EDITORIAL
O doce sabor da derrota
O Coritiba não se presta jamais ao papel de coadjuvante.
Sua história e sua legião de torcedores - a maior do Paraná - não admite menos do que o papel de protagonista.
Apesar dos erros, incertezas e tropeços bem típicos de um início de temporada, o time se estruturou, se compôs, se acertou e chegou ao final do Regional com mais um (o trigésimo terceiro) título de Campeão Estadual.
Há jogadores com mérito especial nessa conquista: todos!
Afinal, foram meses de desconfiança e só poucas semanas de confiança.
Quem diria que Jeci, Nenê e Maurício comporiam o trio de zaga campeão? Quem diria que Ricardinho deixaria Rubens Cardoso sentado no banco? Quem diria que as ausências de Leandro Donizete e Douglas Silva acabariam não sendo decisivas? Quem diria que Keirrison voltaria a ser o matador de outros tempos?
Mas, acima de tudo, quem diria que uma contratação junto ao recém rebaixado Santa Cruz seria um dos grandes artífices do título?
Pois o Coritiba rejeitou o papel secundário que lhe atribuíam e deu a volta por cima: enquanto o rival escolhia adversário na semifinal, evitando o Alviverde na fase seguinte, o Coritiba enfrentava - e passava com duas vitórias incontestáveis - o time das Vilas.
Em melhores condições para a final, colocou no bolso o rival na partida do Alto da Glória e preparou-se para receber a taça no campo da Água Verde.
Não cabe aqui avaliar a atitude do rival de proibir o ingresso do troféu em seu campo, mas isso é o de menos - e é questão para a Federação analisar, já que a cerimônia de entrega das premiações era item do Regulamento da competição (assinada e aceita por todos os participantes).
Mas o caso é que o jogo de decisão teve, apesar do resultado adverso, um sabor muito doce.
Pela segunda vez, desde que alguém teve a idéia de vender o campo como um "caldeirão" cujos poderes incluíam cozinhar - e aniquilar previamente - os adversários, os Coritibanos saíram de lá com um sorriso na cara e fazendo festa.
O doce sabor da derrota para a Nação Alviverde. E um amargo travo da vitória para os demais.
Só que a história de 2008 não termina aí.
Ao contrário, a saga está só começando!
Em uma semana, duelo de alviverdes campeões no glorioso Couto Pereira!
Ganhamos o Regional.
Beleza, mais um para a coleção, mas o mais importante vem agora.
O que iremos querer fazer no ano do Centenário começa a ser delineado a partir de agora!
O Estadual é mais uma página vitoriosa da História do Coritiba - porém, já deve ser virada.
Não nos detenhamos nela mais tempo que o necessário para exercer o sagrado (e saudável) direito dos campeões tripudiarem sobre os demais (principalmente sobre os que ficaram em segundo).
Mas é vital esquecer logo essa conquista, porque outra batalha - mais longa, mais difícil e muito mais recompensadora - se apresenta.
Campeão Estadual? Tudo bem, beleza, foi legal! Ainda mais sendo conquistado onde foi.
Mas que fique por aí!
No domingo, começa a primeira de 38 rodadas que poderão nos dar a glória de um inédito e inigualado Bicampeonato Brasileiro e de mais uma participação na Libertadores no ano do Centenário, ou de mais uma participação na Libertadores sem o título nacional no ano do Centenário ou de mais uma participação na Copa Sulamericana.
É preciso mirar com objetividade, fé e confiança essas metas.
Para isso, primeiro de tudo, não devemos nos enfraquecer deixando ir embora aqueles que são bons e estão aqui. Segundo, devemos nos fortalecer trazendo jogadores melhores do que os que já aqui estão. E terceiro, devemos nos precaver trazendo peças de reposição que serão necessárias num campeonato tão longo.
Em uma semana, começa o Brasileiro da Série A, que foi o grande objetivo da torcida desde 2005.
Estamos nela de volta - e como campeões da Série B e, de alguma maneira, credenciados pelo título do Regional de 2008.
Não seremos coadjuvantes.
A Torcida Que Nunca Abandona não aceitaria isso.
Queremos ser - como é nossa tradição e é da nossa história - protagonistas!
Reforços já, e o quanto antes!
E comemoremos os 100 anos gloriosos do Coritiba em patamares aos quais estamos habituados.
Nomes já estão sendo anunciados e, a eles, desde já o integral apoio da Torcida Coxa.
Mas esperamos por mais!
Coritibano que se preza não gosta nem admite desempenhar papel secundário.
Equipe COXAnautas
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)