Matéria Especial
Por: Luiz Eduardo Buquera
A Alma Guerreira está de volta ao Alto da Glória e o atacante Robson é o principal destaque nesse quesito no atual elenco do Coritiba. Vale enfatizar que não bastaria apenas um jogador com essa qualidade para possibilitar a superação conquistada pelo time a partir da partida contra o Goiás, sendo muito importante o espírito de luta demonstrado pelos demais atletas.
Ao longo da história Alviverde, muitas equipes e atletas tiveram os atributos que fizeram com que fosse criada a alcunha de time d' Alma Guerreira. Logo vem a lembrança de elencos como os de 1985, 1995, 1999 e 2007, que viveram incríveis momentos associados ao tema.
Neste texto, entretanto, o objetivo é lembrar alguns atletas da história do Verdão nos quais a raça, entre outras qualidades, foi fator marcante. O período analisado foi compatível com a possibilidade de observação do autor, de modo que grandes expoentes que atuaram antes dos anos 80, não foram citados.
1- André (1981-1990)
Atleta muito querido pela torcida em função de sua extrema dedicação em campo. Prata da casa de uma geração de ouro, que teve participação decisiva na maior conquista do clube em 1985. Iniciou como volante, mas atingiu seu auge como lateral direito. Foi fundamental na conquista do Campeonato Brasileiro de 1985 e do Paranaense de 1986. Infelizmente, teve a sequência de sua carreira prejudicada em função de graves lesões. Seu último momento de destaque foi a grande jogada e assistência para o segundo gol do Coritiba na vitória por 3x0 no atleTIBA de 01 de maio de 1990, que contou com mais de 50 mil torcedores.
2- Heraldo (1985 e 1991-1992)
Campeão Brasileiro em 1985, o zagueiro já era admirado no Alto da Glória, mas consolidou seu status de líder e ídolo em sua segunda passagem pelo clube no início dos anos 90, numa época de vacas magras. Não ganhou títulos nessa época, mas ajudou o Coritiba a conseguir o retorno à série A do Campeonato Brasileiro em 1992. No ano anterior fez parte da equipe que foi vergonhosamente prejudicada pela arbitragem em Campinas. Marcou o gol da vitória contra o Guarani ao final da partida de ida das semifinais.
3- Zambiazi (1995-1997)
Zagueiro que chegou desconhecido, do interior do Rio Grande do Sul, sob desconfiança do sofrido torcedor do início dos anos 90. Rapidamente conquistou a massa Alviverde, com sua raça e faro de gol. Exímio cabeceador, Zambiazi é até hoje um dos maiores zagueiros artilheiros do clube. Dois episódios marcantes de sua carreira foram o empate no atleTIBA, quando fez os dois gols do Coritiba, atuando com a mão fraturada, e a vitória por 3x2 contra o Criciúma, quando marcou duas vezes, fazendo o gol da vitória nos acréscimos. As duas partidas foram realizadas em 1997. Em 1995, Zambiazi foi titular absoluto na campanha do acesso à primeira divisão do Campeonato Brasileiro.
4- Cléber Arado (1997-2000)
Cléber chegou ao Coritiba num momento crítico, quando a equipe lutava desesperadamente para escapar do rebaixamento no Brasileirão de 1997. Sua chegada foi decisiva para o sucesso de uma equipe de muita transpiração e pouca inspiração. Ao final do empréstimo foi para a Europa, para tristeza da torcida. Por outro lado, seu retorno foi triunfal, quando abandonou o alojamento do endinheirado arquirrival para assinar com o clube que aprendeu a admirar. Além de ser craque, jogava com muita raça, o que ficava muito claro na seriedade e eficácia de suas cobranças de penalidades. Participou como maior referência técnica da equipe campeã paranaense de 1999, que encerrou um jejum de títulos de quase dez anos.
5- Reginaldo Nascimento (1997-2005)
Contratado junto ao Matsubara em 1997 para a disputa do Campeonato Brasileiro, Reginaldo (como era chamado na época) era um jovem reserva extremamente aplicado na marcação. No mesmo ano, fez uma partida na qual mostrou toda sua raça e promissor futuro, quando ajudou o Verdão a segurar um empate contra o Palmeiras, atuando com dois jogadores a menos em boa parte do tempo. Passou a ser chamado de Reginaldo Nascimento em 1998, em função da presença de Reginaldo Araújo no elenco. Atuava como volante, alternando entre a titularidade e a suplência, até que com a chegada do treinador Paulo Bonamigo, passou a atuar como zagueiro/líbero. período em que obteve maior sucesso. Em sua passagem pelo Glorioso conquistou três estaduais (1999/2003/2004), o Festival Brasileiro de Futebol (1997), a vaga para a Taça Libertadores da América de 2004 e o coração dos Coxas Doidos.
6- Tcheco (2002-2003 e 2010-2012)
Chegou do Malutrom para compor elenco no Campeonato Brasileiro de 2002. Com a contusão do titular Sérgio Manoel, o substituiu na estreia da competição com atuação tão destacada que assumiu a titularidade. Jogador que aliava qualidade na marcação e na criação de jogadas, atuava com muita raça, conquistando o papel de líder da equipe campeã paranaense invicta em 2003 e classificada para a Taça Libertadores da América do ano seguinte. Saiu para o futebol árabe no mesmo ano. Retornou durante a disputa da série B de 2010, com a mesma qualidade e entrega de outrora. Tornou-se o décimo segundo titular da equipe. Ainda conquistou os títulos da série B em 2010, os paranaenses de 2011 (invicto) e de 2012, participando ativamente da campanha que resultou no vice-campeonato da Copa do Brasil e no recorde de vitórias consecutivas em 2011.
7- Ariel Nahuelpan (2008-2010)
O argentino chegou em 2008 e estreou no Campeonato Brasileiro, sempre mostrando muita raça e vigor. Aos poucos, começou a apresentar seu faro de gol e caiu nas graças do torcedor. No seu primeiro atleTIBA marcou o gol de empate de carrinho, dividindo com o goleiro adversário. No triste ano do centenário Alviverde foi um dos destaques da boa equipe que inexplicavelmente acabou rebaixada. Marcou até gol de bicicleta contra o Goiás, nos acréscimos. Antes de sair do clube em 2010, conquistou o Campeonato Paranaense, terminando como artilheiro.
8- Leandro Donizete (2008-2011)
Contratado em 2008, o volante Leãodro Donizete como foi apelidado pela torcida, fazia jus à homenagem. Para ele não havia bola perdida, lutando com a mesma intensidade do primeiro ao último minuto das partidas. De baixa estatura, mas com muita força e vigor, não afinava para os adversários. Foi campeão estadual em 2008, 2010 e 2011, além de campeão da série B em 2010.
9- Rafinha (2010-2013 e 2019-2021)
Quando chegou ao Coritiba, após o traumático rebaixamento de 2009, já iniciou jogando muito bem e anotando um golaço em uma de suas primeiras partidas, na Vila Capanema. Inicialmente, o meia/atacante não sabia modular sua extrema vontade em campo, o que resultou em algumas expulsões. Foi um dos jogadores mais importantes do clube para garantir o retorno à série A naquela temporada. Os melhores momentos do Coritiba no início dos anos 2010 coincidiram com sua presença. Rafinha saiu do clube em 2013, após conquistar o tetracampeonato paranaense (2010-2013). Também foi campeão da série B do Campeonato Brasileiro em 2010. Retornou em 2019, ajudando na conquista de dois acessos para a série A, em 2019 e 2021, apresentando menos vigor físico, mas com as habituais raça e qualidade técnica.
10- Willian Farias (2008-2013 e 2021-hoje)
O prata da casa Willian foi lançado por René Simões em sua primeira passagem pelo clube e estreou com Dorival Júnior no ano seguinte. Desde o início, suas marcas foram a dedicação e a força física. Gradualmente, foi ganhando espaço no elenco, tornando-se a primeira opção na suplência de Leandro Donizete e Léo Gago nos anos de 2010 e 2011. A partir de 2012 começou a ocupar uma vaga como titular da equipe, até sua saída para o Cruzeiro. Retornou em 2021 e foi peça chave na volta para a série A e no título estadual de 2022, sendo um dos principais líderes do elenco. Considerado um verdadeiro representante da torcida dentro de campo, é muito respeitado por sua seriedade e entrega. Mesmo nas derrotas e turbulências, pode transitar de cabeça erguida entre os torcedores. Seus momentos mais marcantes foram o golaço que deu a vitória por 3x2 ao Coritiba na partida final da Copa do Brasil em 2011 e a atuação memorável na partida que garantiu o retorno à série A do Campeonato Brasileiro, no confronto com o Brasil de Pelotas em 2021.
Não foi fácil selecionar apenas estes atletas para figurarem na lista, pois ao menos mais dez caberiam na relação. E aí, torcedores Coxas, sentem falta de mais algum raçudo nessa lista? Discordam de algum dos atletas relacionados?
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)