Memória Coxa-Branca
Por: Kerwin Kuhlemann
Erielton Carlos Pacheco, o Pachequinho, nasceu em 26/09/1970 em Ponta Grossa/PR. Filho do ex jogador Carlos Janino, ainda menino começou a jogar futebol nas quadras de salão da Associação Atlética do Banco do Brasil - AABB, visto que seu pai na época era funcionário do Banco. Rapidamente o lépido garoto chamou atenção do Professor Miro, que em 1983 o levou ao Coritiba para integrar as categorias de base do Clube. Estreou entre os profissionais em 1990, justamente no início de um dos momentos mais críticos da história do Alviverde do Alto da Glória. Mal sabia Pachequinho que estava começando uma longa caminhada com a camisa do Coritiba, que duraria nada menos que sete temporadas consecutivas, e o tornaria um dos maiores ídolos da história do Clube.
Com pouca estatura, mais uma grande velocidade, Pachequinho foi dos poucos que se salvaram dentre os jogadores que passaram pelo Coritiba entre os anos de 1990 e 1993, fase de muitos insucessos e decadência interna do Clube. Neste período, um dos momentos marcantes do craque foi o golaço olímpico marcado contra o Paraná Clube, num clássico jogado no Couto Pereira em 1991.
A habilidade do rápido atacante fazia com que o mesmo fosse muito caçado em campo pelos zagueiros, sofrendo faltas duras que por muitas vezes o deixaram fora de combate. Durante os anos de 1992 e 1993, Pachequinho chegou a ficar 16 meses fora dos gramados para tratar de lesões sucessivas no joelho.
Em 1994, apesar de mais um ano de insucessos da equipe, Pachequinho fez uma grande temporada, marcando 18 gols em 41 jogos, sendo artilheiro do Campeonato Paranaense. No ano seguinte, uma grande expectativa foi criada em torno do atacante, porém uma grave lesão o deixou novamente fora de ação, tirando-o da maioria das partidas do campeonato brasileiro da série B daquela temporada. No entanto, Pachequinho conseguiu retornar aos campos justamente na reta final do torneio, sendo muito decisivo na partida que selou o acesso a série A. Naquele inesquecível jogo, disputado no Couto Pereira contra o A. Paranaense na noite de 13/12/1995, o Coritiba precisava apenas da vitória simples para finalmente retornar a primeira divisão. O placar já marcava 2 x 0 para o time Coxa Branca, quando aos 28 minutos Pachequinho, eleito o melhor em campo após a partida, recebeu um lançamento primoroso do então menino Alex, invadiu a área adversária na diagonal, e desferiu um potente chute cruzado, sem chances para o goleiro Ricardo Pinto. Após o gol, a torcida Coxa Branca já começou a comemorar o acesso, antes mesmo do apito final do árbitro.
No ano seguinte em 1996, Pachequinho fez a melhor temporada de sua carreira, época em que registrou o maior número de partidas disputadas e gols marcados. Nesta temporada o “Formiga Atômica” assinalou 22 tentos, com direito a um golaço de bicicleta contra o Rio Branco de Paranaguá no Campeonato Paranaense e um belíssimo gol de cobertura na partida contra o Fluminense, pelo Campeonato Brasileiro da série A, ocasião em que mais uma vez Pachequinho deu provas do seu talento e da sua categoria com a bola nos pés.
Ao final do ano de 1996, Pachequinho se despediu do Coritiba, e nos clubes em que passou após terminar sua passagem pelo Alto da Glória não conseguiu performar no mais alto nível, voltando a conviver com lesões que o fizeram se aposentar muito cedo, no ano 2000 com apenas 30 anos.
Em 2002, retornou ao Coritiba onde exerceu funções de técnico das categorias de base, olheiro, e auxiliar técnico. Em 2015 e 2016, assumiu de forma interina o time profissional, sendo efetivado na temporada seguinte em 2017 quando levou o Coritiba a um incontestável título estadual, com direito a uma goleada acachapante de 3 x 0 sobre o A. Paranaense em plena Arena da Baixada.
Pachequinho foi o jogador com mais gols marcados pelo Coritiba na década de 90. Dos 63 tentos, 12 foram anotados em clássicos, provando que se tratava de um atleta que não temia jogos grandes. Para a geração de torcedores que cresceram nessa década, Pachequinho foi sem dúvida uma referência técnica, da qual sempre se esperava lances bonitos, jogadas de habilidade e velocidade, e principalmente muitos gols. Essas características fizeram com que o jogador se tornasse um grande ídolo da torcida Coxa Branca, que nutre por ele até hoje um grande sentimento de admiração, carinho e gratidão pela forma valente, dedicada e honrada com que sempre defendeu as cores do Coritiba.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)