ENTREVISTA
Em entrevista concedida ao site Justiça Desportiva, o volante Alê falou sobre arbitragem, a campanha do Coritiba e racismo no futebol. Confira:
JD – Qual a sua opinião sobre a arbitragem da competição nacional?
Alê – A arbitragem está razoavelmente boa. É claro que equívocos acontecem, pois o ser humano é passível de erro. O nosso Presidente criticou os árbitros porque a maioria dos erros que aconteceram prejudicaram o Coritiba. Mas tenho a certeza de que é algo normal e que não houve intenção de nos prejudicar, já que o clube confia na verdade das pessoas que trabalham com o futebol. Se eu erro na minha área, eles também podem errar na deles. O importante é que todos sintam que há honestidade. No esporte não adianta lamentar, é levantar a cabeça e focar no próximo objetivo.
JD – Qual o segredo do Coritiba, que subiu da Série B e continua mantendo uma ótima campanha?
Alê – É muito difícil uma equipe que sobe conseguir grandes resultados, mas o primeiro objetivo é sempre se manter na Primeira Divisão. Mas temos um grupo unido e uma comissão técnica muito qualificada. O treinador soube montar um bom elenco, que tem encarado o Brasileiro como um grande desafio. Isso faz um bom ambiente e a cada dia estamos crescendo. Porém, por ser uma equipe jovem, algumas vezes pecamos, mas ao longo do campeonato adquirimos maturidade para fazermos uma campanha razoável. Estamos buscando, com um trabalho sério, uma vaga na Libertadores.
JD – Quais times são os favoritos ao titulo do Campeonato Brasileiro de 2008?
Alê – Eu acredito que os times que estão entre os oito primeiros têm condições de conseguir a taça. Para o Coritiba está mais difícil devido à vantagem de pontos do Grêmio, mas se eles tiverem dois tropeços, e nós duas vitórias, já não fica tão distante. Mais para frente ainda teremos um confronto direto com eles. O grupo está focado em, primeiramente, entrar no G4, e depois ir em busca ao título. Batemos na trave algumas vezes, perdemos pontos bobos e acabamos não entrando na zona da Libertadores, como no jogo contra o Botafogo.
JD – Qual sua opinião sobre a possível atitude de racismo sofrido pelo Carlos Alberto, do Botafogo, no jogo contra o Coritiba?
Alê – Tenho respeito por todo o profissional, e acima disso, pelo ser humano. E o racismo é algo que não podemos admitir. Eu estava no estádio naquele dia, mas na arquibancada, porque cumpria a suspensão automática, mas não identifiquei palavras racistas, apenas protestos de jogo por ele ser um atleta que segura a bola e consegue cavar falta. Acredito que não tenha acontecido, mas, se aconteceu, torcemos para que isso não se repita e que as pessoas possam ir ao estádio apenas para torcer.
JD – Qual o seu sentimento ao saber que existe racismo também dentro do futebol? Você já sofreu com isso?
Alê – É algo ruim, já que mancha o esporte. Como atleta, a gente deixa o recado para que todos possam se respeitar, desde jogadores, técnicos e dirigentes até os torcedores. Já sofri, mas sou uma pessoa muito bem resolvida. Se me chamarem de macaco, de neguinho ou de negão, não vai ser isso que vai me deixar mal. Entendo que o futebol lida com a emoção das pessoas e por isso temos que ter uma certa paciência. Além disso, quando estou em campo procuro ficar apenas focado na partida. Às vezes dá pra ouvir quando vou pegar a bola ou cobrar lateral, mas nada que me aborrecesse ou fizesse eu retribuir a ofensa.
JD- Quais são os seus objetivos após encerrar a carreira?
Alê – Acho que ainda tenho cinco ou seis anos pela frente para jogar em um nível bom e atuar com qualidade. Na hora certa terei o discernimento e sabedoria de parar e iniciar uma nova vida. E como sou cristão pretendo me dedicar à obra do Senhor.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)