A ferradura é tida por alguns como um elemento de sorte
Com ares de ironia, o treinador Guilherme Macuglia afirmou ser um "burro com sorte", rebatendo as críticas dos torcedores, ao vencer três partidas consecutivas.
As críticas da torcida não visam fritar o treinador. O que o torcedor quer é um futebol convincente, que lhe traga confiança do tipo "agora vai!", pois as desculpas esfarrapadas já foram decoradas pela torcida. Chega de coisas do tipo "a culpa foi da trave, da chuteira, do pé do jogador, do imponderável, dos três pontos". Chega! Vamos parar com a conversa fiada.
Se o Coritiba fosse um time minimamente organizado taticamente, e com um padrão técnico aceitável, ganharia da Lusinha de dia, de noite, com frio, com chuva, com vento, com granizo. Ganharia também do Nacional, do Engenheiro Beltrão. Ou alguém aí duvida que os times de 89, de 98 ou de 2003 ganhariam da Lusinha até na Arábia?
Não queremos um time como o de 1973, até porque não há competência diretiva no Cori com capacidade para montar um bom time de futebol. Contrataram um olheiro que afirmou que Edmilson, Túlio e Bonan eram atletas que não precisavam de avaliação. Edmilson perdeu uma penalidade e alguns gols feitos ontem, Túlio nem no banco fica, Bonan foi embora com dois meses de Alto da Glória.
O treinador do Cori é um homem de sorte. Foi assim nos dois clássicos, foi assim contra o Londrina. Bom para ele, bom para o Coritiba. Só que só ter sorte não basta para o Coritiba: é necessário também ter competência.
Macuglia pode arrumar melhor o time com os jogadores que estão para estrear – Artur, Luizão, Juliano – e com aqueles que estrearam na partida contra o Tubarão – Anderson Lima, Douglas e Caíco.
Macuglia pode definir quem é o capitão do time – se Henrique, se Edmilson.
Macuglia pode definir quem é o batedor de pênaltis – se Edmilson, ele que acerte.
Macuglia pode definir se o Coxa joga com três ou dois zagueiros.
Macuglia pode definir um padrão tático minimamente compreensível até para o mais modesto torcedor.
Isto treinador pode e deve fazer. Assim como deve fazer uma arrumação tática no meio-campo defensivo e no ataque. No gol, nas laterais, na zaga e no meio-de-campo ofensivo o Coxa já está mais acertado. Não tem muito que inventar. O que não pode é Macuglia querer improvisar Geraldo, ou manter Rodrigo Mancha no banco.
Macuglia também não pode manter um ataque que não faz gols quando Marlos e Pedro Ken não jogarem bem, ou um ataque que só faz gols com jogadas da dupla.
Macuglia também tem que arrumar o sistema tático dos dois volantes, que jogam muito recuados – Juninho parece se esconder entre os zagueiros, forçando Henrique a sair e ser responsável por falhas que até então não cometia. Aliás, as falhas de Henrique lembram muito as falhas e expulsões que Miranda tinha em 2004, quando jogava sobrecarregado, sem uma boa atuação dos volantes.
E Macuglia tem que parar de contar só com a sorte, pois um dia a sorte acaba. E o Coritiba é muito grande para contar com a sorte de Macuglia. Ela pode, mas não deve bastar para fazer o time subir este ano.