Bola de Couro
Na história do futebol paranaense, a participação da dupla Coritiba e Atlético sempre foi como se ambos estivessem em uma gangorra, com ora um em cima e ora embaixo. Às vezes se intrometiam outros, como o Ferroviário e depois o Paraná Clube, mas no mais das vezes a alternância foi entre a dupla maior.
Esta analogia com a gangorra me ocorreu a partir da coluna do confrade Fernando S. Melo, que, embora algumas veemências compreensíveis pela indignação e o vigor da sua juventude, está coberto de razão na comparação que faz entre a ascensão do Atlético e a decadência do Coritiba nos últimos tempos
Realmente estamos ficando para trás e a gangorra travou nos mantendo na parte de baixo.
Até há alguns anos o Coritiba esteve no alto muito mais vezes do que os rivais, como, por exemplo, de 1968 a 1985, quando foi dez vezes campeão estadual e uma do nacional. Mas a partir dos anos 1990 houve alguma igualdade na alternância (período em que o Paraná ficou mais no alto da gangorra), e agora, a partir do atual milênio, na nossa relação temos oito conquistas estaduais e eles sete ao tempo em que conquistaram um título brasileiro. Temos dois vices campeonatos da Copa do Brasil, mas eles têm um mais valioso, o da Copa Libertadores, e já são pelo menos vice-campeões do Copa Sul-americana, com forte possibilidade de alcançar o título e desigualar em muito a diferença.
Não foi sem razão que o ranking da CBF publicado há poucos dias colocou o rival em 9º lugar dentre os clubes brasileiros e nós em apenas 20º, atrás de clubes como Bahia, Sport, Ponte Preta e América-Mg.
E há também diferença na questão patrimonial. É verdade que o rival alcançou o seu moderno estádio à custa de dinheiro público que parece não querer devolver ao erário, mas isso não deve nos consolar. Embora o nosso estádio tenha sido pago com o dinheiro dos coritibanos, atualmente deve ser no mínimo reconstruído, quando não substituído. Eticamente ou não, o fato é que neste aspecto também eles nos ultrapassaram.
Outro ponto que nos distingue há algum tempo é a liderança diretiva. Sabemos que o denominado dono do Atlético age ditatorialmente, mas o fato é que é ativo e tem tido sucesso. Nós, com uma gestão supostamente democrática, na qual cinco membros atuam, há tempo não temos comandante com características de líder, exceto nas passagens de GG e VRA. A atual direção não desperta no torcedor confiança e se mostrou até agora incompetente, com um presidente que não se expõe à crítica e vices que não se tem conhecimento do que fazem (um desafio, diga, amigo leitor, sem pensar muito, os nomes dos demais integrantes do G5).
Enfim, enquanto o rival cresce e se afirma no alto da gangorra, nós nos mantemos sentados na parte de baixo dela, aos poucos afundando mais como se o solo não fosse o nosso limite.
Triste ler isso? Certamente, mas é realidade e temo muito que venha a se agravar com o grupo que atualmente dirige o clube e que, embora o susto de uma ameaça impeachment, até agora não nos apresentou nenhuma ação que permita acreditar que algo vai mudar para melhor.
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