ENTREVISTA
Por Gibran Mendes, Ricardo Honório e Rodrigo Sibut Vieira - COXAnautas
Após 3 anos de clube, superintendente de futebol do Coritiba concede, por iniciativa própria, uma entrevista exclusiva ao portal Coxanautas.
Ele já foi chamado de "a noiva do ano" pelo presidente do clube, Vilson Ribeiro de Andrade. Nos últimos três anos, desde que chegou ao Coxa em 2009, Felipe Ximemes já esteve no céu e no inferno em seu relacionamento com a torcida. Isto na mesma intensidade com a qual é constantemente sondado como reforço de times como Internacional, Palmeiras, Vasco da Gama e mais recentemente, Flamengo.
Mineiro de Três Corações, mesma terra de Pelé, o superintendente de futebol do Coritiba recebeu os blogueiros Gibran Mendes, Rodrigo Sibut Vieira e Ricardo Honório para uma entrevista.
Luís Felipe Ximenes, casado, pai de duas filhas, a Bruna, nascida em Minas Gerais e Giovana, que é curitibana. Formado em educação física pela UFMG em 1990, mestrado em educação. Tem 30 anos de vida dedicadas ao esporte.
Em sua sala falou francamente sobre temas conceituais e também polêmicos. A parceria com a L.A Sports, o que é o projeto do Coritiba, de que forma o clube pode ampliar sua renda, a necessidade latente de melhorias no estádio e deixou no ar uma dúvida: revelou que ainda não sabe se continua no clube em 2013.
Após a derrota contra a Portuguesa, por 3x0, parte da torcida já não acreditava na recuperação do time, voltando a viver com o fantasma do rebaixamento. A quais fatores você atribui à recuperação da equipe?
Penso que foi uma conjunção de fatores. A relação do Marcelo (Oliveira) com o trabalho de uma maneira geral já havia desgastado pela frustração de algumas derrotas que doeram muito em todos, inclusive nele, sem dúvida nenhuma. Acho que isso dificultou muito.
O fato de pós Copa do Brasil até a Portuguesa, termos feito muitas partidas com pouco tempo para recuperação psicológica da equipe. Jogamos contra o Palmeiras na quarta, contra a Ponte Preta no Sábado, contra o Palmeiras de volta na quinta, contra o Bahia em Salvador no domingo, contra o Náutico no Recife na quarta, contra o Cruzeiro no Couto Pereira, contra o Figueirense em Florianópolis. Esse talvez tenha sido o fator de maior desgaste.
Então penso que a mudança no comando técnico naquele momento foi uma medida necessária, embora não seja do feitio e da filosofia do clube. A troca no comando técnico trouxe certa renovação de ânimo. Trocamos três peças da engrenagem, saindo o Marcelo, o Tico e o Juvenilson, e só entrou o Marquinhos Santos. Então, apesar da troca do comando técnico, a estrutura de trabalho mudou muito pouco. Este também foi um dos motivos para a recuperação rápida dos resultados negativos.
Além disso, a volta de alguns atletas lesionados nos ajudou muito. Perdemos ao longo do primeiro semestre, peças muito importantes da equipe e outras levaram mais tempo para se encaixar. A chegada do Deivid, com sua liderança e espírito vencedor foi mais um fator importante. A própria mobilização da torcida e, por incrível que pareça, o próprio histórico do Coritiba contra o Flamengo, que foi o primeiro adversário pós derrota para a Portuguesa foi um dos fatores que fizeram com que a gente pudesse recuperar de uma forma mais rápida da situação na qual nos encontrávamos.
Qual o objetivo do Coritiba em 2013? Título Nacional? Classificação para Libertadores? As contratações serão pontuais ou teremos muitas chegadas e saídas de jogadores? Quais as posições que diretoria tem interesse em contratar?
Estamos muito preocupados com essa questão, a superintendência tem uma visita no inicio do ano ao conselho deliberativo do clube, onde são apresentadas, entre outras coisas, as metas esportivas da temporada que se inicia. Todos dentro da superintendência de futebol do clube, inclusive o presidente, estão muito preocupados em como estabelecer as metas para o ano que vem. Primeiro porque corremos muito risco de estabelecer metas que pareçam extremamente arrogantes e ao mesmo tempo não queremos estabelecer metas que não nos estimulem a conquistar títulos importantes. O projeto do Coritiba está crescendo, precisamos ter metas ambiciosas, com isso o principal objetivo do clube ano que vem será disputar em igualdade de condições, com as grandes equipes do futebol brasileiro todas as competições que o clube vier a disputar.
Então, ao mesmo tempo em que não queremos prometer uma conquista nacional, queremos entrar em qualquer campeonato em igualdade de condições para conquistá-la. Em termos de contratações, o Coritiba ainda é um clube reativo. O Coritiba ainda não tem um equilíbrio financeiro que nos permita ser pró-ativo, ou seja, que possamos definir exatamente o que queremos em termos de aquisição ou venda de atletas. Precisamos observar como o mercado vai reagir, como vai ser o assédio aos nossos jogadores para definir essa questão.
Este processo está em franca evolução, eu acredito que o Coritiba já começa a poder segurar mais seus jogadores, mas ainda não é uma posição de total soberania. De acordo com a movimentação nos posicionaremos. Sempre queremos contratar pouco e sempre queremos perder pouco, apesar de ser uma equação de difícil solução. Eu não gosto de falar de posições, porque isso é uma questão que preservo, é até uma questão ética e de respeito ao elenco que possuímos.
Apesar das duas decepções que a torcida teve recentemente no ano passado, por duas vezes quase ter chegado à Libertadores, uma na Copa do Brasil e outra na reta final do Brasileiro, o Coritiba fez uma campanha muito boa. Já este ano o time ganhou o Paranaense, mas patinou para ganhar. Patinou na Copa do Brasil até chegar à final e no início do Campeonato Brasileiro também. O que você acha que aconteceu de diferença nestas duas temporadas?
A torcida e a imprensa de uma forma geral não querem nada semelhante, ela sempre quer melhor, o que entendo e aceito. Eu penso que 2011 fugiu da curva, o que gerou um parâmetro de comparação muito alto para 2012. Iniciamos 2011 com uma equipe que tinha acabado de sair da Série B, a terceira em 6 anos, conquistamos o campeonato paranaense de forma invicta, ficamos 29 partidas sem perder, quase cinco meses do ano sem conhecer derrota, 24 vitórias consecutivas, chegamos à última rodada do campeonato brasileiro com chances reais de disputa de Libertadores, e ainda por cima, o maior adversário local terminou o ano rebaixado.
Então, sem dúvida nenhuma, a expectativa criada para 2012 era que no mínimo repetíssemos a campanha do ano anterior. Qualquer coisa diferente disso pareceria uma decepção. A comparação, a meu ver errônea, dos atletas que saíram do elenco de 2011 com as que chegaram ao ano seguinte, geraram uma excessiva pressão sobre os jogadores que chegaram, também foi um fator importante. Não tenho a menor pretensão de falar que também não cometemos erros, muito pelo contrário, quem faz futebol de fato e não apenas falamos, trabalha sempre com uma margem de erro, o que queremos sempre é deixar essa margem pequena. Mas muitas das vezes o erro de hoje é o acerto de amanhã.
Dificilmente teríamos condição de ter hoje o William no final do ano como titular absoluto da equipe se não tivéssemos negociado o Leandro Donizete. Gostaríamos de manter o Donizete na equipe? Claro. Dificilmente o Everton Ribeiro seria uma peça fundamental da equipe se não tivéssemos negociado o Marcos Aurélio. São processos que não temos total controle, porque tomamos a decisão antes da equipe entrar em campo. O próprio desgaste do treinador com a perda consecutiva de duas Copas do Brasil tenha sido encarado por parte da torcida como uma perda de um campeonato e não como uma conquista pela segunda final consecutiva.
Sem dúvida cometi erros, tanto em 2011 quanto em 2012, mas que certamente ficaram mais aflorados devido à expectativa criada. Fomos tricampeões paranaense depois de 39 anos, mas para muitos não bastava ganhar, precisávamos de uma forma mais maravilhosa e mais inequívoca que 2011. A cobrança pela conquista da Copa do Brasil, devido a segunda final consecutiva (somente 3 clubes no Brasil disputaram 2 finais consecutivas). Tudo isso gera impactos internos que certamente impactam no resultado final da temporada.
Como funciona o sistema de base dados de jogadores que você trouxe como um processo de evolução dentro do seu cargo dentro do clube? Existe algum outro clube que utilize o mesmo sistema ou similar? Que tipo de dados ele fornece para auxiliar na tomada de decisão?
Eu doei este sistema ao Coritiba quando cheguei ao clube. O sistema vem sendo aprimorado constantemente e o maior beneficiado com isso é o próprio clube. O banco de dados está dentro de um servidor do Coritiba, e é uma coisa importante de ser colocada, para que as pessoas não pensem que estes dados vão sair comigo do Coritiba. Estes dados não são meus, são do clube.
É um sistema de gerenciamento esportivo que o capital intelectual do sistema é meu. Tenho dois parceiros programadores que desenvolveram este sistema junto comigo, tenho muito orgulho de ter podido doá-lo ao Coritiba e ele estar em pleno funcionamento no clube. Outros clubes pelos quais eu passei também têm o sistema e outros clubes o compraram.
Hoje o SADE está no Figueirense, no Atlético Mineiro, no Vasco, Fluminense, Santos e obviamente aqui no Coritiba. Estamos em negociação final para que ele seja implantado no Braga, de Portugal. Um sistema muito bacana.
Ele é muito mais um sistema de gerenciamento do que de prospecção de atleta. O objetivo é democratizar a informação dentro dos setores do clube, tirar os dados das planilhas cruzá-los e deixar a disposição de todos dentro do clube. Isso é extremamente importante, muito mais para avaliação dos atletas que temos dentro do clube, o seu desempenho ao longo de sua vida esportiva, do que para prospecção de atletas. Para isso existem vários softwares no Brasil e no exterior.
Criou-se uma expectativa muito grande para 2013 em virtude da contratação do Alex. Alguns nomes já vêm sendo especulados pela imprensa como o lateral direito Rafinha, o zagueiro Lugano, o volante Josué e o atacante Grafite. Alguma verdade em relação estes nomes? E o que a torcida pode esperar da montagem do time para o ano que vem?
Uma coisa que me preocupa muito é o canal de comunicação com o torcedor. Como a maior parte comunicação é através da mídia espontânea, ou seja, de tvs, rádios e jornais, que tem os seus objetivos e naturalmente seus interesses para poder informar, muitas vezes chegam notícias que são muito distorcidas para o torcedor e acaba que quem está a frente do processo é estigmatizado muitas vezes de uma maneira errada, para o bem e para o mal. Colocam palavras na sua boca, dizem que você prometeu alguma coisa que não foi prometida, que você falou que contrataria determinados jogadores que você nunca prometeu. É por isso que muitas das vezes eu sou muito taxado pela própria imprensa como uma pessoa que é muito fechada nessa relação. E o pior é que você nunca tem a última palavra.
Como o mercado é extremamente especulativo, quando uma pessoa como eu, que sou um negociador, cada declaração minha pode elevar um preço de um jogador de "X" para "2X" ou para "–X", dependendo da maneira como me posiciono. Por isso eu me reservo muito de não falar no quesito contratações e dispensas. Uma coisa que me preocupa para a temporada de 2013 é justamente o nivelamento da expectativa. Não podemos criar expectativa excessiva para a torcida porque o esforço para trazer um jogador como o Deivid já é muito grande, o esforço para trazer um jogador como o Lincoln é muito grande, o esforço para trazer um jogador como o Alex, é muito grande, e o Coritiba está fazendo muito esforço financeiro para manter estes jogadores.
Então não podemos criar uma expectativa que daqui para frente vá trazer jogadores neste patamar e neste nível. Buscaremos atletas, sem dúvida nenhuma, que possam fazer o Coritiba competitivo. Mas eu penso que a participação do Coritiba no returno do Campeonato Brasileiro, sendo a sexta melhor campanha do segundo turno, nos mostrou que poderemos ter um elenco com condições de disputar de igual para igual com estas equipes, somado com alguns reforços e mantendo nossa base.
Com relação situação do Ayrton. Ele já está acertado com o Palmeiras e como o Coritiba vê a relação com o empresário Sérgio Malucelli?
O Ayrton é um jogador de 27 para 28 anos. Ele já era conhecido no futebol, suas qualidades e deficiências. Foi contratado pelo Coritiba por empréstimo até o final do ano. Quando ele chegou o elenco do Coritiba tinha na sua posição o Jonas, o Jackson que estava o ligamento cruzado rompido e já estávamos prospectando o Victor Ferraz. Tínhamos a preferência de compra no final do empréstimo caso ele recebesse qualquer tipo de proposta. Bom, o Coritiba continua com este contrato em vigência até o final do ano. O Coritiba continua com preferência de compra caso o Ayrton receba qualquer tipo de proposta de fora que não seja do Coritiba. Exerceremos ou não essa opção de acordo com o nosso interesse.
O Coritiba tem uma boa relação com o parceiro, no caso o Sérgio Malucelli, que é o empresário e detentor dos direitos econômicos do Ayrton. Qualquer coisa, além disso, não condiz com a verdade. O Ayrton não tem contrato assinado com outro clube que o Coritiba tenha conhecimento. Pode ter uma proposta, que vai ser analisada. O Ayrton não tem nenhum tipo de proibição de jogar por já ter um pré-contrato assinado ou por qualquer coisa. O Marquinhos Santos tem toda autonomia para escalar o jogador, como todos os treinadores que já passaram pelo Coritiba tem autonomia de escalar o jogador que eles bem entendessem. O Coritiba pode cobrir se o Ayrton receber uma proposta como pode não querer cobrir uma proposta que ele tenha de outros clubes, basicamente é isso.
* A entrevista foi concedida antes da confirmação da contratação de Ayrton pelo Palmeiras.
Com a troca prematura do comando técnico, várias outras ações programadas foram antecipadas. Isto pode trazer algum risco para a temporada de 2013, principalmente quando antecipou a entrada de jogadores da base?
Em termos de jogador, eu penso que não. É uma coisa que eu sempre comento, nem o treinador tem tanta responsabilidade pela vitória, nem tanta culpa pela derrota. A filosofia de um clube precisa extrapolar a questão do treinador, apesar dele ter funções extremamente entre elas talvez a mais exposta, que é escalar e substituir os atletas no jogo. O Dênis Neves foi reintegrado ao elenco depois da venda do Lucas Mendes. Ele estava em um processo de transição e acompanhamento, jogou o campeonato paranaense pelo Rio Branco, foi bem, depois foi emprestado ao Oeste de Itapólis e também estava indo bem. Tínhamos planos para sua volta.
Da mesma forma o Luccas Claro. Ele já tinha feito em 2011, cinco partidas como titular da equipe, depois teve convocação para seleção brasileira. Voltou e jogou por causa de lesões e cartões amarelos de outros atletas. Mesmo com o Marquinhos, ele começou como titular mais pelas lesões e suspensões do que propriamente do que por opção do Marquinhos. Mas entrou, aproveitou a oportunidade, tanto que o Pereira recuperou-se da lesão e ele continuou como titular da equipe. Acho que é um processo natural que já vinha acontecendo dentro do clube, o Bonfim também passou por isso, mas teve uma lesão de joelho e acabou tendo este processo interrompido. Mas eu acredito que tanto o Dênis quanto o Luccas Claro e o Bonfim estão em um processo de transição de base para profissional, que eu acho que se estende até a idade de 23 anos.
O Coritiba tem obtido resultados expressivos nas categorias de base nos últimos anos, porém nas últimas temporadas, poucos atletas como o Lucas Mendes e o William, têm participado ativamente como titulares. Como é feita a transição das categorias de base para o profissional e qual a principal dificuldade que um jovem atleta enfrenta quando sobe de categoria? Um exemplo é o caso do Rafael Silva, grande promessa da base, mas que até agora não estourou.
Eu venho do futebol de base, a minha graduação é Educação Física, me preocupo muito com a formação do atleta. Mas uma coisa que é importante deixar claro é que eu não acredito em resultado de trabalho de base e transição para o profissional que dure menos que cinco anos. A partir do quarto ou quinto ano de trabalho é que começam a aparecer os frutos da implantação de uma filosofia de trabalho.
Isto não quer dizer que eu queira tirar de minha responsabilidade o fato termos ou não termos atletas de base na nossa equipe. Mas eu não quero ser o culpado por não ter atleta de base e nem ser o responsável por aparecer atleta de base. O fato de o William ter jogado não é devido de uma filosofia minha. O Luccas Claro estar hoje dentro do clube também ainda não é fruto deste trabalho. Uma filosofia de formação de atleta começa a dar frutos depois de quatro anos. Acho que isso é importante.
Por exemplo, em 2007, o lançamento, sim pode ser creditado às pessoas que estavam ali, mas não o trabalho. Às vezes o aparecimento de um jogador é muito mais fruto da necessidade de ter que colocar aquele jogador que propriamente por uma filosofia de trabalho. O que temos feito hoje é o seguinte: a categoria Sub-20 tem o mesmo quadro de trabalho semanal da categoria profissional. Ou seja, todos os treinos que a categoria profissional faz, no campo ao lado está à categoria Sub-20. Hoje temos como fundamento de trabalho que, ao longo de um mês pelo menos quatro ou cinco jogadores da categoria Sub-20, venham treinar com o elenco profissional. Às vezes se vincula muito o lançamento de atletas ao jogo propriamente dito. Mas o vivenciamento no dia-a-dia, treinamento, concentração, ir para o banco já é um trabalho de transição.
Eu acredito muito neste trabalho. O fato do Marquinhos Santos ser hoje o treinador da equipe, vindo das categorias de base, certamente pode acelerar este processo. Penso que o fato do Mário André Mazzuco ser hoje gerente de futebol do clube e não gerente de futebol de base é um grande avanço, acho que o fato de ter um departamento de observação e captação de atletas de base ao profissional também pode acelerar este processo. E tenho muita confiança no projeto que temos chamado Coritiba do Futuro, que tem como objetivo, chegar em 2016 com 60% dos atletas realmente formados nesta filosofia de trabalho do clube.
Alguns atletas das categorias de base são emprestados para outros clubes para atuarem e ganhar experiência. Isso não pode prejudicar o crescimento profissional, técnico e físico dos jogadores? Como é a feita a escolha dos clubes para os quais os atletas são emprestados?
Pode sim, é um risco que a gente corre. Mas o que acontece? Nenhum clube no Brasil consegue absorver a demanda de atletas que são formados a cada ano. Por causa da Lei Pelé, quando o garoto faz 16 anos ele assina seu primeiro contrato profissional. Você tem, muitas das vezes, quando chega numa categoria sub-20, até 38 jogadores com contratos profissionais. Muitas vezes estes contratos extrapolam a idade do menino. A margem de erro dentro do futebol é muito grande, pois quando o menino faz 16 anos você precisa fazer o primeiro contrato profissional. Você não sabe o que vai acontecer com este garoto no futuro.
Você já tem um elenco de 35 jogadores para uma temporada. A demanda aumenta a cada ano. É claro que seria um sonho absorver todos os jogadores e que todos eles fossem formados no clube, mas nenhum clube consegue absorver este processo e acabam tendo que emprestar. Procuramos minimizar ao máximo isso, mas a margem de erro é muito grande e isso não é apenas no Coritiba, mas sim em todos os clubes do Brasil. Você empresta os jogadores e alguns deles retornam ao clube, pois se capacitam e mostram que tem condições de jogar no clube e muitos outros se perdem pelo caminho. Infelizmente é um processo que não temos a menor condição de reverter no curto prazo.
Uma tentativa nossa agora, é condensar mais em menos parceiros. Vamos procurar fazer isso no Campeonato Paranaense do ano que vem, já procuramos fazer isso com o Joinville neste ano que passou. Estamos procurando parceiros melhores para errar menos.
Que tipo de avaliação foi feita no Coritiba durante a temporada passada e nesta temporada quando havia um declínio técnico dentro de campo para a manutenção do técnico Marcelo Oliveira?
O clube tem uma filosofia de comando técnico, que é procurar manter o comando independentemente dos resultados que aconteçam, até pelo fato que pensamos que o treinador não é o único responsável por ganhar as partidas como também não é o único culpado por perdê-las. Se não mudarmos o processo de troca constante de treinadores no futebol, rapidamente vamos falir ainda mais o futebol.
A gente vê equipes no futebol brasileiro que são rebaixadas trocando quatro, cinco, seis técnicos durante o ano. Isso não resolve o problema destas equipes. Acredito que a filosofia de manutenção do comando técnico é um fato pelo qual o clube deve ser conhecido no mercado. Prova essa que o Coritiba em dois anos e dez meses de gestão, desde 2010, está em seu terceiro treinador. O Ney Franco ficou um ano e quatro meses a frente do Coritiba e ficou entre os 10 que mais treinaram o clube em toda sua história. O Marcelo Oliveira ficou um ano e oito meses e ficou entre os três que mais treinaram o clube em toda a sua história. Então, se trocar treinador fosse garantia que as coisas fossem melhorar, seria muito fácil resolver todos os problemas dos clubes.
Não é solução. Particularmente no caso do Marcelo Oliveira, ele obteve resultados expressivos em 2011. Foi campeão invicto, recordista mundial de vitórias, chegou pela primeira vez a uma final de Copa do Brasil e chegou à última rodada do Campeonato Brasileiro em quinto lugar, quando perdemos na última rodada e terminamos em oitavo lugar. Foi bicampeão paranaense em 2012, mesmo com a equipe não apresentando o futebol brilhante que teve no ano passado.
Chegou à segunda vez consecutiva na final da Copa do Brasil, também de uma forma inquestionável, perdemos para o Palmeiras e a gente sabe muito bem as circunstâncias em que perdemos.
Se você pegar a seqüência de jogos, tivemos um curto espaço de tempo. Perdemos a final da Copa do Brasil numa quarta-feira, perdemos para a Ponte Preta, por 4x1, logo no sábado, empatamos com o Palmeiras, depois empatamos com o Bahia na Fonte Nova, depois ganhamos do Náutico no estádio dos Aflitos, depois nós ganhamos do Grêmio em casa. Ou seja, logo depois da perda da final da Copa do Brasil, fizemos cinco partidas num período de 17 dias. Logo depois perdemos para o Figueirense na última rodada do turno. Na quarta-feira ganhamos do Inter. Então veja, perdemos contra o Figueirense e ganhamos do Inter logo em seguida.
Estávamos oscilando muito, mas a gente não estava tendo seqüência de derrotas. Fazíamos um jogo muito bom, um jogo muito ruim. Aí jogamos contra o Botafogo no Engenhão, perdemos por 2x0, jogamos contra a Portuguesa, que talvez tenha sido a pior apresentação do ano e aí fizemos a troca do comando técnico. Então se você for analisar, foram muitos jogos em seqüência que estavam fazendo com que a gente pensasse que a equipe ia reverter o processo de caída e isso não estava acontecendo. Eram vitórias muito boas dentro de casa e derrotas fora de casa, que também foi uma tônica no ano de 2011 e muitas pessoas esquecem. Apesar de toda a campanha boa no ano passado, o Coritiba no Campeonato Brasileiro ganhou pouquíssimas partidas fora de casa.
Foi divulgado e muito comentado que você e o Marcelo Oliveira tiveram um desentendimento sério. Isso é verdade?
Ao longo de um ano e oito meses de trabalho, você discute, mas não é apenas uma vez, e sim várias vezes dentro do vestiário. Ali não é um local onde as pessoas pedem licença, por favor, que eu preciso entrar. Não é que eu tenha discutido com ele uma vez, discuti várias vezes não só com ele, mas com várias outras pessoas e com certeza outras pessoas discutiram entre si. O problema é que, quando o time está indo mal, algumas pessoas têm o interesse em supervalorizar determinadas situações para poder inflamar as situações. Não teria a menor condição de trabalhar com uma pessoa ao longo de tanto tempo se não tivesse uma convivência tranquila, uma convivência pacífica no maior período do tempo.
É claro que você tem discussões de idéias, às vezes ásperas, às vezes não ásperas. Isso é o futebol. Muita gente que não vive dentro do futebol não tem conhecimento como as coisas acontecem dentro do vestiário. Então o que aconteceu foi isso.
A parceria com LA Sports é um assunto sempre muito comentado entre os torcedores. Existe a intenção em manter esta parceria para 2013 e 2014? Quais os critérios de contratação para Roberto, Eltinho, Robinho e Júnior Urso?
Esta função, que exerço, é tão difícil porque você não consegue trabalhar no futebol hoje se não tratar com empresas que gerenciam carreiras de atletas e investidores que detém direitos econômicos de atletas. Quando você chega para trabalhar em um estado, como é o meu caso, você entra direto em uma sinuca de bico. Porque se você começa a fazer negócio com empresas que são de fora do Estado, você é acusado de trazer pessoas de outros estados para trabalhar no futebol paranaense. Mas se você dá preferência para as empresas que são do Estado, você também acaba sendo acusado de estar beneficiando determinadas empresas.
Quando cheguei ao Coritiba, e a partir do momento em que as pessoas que comandam o Coritiba, deram a mim o cargo de superintendente de futebol de fato e de direito, eu procurei todas as empresas que trabalham com futebol no Paraná. Todas, sem nenhuma exceção. Todas elas, inclusive, continuam frequentando a minha sala desde então e temos um excelente relacionamento. Particularmente a LA, que foi citada, é uma grande parceira. Tenho muito orgulho de tê-la como uma das parceiras do Coritiba. O Luiz Alberto é Coxa-Branca, filho de um ex-presidente do conselho deliberativo do clube, Dr. Luiz Alberto, que é meu amigo particular e também de toda a diretoria do clube. Fazemos negócios com várias empresas, e sem dúvida nenhuma, a LA foi e é uma grande parceira do Coritiba. Toda a direção do Coritiba já tinha conhecimento da idoneidade, não só da LA, mas de várias outras empresas.
O Coritiba tem 208 atletas e muitas vezes se valoriza determinados parceiros porque tem um determinado número de atletas e se esquece que o Coritiba é um clube muito grande. Acredito que, particularmente nesse caso específico, a LA já teve parceria com outros clubes, se falou muito tempo que a empresa tinha ingerência no clube, escalando jogadores. Nunca, em momento algum, pode perguntar para todos os treinadores que passaram aqui. Isso nunca foi colocado e nem imposto nenhum tipo de ingerência para escalar jogador de empresário A ou B. Isso é importante de colocar.
O Coritiba está crescendo muito e cada vez mais tem condições de andar com suas próprias pernas, penso que é um processo natural, quanto maior o clube fica, menos ele depende de parceiro A ou B. Espero que em 2013 possamos continuar com diversas parcerias e que o trabalho avance.
Não vou citar jogadores nominalmente desse parceiro citado, porque isso é uma afronta aos jogadores que foram contratados. Se pinçar determinados jogadores que não foram bem, eu acho que não seria justo não citar os jogadores que foram extremamente bem, independentemente do parceiro que exista. Isso, sinceramente, penso que é leviano ver pessoas que acusam sem nenhum conhecimento de processo. Além do que, se divulga muito que um jogador é de determinado empresário, quando na verdade, o atleta tem dois, três, quatro, cinco "donos". Infelizmente é a legislação esportiva que nos impõem estas questões.
Faz parte da cultura do futebol brasileiro que o clube pode contratar grandes nomes que a torcida bancará o investimento. A baixa média de público de clubes como o Botafogo, por exemplo, que contratou Seedorf mostra que a história não é bem assim. Além da cota de TV e o quadro associativo, quais seriam os outros caminhos para que os clubes brasileiros possam trazer grandes jogadores de renome?
Todas as vezes que se buscou o apoio espontâneo do torcedor comum, para se trazer grandes nomes, nunca se conseguiu sucesso. A última experiência foi a do Wesley, no Palmeiras, além de tantas outras. Penso que todas as pessoas que realizam estão acostumadas a isso. O ser humano tem uma facilidade muito grande para a crítica e uma dificuldade muito grande em realizar e elogiar realizações de outras pessoas. Por isso são poucas que realizam e muitas que criticam.
Particularmente com a chegada das mídias sociais, a internet trouxe duas coisas perigosíssimas para o futebol. Primeira: o acesso direto e segundo, o anonimato. Normalmente os críticos se escondem e pior, não dão condições para as pessoas que estão realizando o mesmo direito de resposta das críticas que eles fazem. Eles querem simplesmente criticar, colocar suas opiniões e em momento algum você pode respondê-los.
Penso que é muito difícil novas fontes de receita. Agora com a chegada dos novos equipamentos que teremos com a Copa do Mundo, a transformação dos estádios, essa situação pode melhorar. Você imagina: O Coritiba possui 70 mil metros quadrados encravados em uma área nobre da cidade que abre de 35 a 40 vezes por ano. Imagina só a relação custo/benefício deste equipamento (Couto Pereira). Os estádios no Brasil, em sua maioria, são muitos envelhecidos, o que dificulta a transformação destes estádios. Temos o Engenhão, que foi cedido ao Botafogo com uma universidade funcionando nele, com shows, porque o conceito já foi diferente de estádios que eram antigos no Brasil.
Deixo um alerta: precisamos nos movimentar rapidamente. Precisamos buscar, através do esforço próprio da torcida Coxa-Branca, melhorar o nosso estádio. Precisamos cada vez mais e pedimos cada vez mais que os torcedores se associem que a gente tenha cada vez mais sócios para podermos equiparar esta briga.
Ao que você credita a queda de rendimento do Coritiba nesse final de temporada?
Sinceramente, eu não achei queda de rendimento. Eu penso que o que aconteceu, foi uma temporada muito desgastante para o elenco como um todo. A gente está terminando o ano com 76 partidas. Se pensarmos que o ano tem 365 dias e pegarmos as 76 partidas e 76 pré-jogos, temos 152 dias, com 76 pós-jogo, temos 228 dias, mais 30 dias de férias, 258 dias num ano que tem 365 dias. Vai sobrar aí praticamente 90 dias de treinamento para 76 jogos. É quase que um dia de treinamento por jogo.
A temporada foi extremamente desgastante no quesito psicológico particularmente para a equipe. O tricampeonato foi decidido nos pênaltis. A Copa do Brasil, também desgastou muito, quer dizer, a responsabilidade de se fazer o resultado. A maneira como perdemos foi muito dura. Aí logo depois da Copa do Brasil, a exaustiva seqüência de jogos então eu penso que quando a equipe fez 45 pontos, de alguma forma demos uma relaxada, porque era muito difícil e depois acabou se comprovando isso, que o clube caísse com 45 pontos.
Na verdade, o que fugiu da curva, desses jogos na minha opinião, foi o jogo contra o Corinthians, que se analisarmos de uma maneira mais fria, vamos notar que em 19 minutos de jogo estava 3x0 para o Corinthians, com um pênalti marcado fora da área e duas bolas que desviaram no zagueiro. Isso não é uma desculpa. É uma análise fria. Eu não estou aqui falando que o time estava jogando pra caramba, entendeu? Não é nada disso. É uma análise fria do negócio, do resultado.
O jogo contra o Vasco aqui a gente teve momentos fantásticos. O gol do Lincoln, nós criamos quatro outras possibilidades: o William perdeu um gol de frente, o Rafinha meteu pra trás uma bola que não era pra meter, o Lincoln perdeu um gol de frente pro gol, o Junior Urso também, depois que entrou. Tomamos dois gols, mais uma vez de uma bola cruzada na área e um escanteio.
Eu não vejo uma queda tão absurda, claro que especulações, jogador que sabe que não vai ficar para o próximo ano, isso acontece também no Coritiba. São muitos os fatores que influenciam a perda de rendimento dos jogadores e que acabam por influenciar o resultado. É muita coisa, não dá para falar somente de uma variável.
Os três últimos resultados, que foram ruins, terão alguma interferência para o planejamento da próxima temporada, seja na continuidade da comissão técnica ou na continuidade de algum jogador?
Uma coisa que eu peço todos os dias para mim, como gestor, é nunca me deixar influenciar demasiadamente pelo momento da equipe. Você conseguir separar um dia ruim de uma semana boa, você conseguir separar uma semana boa de um mês ruim e conseguir separar um mês ruim de um ano bom, o que é o caso do Coritiba é o desafio diário de qualquer pessoa que trabalha com gestão. É muito importante não se deixar influenciar pelo momento no qual a equipe terminou o ano, seja ele bom ou ruim. O equilíbrio desse processo todo, e nos temos hoje no Coritiba, o que muito me orgulha, as ferramentas que possam te dar no final do ano relatórios do processo como um todo, é extremamente importante para se fazer o planejamento para o próximo ano.
Então esse é o grande desafio de quem está gerindo, porque gestão é viver o mundo real e não viver o mundo ilusório.
O mundo real é você tomar decisões, a cada dia, e assumir as conseqüências dessas decisões, porque você sentar aqui e imaginar: o Coritiba tem que ser campeão brasileiro, o Coritiba precisa alçar vôos maiores, é uma coisa, mas transformar isso em realidade é outra. Você pegar o pessimista de plantão que no primeiro jogo do campeonato o cara falar que já assistiu esse filme e depois que acabar, no final diz que já sabia, é muito simples. Assim como o otimista de plantão, que imagina que tudo é um mundo cor-de-rosa, ou para nós do Coritiba, um mundo verde e branco. Isso é um grande desafio, é uma coisa que eu peço todo dia: equilíbrio.
Você fica no Coritiba para a próxima temporada?
Uma das coisas que eu sempre falo, ao longo de três anos e meio que eu estou no Coritiba e se pegarem todas as entrevistas que eu dei, ao longo desse tempo eu sempre disse isso, é que a instituição é maior do que as pessoas.
Eu cheguei muito pequeno em relação ao Coritiba. Cresci demais profissionalmente nesse período que estou aqui, mas o tanto que eu cresci é muito pouco perto do quanto o Coritiba cresceu em relação a mim. Se eu me sentia pequeno em relação ao Coxa, quando cheguei aqui na primeira rodada do Brasileiro de 2009, essa relação só aumentou.
Isso é uma coisa que eu sempre coloco: Nunca, em momento algum, o meu projeto pessoal vai ser maior do que o projeto do Coritiba. Eu não sei o que vai acontecer comigo no final da temporada, sinceramente eu não sei. Aliás, desde dezembro de 2011 eu não tenho nenhum papel que me prenda ao Coritiba e nem quando tinha esse papel, eu me prendi a ele. O que eu tenho no Coritiba hoje é muito mais que compromissos, muito mais que conversas, tenho uma troca de experiências com o Vilson, que vale muito mais do que um contrato. Um fator que me preocupa muito hoje, sinceramente, é o excesso de exposição pessoal que tenho em relação ao projeto do Coritiba.
Eu não queria chegar ao final desses três anos de trabalho no Coritiba tão exposto pessoalmente. Penso que é muito injusta a maneira como às vezes sou tratado e exposto dentro desse projeto. Se por acaso, algum dia eu chegar a tomar a decisão de sair, pode ter certeza que esse excesso de exposição é fator que vai ter um peso muito grande nessa decisão.
Não que eu não queira ser criticado pelo meu trabalho, muito pelo contrário, eu convivo muito bem com as críticas. Só que eu penso que as críticas são muito para um lado e os elogios não acompanham o mesmo lado. O fato de você ser colocado como principal responsável pela montagem de um elenco, entre aspas, mais fraco, e não dar o mesmo peso do elenco mais forte não é justo.
A participação que eu tive na formação do elenco de 2010 não foi maior nem menor do que a participação que eu tive em 2011, tampouco da participação que eu tive no elenco de 2012. Eu não acho correto se atribuir sucessos a x, y, z e fracassos simplesmente a outra pessoa. Isso é uma coisa que sinceramente me incomoda muito. Gostaria de um equilíbrio maior.
Nessa função que exerço, de gestão, muitas vezes temos de suprimir informações, pelo bem da gestão. Existiram jogadores em 2010, 2011 e 2012 que eu tive minha opinião vencida e o todo falou pela contratação, assim como teve em 2012 opiniões minhas que eu achava que determinado jogador deveria ser contratado, outros não achavam que deveria ser contratado e eu não contratei e sempre assumi a responsabilidade de todos.
Ao longo de três anos de trabalho, qualquer torcedor, qualquer pessoa que acompanha o futebol do lado de fora vai elencar aí 10, 12, 15 contratações que não deram certo. Isso é uma coisa absolutamente natural, quando você monta uma equipe. Mas não é comigo. É no Inter, no Cruzeiro, no Flamengo, no São Paulo, no Fluminense. Em qualquer clube.
Só que aí, como eu fui muito exposto no projeto, mesmo dizendo que a minha função é de bastidores, de falar pouco isso não adiantava. Essa situação foi criada e acaba que você carrega um fardo que eu acho ser pesado demais.
A paciência com o profissional, comigo, fica parecendo como que uma paciência aplicada a um treinador. Não tem cabimento algum você gerir um clube que tem orçamento limitado, com dívidas e compromissos que não se pode fugir deles e ser exposto e julgado dessa forma. Isso é uma coisa que me pergunto muitas vezes sobre isso, pessoalmente sobre isso.
Então existe a chance de você deixar o clube ao final deste ano?
Sempre existe.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)