EDITORIAL
O Coritiba caiu para a Série B do Campeonato Brasileiro. Pior, o Coritiba caiu e de uma maneira que ninguém pode qualificar de injusta. Um time fraco, um elenco rachado e sem alma, uma direção incompetente e sem comando foram a tônica do ano do Centenário do Clube. Fracassos em cima de fracassos. Pior ainda, o Coritiba caiu e a sequência de cenas de violência vitimou o coração e a integridade física de torcedores e profissionais. Isto não é futebol, isto não é alegria e isto não é Coritiba.
As cobranças sobre a diretoria que foi a principal responsável por tudo o que aconteceu, já que voluntariamente candidatou-se e prometeu mundos e fundos ao torcedores, terão de continuar. Mas não da maneira que ocorreu no final do jogo deste domingo. Também não há que se deixar a generalização, fruto da incoerência, tomar conta de tudo e de todos. As cenas vistas ontem no Couto Pereira fizeram diversas vitimas: torcedores, policiais e profissionais da bola foram alvo de uma violência desmedida e injustificada. Mas fizeram uma outra vitima, o Coritiba.
A instituição perdeu muito neste domingo. Perdeu, para início de conversa, o direito de permanecer na Série A do Campeonato Brasileiro do próximo ano. Mas, mais do que isso, perdeu o horizonte: o que será do seu futuro? Os responsáveis pelas cenas de violência, algumas dezenas de pessoas, devem ser punidos dentro de todo o rigor da lei. Mas de forma alguma pode-se generalizar e culpar a torcida do Coritiba. Uma torcida que durante todo o ano foi responsável por festas inesquecíveis. Uma torcida que ama seu time do coração e que novamente chorou, mas desta vez duas vezes. Algumas pessoas, que fizeram o mal que fizeram, não podem e não estavam representando os 33 mil torcedores dentro do estádio e outros milhares espalhados por Curitiba, pelo Paraná, pelo Brasil e pelo mundo.
Que as autoridades competentes punam cada um dos baderneiros dentro de todo o rigor da lei. Na esfera cabível e aplicável para cada um deles. Mas que jamais transformem este problema individual de falta de cidadania, de urbanidade e de desportividade em um problema coletivo, de uma torcida e de toda um nação. Torcedores que dando sequência a um movimento crescente, que era o de levar seus familiares e amigos para o estádio, possam ser culpados e taxados de vândalos e bandidos, coisa que definitivamente não são. Esta imensa e esmagadora maioria, ontem, foi tão penalizada e tão vítima quanto as vítimas diretas. As agressões de ontem não ficaram apenas no aspecto físico de quem foi atingido, mas também nas mentes de quem viu e não concordou com a barbárie imposta por alguns que se dizem torcedores do Coritiba.
Para estes torcedores, todo o rigor da lei. Para a instituição, certamente sobrará o peso das denúncias que serão apresentadas. Mas que, de maneira alguma, tentem imputar ao Coritiba pesos e responsabilidades que não sejam dele. O preço a ser pago será alto. Mas que esteja dentro dos critérios legais e das regras já estabelecidas. Nada de ser exemplado, nada de inventar ou alterar as regras do jogo e nada de servir como bode expiatório. Que o rigor da lei puna quem tiver de ser punido, dentro das formalidades legais e, principalmente, os responsáveis diretos pelos atos de violência e vandalismo.
Já os responsáveis pela queda dentro de campo, a história começou a punir já no dia 6 de dezembro de 2009. Que esta punição se estenda, fazendo com que -- se de fato amam o Coritiba como a maior parte dos fieis abnegados que largaram, ou ainda pior, levaram suas famílias para o estádio no domingo para presenciar todas aquelas cenas lamentáveis dentro e fora de campo -- se afastem definitivamente do Coritiba e deixem como amarga lembrança apenas a constatação de que fizeram o Coritiba Foot Ball Club passar pelo pior momento de sua história justamente quando a instituição completava 100 anos de existência.
As tragédias estavam anunciadas. Quem vai pagar a conta agora?
Abaixo, os responsáveis diretos pelo maior fracasso dos cem anos de história do Coritiba:
Presidente: Jair Cirino dos Santos
Vice-Presidente: Marcos Hauer
Secretário: Eduardo Jaime Martins
Diretor Administrativo Finaceiro: Francisco Araújo
Diretor de Futebol: Homero Halila Pereira
Diretor de Relações Institucionais: Ricardo Gomyde
Diretor de Patrimônio: Nadir Elache
Diretor das Categorias de Base: João Gualberto de Sá Scheffer
Diretor Membro do Conselho de Administração: Jurandir Marcondes Ribas Filho
Os espaços negros no Portal COXAnautas são a forma silenciosa que escolhemos para expressar o sentimento de revolta, frustração, insatisfação e inconformidade da Torcida Alviverde.
Não aquela que entrou em campo para promover arruaças e enodoar ainda mais esta que era para ser a mais gloriosa das temporadas, mas aquela que a tudo assistiu incrédula, paralisada e duplamente envergonhada.
Envergonhada pelos insucessos colecionados pelo Clube ao longo do ano em todos os setores, e envergonhada pelo deprimente, inaceitável e injustificável espetáculo protagonizado por pessoas que vestiam verde-e-branco.
Coordenação COXAnautas
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)