Memória Coxa-Branca
Por: Kerwin Kuhlemann
Nascido em 18/05/1982, natural de Araraquara (SP), Leandro Donizete Gonçalves da Silva chegou ao Coritiba no início da temporada 2008 a convite do treinador Dorival Junior, após disputar cinco temporadas pelo time da Ferroviária (SP). Na época, o time do interior de São Paulo tinha uma parceria com o Atlético (PR), que chegou a fazer uma oferta ao jogador para um período de testes no clube, no entanto, o Presidente da Ferroviária negou a cessão do atleta, alegando que Leandro era o melhor jogador do seu time e não sairia para fazer apenas testes em outro clube.
Leandro chegou ao Coritiba com um status de jogador que serviria para composição de elenco, e logo recebeu a alcunha de Donizete, para diferenciar do zagueiro com o mesmo nome. Figurando no banco de reservas, começou a entrar no time em alguns jogos do Campeonato Paranaense de 2008. Um dos jogos determinantes para a mudança de seu status no elenco foi uma partida contra o Cianorte no estadual daquele ano. O jogo estava muito pegado, e Leandro Donizete, além de se destacar muito no meio de campo, marcou um golaço de fora da área no final da primeira etapa, o que garantiu a vitória Coxa Branca pelo placar mínimo. A partir dali não saiu mais do time.
Apesar de ter marcado no início de sua trajetória no clube, gols definitivamente não foram o que fez Donizete se tornar um ídolo Coxa Branca, afinal após esse gol ele ficaria duas temporadas inteiras sem marcar um mísero tento. Mesmo assim, o volante rapidamente conquistou o reconhecimento e o carinho da torcida alviverde, pela forma implacável como marcava os adversários, se tornando um grande cão de guarda da zaga Coxa Branca. Embora a marcação fosse seu ponto forte, Donizete não fazia o estilo de volante brucutu, pois era extremamente ágil e também ajudava muito a equipe nos escapes para os contra-ataques.
Um fato ocorrido na partida contra o Santos, no campeonato brasileiro de 2009, transformaria Leandro Donizete no símbolo da alma guerreira Coxa Branca. Neste jogo o volante perdeu dois dentes num choque com o jogador adversário, sangrando bastante. Mesmo assim, pediu para continuar em campo e espantosamente aguentou permanecer até o final da partida.
Sendo referência da equipe em 2008 e 2009, nos dois anos seguintes, 2010 e 2011, o futebol de Donizete viria a crescer ainda mais, pois encontrara finalmente um parceiro ideal para jogar junto, que formou com ele uma das melhores duplas de volantes do Coritiba nas últimas décadas: Léo Gago. Com Leandro Donizete e Léo Gago, o Coritiba conquistou a série B da temporada 2010, o Bi-Campeonato Paranaense (2010-11), o vice-campeonato da Copa do Brasil em 2011, e o recorde continental de 24 vitórias seguidas que perdura até os dias de hoje.
Ao final de uma temporada extremamente vitoriosa em 2011, e bastante valorizado no mercado, Leandro Donizete se transferiu para o Atlético (MG) onde também construiu uma bonita trajetória ficando lá por cinco temporadas. Ainda jogou pelo Santos, América (MG), Londrina, e agora, já prestes a completar 40 anos, ainda atua profissionalmente, pela equipe do Betim (MG).
Leandro Donizete jogou quatro temporadas pelo Coritiba, disputou 136 partidas e marcou 2 gols. Quando partiu do clube, deu lugar ao então Piá do Couto Willian Farias, que, coincidência ou não, mostrou características em campo muito similares ao seu antecessor, se tornando também um ídolo da Nação Alviverde. Pelo seu legado, pela raça em campo e pelo respeito com que vestiu a camisa alviverde, Donizete sempre será lembrado como um dos pilares de um dos maiores times do Coritiba dos últimos tempos, e por, sem dúvida, simbolizar a Alma Guerreira dentro de campo.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)