Sotaque espanhol na defesa
Por: Ricardo Honório
A chegada do zagueiro uruguaio Guillermo de Los Santos, novo reforço do Coritiba para a temporada 2022, trouxe à memória uma história que não traz boas recordações à torcida alviverde: o também uruguaio Esmerode. E o COXAnautas relembra não só essa história, como a passagem de outros defensores “gringos” pelo Coritiba de 2004 até hoje.
Contratado em 2004, a véspera da estreia na Taça Libertadores, Esmerode, praticamente com nenhum convívio com o elenco alviverde, foi colocado como titular na estreia do Coritiba no torneio, contra o Sporting Cristal, no Peru. A alegação do técnico Antônio Lopes para escalar o jogador, era de que o fato dele falar espanhol poderia ser um ponto favorável para o Coxa. Mas o tiro saiu pela culatra e a estreia não poderia ter sido pior. O time alviverde até saiu na frente com um gol de Laércio, mas uma atuação fraca de todo o sistema defensivo, em especial de Esmerode, que falhou feio no último gol do time peruano, levou o Coritiba a sofrer uma vexatória goleada de 4x1.
Depois daquela partida, Esmerode nunca mais entrou em campo com a camisa do Coritiba, tornando-se jogador de um jogo só, em uma atuação que a torcida alviverde jamais esquece e que até hoje comenta nas redes sociais.
O Coritiba voltou a ter um defensor “gringo” novamente oito anos depois, em 2012, com a chegada do argentino Sergio Escudero. Mas desta vez a aposta foi de certa forma positiva. Dono de um estilo de muita raça, Escudero caiu nas graças da torcida principalmente por uma declaração fora do campo, quando, de forma provocativa, respondeu um torcedor atleticano com o inesquecível: ”Fodaçe porco”, que virou até faixa da torcida Coxa-Branca. Dentro de campo, apesar de não comprometer, ele vivia de atuações irregulares, levando muito a sério o bordão: “uma no cravo, outra na ferradura”. Com a camisa alviverde, o argentino participou da conquista do campeonato paranaense de 2013.
Também em 2013, o Coritiba trouxe outro argentino: o lateral-esquerdo Iberbia, vindo como uma grande aposta do Estudiantes. Mas seis jogos depois foram suficientes para perceber que o jogador tinha sido um grande mico da diretoria alviverde.
Após investir em defensores argentinos, o Coritiba voltou seus olhos para jogadores paraguaios. Em 2016 vieram três de uma vez: o lateral-direito Cesar Benitez, o zagueiro Nery Bareiro e o atacante Jorge Ortega.
Dos três, Benitez e Bareiro fizeram alguns bons jogos, com destaque para as participações de ambos nos gols da vitória por 2x1 contra o Belgrano, na Argentina, que ajudaram o Coritiba a passar de fase na Sul-Americana. Cesar Benitez deu a assistência do primeiro gol, marcado por Iago Dias, e Nery Bareiro, de cabeça, marcou o gol da vitória.
Mas ambos não tiveram seus contratos renovados e deixaram o Coritiba. Benitez ainda voltou em 2018, mas naufragou junto com o time que fez péssima temporada, e deixou o clube logo no início da Série B daquele ano.
Com a chegada de Guillermo de Los Santos, que possui bons números em campo, além de experiência de ter atuado em Libertadores, Mundial Sub-20 e Pan-Americano, com a camisa da seleção uruguaia, a torcida do Coritiba espera que a história de defensores “gringos” no Alto da Glória tenha um novo começo, desta vez de forma mais feliz, principalmente do que a passagem do último zagueiro uruguaio que jogou no Coritiba.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)