglia dê certo no Verdão! Mas vamos ficar de olhos bem abertos!
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)