Bola de Couro
Dentre as tantas preocupações que o atual Coritiba nos traz, duas chamam a atenção: o descompasso entre receita e despesa para 2019 e a difícil qualificação do elenco diante da folha de pagamento programada.
Quanto à primeira, soube que na última reunião do Conselho Deliberativo foi anunciada uma previsão de receita de 47 milhões de reais, o que parece otimista demais e irreal.
A verba da TV, que tem sido a maior fonte de recursos há muitos anos, será reduzida de 35 milhões para 7 ou 8 milhões. Se em 2017 (ainda não temos os dados deste ano), conforme balanço, a arrecadação com a contribuição dos associados foi de pouco mais de 18 milhões de reais e os patrocínios em torno de 7 milhões de reais, a conta não fechará, pois a se repetir a mesma arrecadação, o que será muito difícil em face do desalento que tomou conta da torcida e do abalo na imagem do Coritiba, a soma seria, em perspectiva muito otimista, 32 milhões de reais, valor do qual tem que ser extraído pagamento dos atletas, mais o dos funcionários, os encargos sociais e tributos, e ainda o pagamento de sucessivas dívidas herdadas, sem contar despesas administrativas e de manutenção do estádio. Cabe observar que não contamos nem mesmo com algum atleta diferenciado cuja negociação permita o ingresso de receitas significativas.
E sobre a folha de pagamento do elenco, noticiada como reduzida para 1 milhão de reais mensais, embora o clube não tenha forças para mais do que isso por força do desastre que foi a administração deste ano, que levou à perda significativa de receitas, a perspectiva é extremamente preocupante.
Com um elenco composto por mais de trinta atletas, uma folha de 1 milhão significa média salarial de 30 mil mensais, ou seja, muito abaixo dos padrões do futebol brasileiro, e certamente não poderemos contratar nenhum atleta mais do que minimamente razoável. Como nos últimos tempos não contamos com nenhum descobridor de talentos, muito pelo contrário, a perspectiva de ter um time confiável no próximo ano é muito remota.
Penso que a direção deveria vir a público esclarecer aos torcedores, associados ou não, como equalizará esse conflito entre receita e despesa, esta herdada de gestões anteriores, mas aquela seriamente comprometida pela má gestão deste ano. Sem isso, a torcida não terá confiança e aos poucos irá se afastando, o que só agravará o quadro. Democracia não se exerce somente em eleição, se confirma e consubstancia na prestação de contas aos eleitores.
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Encerro voltando a falar na quase confirmada possibilidade da manutenção do Argel no comando da equipe. Será um erro, não tenho nenhuma dúvida. Argel não é técnico, é mero motivador, atividade que logo se esgota perante os liderados. Tem uma carreira de fracassos, vivendo de rescisões em rescisões (em um ano chegou a atuar em quatro clubes, outros em três, ou vinte e três clubes em dez anos! - veja aqui e aqui) e duvido muito que será no Coritiba que depois de tanto tempo terá sucesso. É mais um fator para indicar que o ano de 2019 não será bom para os sofridos coritibanos. Mas ainda há tempo para reflexão e mudança, desde que a soberba que tem reinado no clube assim não impeça
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