ENTREVISTA
Por Tony Sallum e Luiz Fernando B. Budant Jr - COXAnautas
O Portal COXAnautas traz ao seu fiel público, uma entrevista exclusiva com o empresário e conselheiro Coxa-Branca, Ricardo Guerra, dono da maior coleção de camisas do Coritiba de todo o mundo.
Ricardo fala sobre sua história de torcedor, da coleção de camisas, dos planos para o futuro e dos negócios envolvendo as suas empresas e o Coritiba.
Confira a entrevista exclusiva:
COXAnautas - Ricardo, como começou a sua história como torcedor Coxa-Branca?
Ricardo Guerra - Meu amor pelo Coritiba vem de berço, porém com uma profunda diferença da maioria. Nasci numa cidade distante 434 km da capital do Estado. Se eu seguisse os padrões normais, infelizmente, deveria ser um torcedor do Grêmio, do Internacional ou de qualquer outro clube paulista ou carioca. Lembro de minha infância, onde no colégio apenas eu e mais meia dúzia de colegas torcíamos para o Coritiba. Nos anos 80 assistir uma partida de um clube paranaense pela TV só era possível se chegasse as finais do Brasileiro. O único meio era o rádio e por este veículo a única da capital com forças para cruzar o Paraná era a Clube (B2), que mesmo assim chegava no interior mais fraca que as Gaúchas e as Paulistas. Sem imprensa forte, sem mídia, para quem estava longe era quase impossível viver uma cultura regional como nossos vizinhos do extremo sul. Mesmo assim minha família sempre prezou os costumes do Paraná e o Coritiba por ser o maior, mais vitorioso desde sempre, mais estruturado com a construção do Couto Pereira foi o escolhido por todos. Cruzava o estado com meu pai apenas para assistir aos jogos e enchia a antena do radio com "Bombril" para ouvir o Lombardi Junior narrar nossos jogos com uma emoção que nunca mais vi igual. De lá para cá, depois que fui morar na capital ainda na metade dos anos 90 esta relação se tornou cada vez mais próxima e profunda, porém a barreira do interior ainda não foi quebrada. Enquanto não tivermos a maioria em nosso próprio estado não atingiremos os sonhos que possuímos com a facilidade que seria caso a tivéssemos. Não consigo admitir paranaense torcer para time de fora. Acho ridículo e sempre busquei fortalecer nosso Estado. Se o Rio Grande do Sul, que com todo o respeito, não possui um interior de estado como o Paraná possui e é integrado, por que não podemos ser? Foi por isso que me emocionei muito com a campanha: "Amo Minha Terra, Torço Para o Meu Estado" liderada pelo Coritiba. Inclusive ajudei o presidente Vilson com anúncios de jornal e outdoor nas regiões onde possuímos negócios. Na minha visão, investir em torcida no interior é obrigação. A RPC TV tem feito um trabalho fabuloso neste sentido, os consulados também são parte desta ação que precisa ser mais ampla e de longo prazo.
CXn - Além de torcedor, sabe-se que você tem a das maiores coleções de camisas do Coritiba que se tem conhecimento. Quantas camisas do Coritiba você tem? Quais as melhores histórias que essas camisas contam?
RG - Possuo mais de 300. Todas oficiais, usadas em jogos e de modelos diferentes. Comecei a coleção por acaso, minha primeira camisa era um modelo da Arcal de 1988 e foi utilizada pelo jogador japonês Kazu. Se não me engano ele a utilizou contra o Flamengo num jogo da Copa União em que nós vencemos nos pênaltis com uma atuação brilhante do Rafael Camarota. Na época, o supervisor do Coritiba era Mauricio Cardoso, um grande amigo de minha família e que me conhecia desde o nascimento. "Tio Mauro" realizou o sonho do menino de 10 anos e depois em 1989 tive a honra de assistir treinos daquele time fantástico com Tostão, Carlos Alberto, Chicão, Kazu, Marildo e outros que se não fosse por aquele erro de Juiz de Fora tinha tudo para ser o Campeão Brasileiro daquele ano. Aquele erro nos custou algumas décadas em nossa história. Na coleção possuo algumas peças muito raras, que não são apenas camisas, como a luva utilizada pelo Rafael Camarota na final do Maracanã de 1985. Quem é Coxa de verdade sabe da importância deste goleiro para a conquista do titulo. Claro, tenho camisas das finais importantes, inclusive do Brasileiro, tenho peças dos anos 40, 50, 60 e 70. Tenho algumas faixas, chuteiras e medalhas também. Confesso que possuo duas em quadros na minha sala no escritório central do Grupo Guerra que possuem a nossas marcas empresariais (Guerra e Limagrain) e foram utilizadas em finais importantes. No momento estamos em fase de construção de um novo prédio administrativo em nosso novo complexo industrial em Pato Branco no chamado "Parque Industrial da Reta Grande" e neste edifício, na minha nova sala, já existe um projeto de um museu pessoal apenas para expor meu acervo de camisas do Glorioso. Porém, minha família já sabe que meu desejo é que no futuro (espero que distante) todo este acervo deverá ser doado ao Coritiba.
CXn - Quando e como começou essa ligação do empresário Ricardo Guerra com o Coritiba?
RG - Minha ligação com o Coritiba sempre foi próxima. Desde a infância, afinal, é impossível ficar distante do que amamos, não é verdade? Por morar no interior do Estado, eu tinha tudo para seguir o caminho da maioria que infelizmente não valoriza os times de nosso Estado. Porém, a família Guerra desde que aqui chegou, sempre prezou o orgulho de ser paranaense e ao contrário da maioria que nasce no interior, já em meu nascimento recebi do meu pai um uniforme do Coritiba. Por acreditar piamente que quem constrói um clube grande são todos, nunca medi esforços para me aproximar do Coritiba e já em 2001 participei do primeiro projeto efetivo que visava a "interiorização" do Coxa. Naquela época, a ideia era criar um clube espelho no interior e nós fizemos de tudo para fazer isso em Pato Branco. Porém esbarramos na falta de organização do time do interior e especialmente de estrutura, a parceria foi feita com o Foz que chegou até a usar camisa semelhante. Depois, a convite do Presidente Jair Cirino, assumi o posto de Consul do Clube em minha cidade e logo na sequência o Grupo Guerra tornou-se o primeiro grupo do interior do estado a patrocinar o maior e mais vitorioso clube de futebol do Paraná. Confesso: no começo de outubro de 2009, no jogo contra o Inter, quando pela primeira vez o Coritiba entrou em campo com a marca Guerra na camisa foi o dia mais feliz da minha vida. Realizei um sonho de infância. Depois veio a amizade com o Presidente Vilson. Dela nasceu um respeito e uma admiração profunda e a Limagrain Guerra passou a investir forte no Clube. Com a nossa marca na camisa, o Coritiba foi a 2 finais de Copa do Brasil, venceu 2 paranaenses de forma inesquecível, entrou para o Guinness Book pela série de vitórias e anunciou a conclusão da Mauá. Creio que foi uma parceria vitoriosa e brilhante que fatalmente deixará marcas eternas. Sei que as camisas utilizadas nestes anos, com nossa marca, terão para sempre um lugar especial no coração do torcedor, pois nosso contrato findou-se em dezembro de 2012. Além disso faço parte do Conselho Deliberativo desde o inicio da atual gestão.
CXn - Em 2011, a Sementes Guerra, de Pato Branco e a cooperativa Agrícola Internacional Limagrain, de Auvergne, França, se uniram e formaram a Limagrain Guerra do Brasil (LG). O que a LG representa para o mercado brasileiro?
RG - Acredito que construímos uma aliança pioneira. Geralmente no Agronegócio o grande engole o pequeno. Todas as ações de multinacionais até então foram de compra de 100% de conglomerados genuinamente brasileiros. Os grupos Limagrain e Guerra construíram algo diferente, formamos uma verdadeira JV (joint venture), onde se utiliza o melhor de cada parceiro para construir um modelo diferente para o mercado. Depois de fevereiro de 2011 quando lançamos esta sociedade, duas novas empresas foram criadas. Além da Limagrain Guerra do Brasil S.A. que produz sementes de milho hibrido na marca LG, agora existem a Limagrain Guerra Ingrédients que produzirá o biopolimero de milho Biolice e a Jacquet Guerra do Brasil que trará ao Brasil o melhor dos bolos e pães franceses. Nosso objetivo é arrojado. Desejamos em 20 anos liderar nos segmentos em que atuamos. Graças a Deus, em 2011 nosso resultado foi superior as expectativas e 2012 seguiu pelo mesmo caminho.
CXn - Depois de trazer a Limagrain para o Brasil, agora foi a vez da Jacquet. Como está o desenvolvimento desse projeto? Quando e onde os torcedores do Coritiba poderão adquirir esses novos produtos?
RG - A fabrica da Jacquet em Guarapuava foi inaugurada em novembro. Todos os maquinários são europeus e os produtos, afirmo sem receios, são sem similares no mercado nacional. Os produtos da Jacquet já podem ser encontrados nas 162 lojas da Rede Pão de Açucar e Extra Hipermercados. Ao longo do ano de 2013, pretendemos cobrir a região sul e parte da sudeste como São Paulo e Rio de Janeiro. Em pouco tempo estaremos espalhados pelo Brasil.
CXn - Quais seus planos para o futuro com relação ao Coritiba, como torcedor, patrocinador e conselheiro de seu clube de coração?
RG - Minha vida é muito corrida, porém sempre busco espaço em minha agenda para meu clube do coração. Acredito na gestão do Presidente Vilson. É claro que nada é perfeito e que erros fazem parte do processo. Afinal, é impossível agradar a todos. Porém o Vilson tem muitos acertos importantes, não podemos esquecer de 2010 quando ele e o Presidente Cirino chegaram ao poder. Veja, falamos de apenas 3 anos atrás e o Coritiba além de cumprir a maior pena da história do futebol brasileiro retornou campeão, conquistou 3 titulos estaduais (coisa que não ocorria desde os anos 70), foi a 2 finais da Copa do Brasil, alavancou seus sócios, comprou um novo terreno para o futuro CT, anunciou a finalização da Mauá, conquistou vaga no Guinness Book e ampliou sua receita de tv e outras mídias. São vitórias, conquistas que merecem respeito. Além disso é publico que durante este período nosso Presidente enfrentou um câncer. Por isso, sempre que fui chamado, estive ao lado do Vilson. Ano passado participei com ele de uma reunião na sede da CBF e busquei fazer-me presente, inclusive emitindo opiniões sem cunho de torcedor nas principais reuniões de nosso conselho (para chegar em algumas rodei mais de 1.000 km). Minha meta é continuar ativo, participar mais das reuniões do conselho, auxiliar meus amigos e gestores do Clube quando solicitado, conhecer melhor as engrenagens do Coritiba que afinal a cada gestão que passa recebe cada vez mais a correta visão de administração empresarial. Foi-se o tempo que gerir um clube de futebol era para amador. O Coritiba possui arrecadação superior a maioria das 399 cidades do Estado do Paraná, possui faturamento maior que muitos outros clubes importantíssimos e campeões de libertadores de Países vizinhos. Com o modelo eleitoral do Coritiba transformando-se, nós, sócios, que hoje se não me engano ultrapassamos a marca de 27.000 adimplentes, precisamos estar atentos em relação a gestão do maior Clube do Paraná para que sempre que alguém for sentar-se na cadeira que pertenceu a homens como Couto Pereira, Cornelsen e Evangelino seja capacitado e merecedor de tal honra.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)