Especial
Sei que não é normal um treinador fazer isso, mas nunca fui controlado pelo sistema e pela hipocrisia onde se fica calado para não ser mal interpretado.
Em 2007 quando escrevi uma carta cobrando um comportamento diferente da torcida, lembro de meu queridíssimo e saudoso amigo, Sergio Prosdócimo, me chamar para almoçar e me dizer que dei um tiro no pé.
Meu querido amigo, não sou do sistema do politicamente correto.
Se todos estão fazendo errado não me diz que é certo, se poucos estão fazendo certo, não me diz que estão errados.
Sigo a minha cabeça e assumo as responsabilidades e consequências.
Em outubro um amigo querido me ligou e perguntou em quem eu daria meu apoio.
Fui claro: Na atual diretoria sem chance.
Nas outras duas, queria ver os projetos.
Li e assisti todos os debates e lives.
Achei que o Coritiba - ideal se aproximava do que eu pensava.
Escrevi o que achava de cada ponto do projeto com minha análise técnica e mandei para meu amigo.
Ele recebeu e mandou para um dos membros que atualmente está no G6 e recebeu a seguinte resposta desse membro. Vamos ligar para ele.
Por duas vezes meu amigo me ligou perguntando se já a haviam feito contato. “Não ligaram”, era minha resposta.
Nem eram obrigados, mas jogar experiência fora não é inteligente.
Mesmo assim fiz uma postagem e gravei um vídeo depositando meu apoio. Não havia qualquer interesse outro que não fosse o Coritiba.
Agora vejo as medidas que tomaram e aí me surpreende não terem me ligado para perguntarem em que eu pudesse ajudar. Novamente não eram e nem são obrigados ligar.
Teria o imenso prazer em dizer os dez pontos que um treinador deveria fazer em situação tão delicada.
1- Entrar chutando a porta do vestiário.
Cheguei a escrever que os jogadores não eram os tão culpados como os grupos e sites colocavam. Um treinador a cada cinco jogos é loucura demais.
Mas, eles também são responsáveis e eu chegaria cobrando forte deles.
2- Colocaria uma folha grande e com perguntas que eles deveriam responder individualmente e na frente de todos. Eu escreveria tudo para ser fixado no vestiário do CT, do Couto e outro que viajaria para cada jogo.
A- Por que estamos onde estamos?
B- Onde Eu fui culpado?
C- O que posso fazer para sair de onde estamos?
D- O que o grupo e comissão técnica precisa fazer para sair dessa situação?
Fiz isso no Fluminense em 2008 e no Atletico Goianiense em 2010, funcionou muito bem. Depois de dito cada um deles terá que assumir um novo comportamento que justifique o que ele disse. Ele será cobrado por ele mesmo ao ler se não estivesse em conformidade com o que está escrito.
3- Pegaria as escalações de todas as vitórias e empates para ver a coincidência das escalações.
No Fluminense, foi o Fabinho “Soldado” que foi incluído como titular. Em todas as vitórias ele estava presente. Mas a torcida odiava ele. E aí estava barrado.
Titular absoluto, ele era vencedor.
No Atlético foi o Elias, funcionou também.
No Coritiba, não havia esses jogos ainda, era a quinta rodada, mas Anderson Lima estava para ser mandado embora e eu conhecia o cara, foi gigante como jogador e Capitão.
4- Reunião com os quatro líderes do grupo. Sempre existe no mínimo quatro grupos. Numa conversa reservada ouviria tudo, pediria sugestões e chegaríamos a escalação do time para iniciar o primeiro treino.
Mas eles iriam se escalar? As vezes não. Tem líderes que não são titulares.
5- Concentração direto até sair da zona de rebaixamento. Todos trancados e pensando futebol. As famílias teriam dias em que iriam ao CT. Jantares, jogos e recreação com as crianças.
Mas 24 horas de coxa na veia.
6- Estabeleceria três jogadas para cada situação de jogo. Não é preciso mais do que isso e repetiria até que se tornasse um hábito.
Ex- saída de bola curta, média e longa. Como cada um se comporta e o que faz.
Marcação alta, média e baixa.
Batidas de bolas paradas.
Triangulações, tipos de infiltrações.
Compactação e recomposição.
Não há necessidade de mais de três. O Flamengo do ano passado tinha só cinco.
Os conceitos é que são mais, aí são vários e no treinamento em sala tem que ser discutidos a exaustão. Até que todos fixem.
O poder do hábito ensina que tem que haver uma deixa, uma rotina e aí tem a recompensa.
7- Estabelecimento de um prêmio para a manutenção na primeira divisão. A cada jogo um pequeno pedaço como agrado e o restante na meta alcançada.
8- Bicho família - a cada vitória um prêmio para as mulheres, mães ou namoradas. Funciona muito bem no apoio a ausência dos maridos, pais e filhos fora de casa.
9- Mental training com um coach e um Psicólogo.
Palestras com exemplos inspiradores que tenham vivido situações críticas e venceram.
10 - Associação com a universidade de Vicosa. Utilização de todos os aparelhos para auxiliar a eficiência nas tomadas de decisões. Aparelhos usados pela seleção alemã em 2014 no Brasil.
Associação com Footure, para as medições de todos os componentes do nosso jogo.
Parece impossível até que alguém faz. Ficar lamentando e dizendo que temos tantos por cento para cair não resolve.
Ficam as minhas sugestões e espero que sejam úteis. Não quero ensinar o padre a rezar a missa, mas acho que os padres não passaram por este tipo de missa.
Se ajudar ficarei feliz e agora já posso dormir, pois são 3:24 da manhã e não conseguia dormir com o Coxa na veia e na cabeça.
NÃO ACABOU !!!!!
Sai do chão verdão.
René Simōes
Foto: Geraldo Bibniak
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)