Análise
Arte: GE
Analisando o recente artigo assinado pelo jornalista Rodrigo Capelo, especializado em negócios no esporte, o primeiro aspecto que salta aos olhos, é de que antes mesmo de falar sobre a situação financeira do Coritiba, é fundamental falar sobre a falta de transparência sobre a gestão dos recursos do clube.
Ao longo do texto, Capelo pontua repetidas vezes que o Coritiba, ao menos até a última apresentação de balanço, se demonstrou um clube pouco transparente, seja com seus associados, seja com o próprio mercado. O clube utilizou formas incomuns de divulgar suas receitas, as agrupando de forma que impossibilita detalhar e analisar separadamente cada aspecto. Mais grave e impactante do que isso, o clube não publicou o seu orçamento, impedindo a comparação entre as projeções feitas pelos diretores e o que realmente aconteceu no período.
Passada a importante página da transparência, podemos comentar sobre os resultados financeiros no período. O primeiro aspecto que chama atenção, é de que os rebaixamentos são verdadeiras bombas atômicas sobre a saúde financeira do clube, uma vez que se torna inviável reduzir os custos (sejam operacionais, sejam referentes ao pagamento de dívidas) na mesma intensidade em que as receitas diminuem. Sendo assim, é fácil perceber que não subir de divisão logo no primeiro ano tem efeito igualmente devastador. Subir para Série A é fundamental, tanto por motivos esportivos, quanto por motivos financeiros.
O artigo desmonta a narrativa de responsabilidade financeira defendida pela gestão anterior, demonstrando o forte crescimento ocorrido na dívida como um todo, e de forma ainda mais grave o crescimento das dívidas de curto prazo (executadas em até um ano), que duplicaram no período, chegando aos R$ 92 milhões. Essas são dívidas que podem gerar juros exorbitantes e até mesmo punições, como já visto em outros clubes brasileiros.
Também demonstra a infelicidade da comparação feita pelo atual Presidente, sobre a gestão do clube ser “tão simples quanto a de uma padaria”. Será extremamente difícil pagar tais dívidas ao longo do ano, especialmente considerando que a receita em 2021 corresponde a menos da metade de tal valor, isso sem considerar todos os custos inerentes ao próprio funcionamento clube.
Capelo aponta que Follador não está errado em seu diagnóstico sobre como o clube deve trabalhar para corrigir sua rota, ou seja, gastar menos do que arrecada, honrar seus compromissos e alocar recursos de forma eficiente. Ao mesmo tempo, mostra o quanto o mau início do futebol do clube no ano pode contribuir negativamente para o objetivo, e como mesmo com o diagnóstico correto, a implementação não é nada fácil. Na montagem do time alviverde podemos enxergar o primeiro grave erro da nova diretoria em sua gestão, a má utilização dos escassos recursos do clube.
Por fim, o jornalista demonstra que, ainda que o Coritiba não esteja na situação falimentar de diversos clubes brasileiros, possui uma tarefa inglória para corrigir sua rota. Ao longo dos últimos anos o clube se apequenou, diminuiu drasticamente sua competitividade, passou a dever mais e a arrecadar menos. Dessa forma, fica cada vez mais claro que mudanças radicais não são apenas necessárias, mas também urgentes.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)